Anemia

Anemia

A anemia é definia pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como a condição na qual o conteúdo de hemoglobina no sangue está abaixo do normal, resultando em uma redução na capacidade de transportar o oxigênio.

Os sintomas mais importantes da anemia são: fadiga, letargia, mal-estar ou tontura, pode ocorrer também dores de cabeça, falta de ar, irritabilidade, queda de cabelo, síndrome das pernas inquietas e unhas quebradiças.

As anemias podem ser agudas ou crônicas e essas adquiridas ou hereditárias:
As agudas ocorrem quando há perda acelerada e expressiva de sangue, o que pode acontecer nos acidentes, cirurgias, etc.

Já as anemias crônicas são provocadas por alguma doença de base, podendo ser:
– Adquirida como as que ocorrem por deficiência nutricional, na gestação, por carência de Vitamina B12 ou Ácido Fólico (anemia megaloblástica) ou a mais comum por deficiência de ferro (anemia ferropriva).

– Hereditárias por alguma alteração genética que modifica e compromete o funcionamento normal das hemoglobinas ou a formação normal das hemácias, como nas Talassemias e anemia falciforme, respectivamente.

Dados recentes do Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (ENANI 2019) apontam que no Brasil prevalências de anemia e anemia ferropriva foram de 10,0% e 3,5%, respectivamente.

Classificação Laboratorial das Anemias
Os índices hematimétricos são parâmetros fornecidos pelo hemograma quando esse exame é realizado em equipamentos automatizados e auxiliam no diagnóstico das diferentes anemias (Quadro 1). A classificação laboratorial das anemias de acordo os resultados do eritograma está representada no Quadro 2.

Volume Corpuscular Médio (VCM), Hemoglobina Corpuscular Média (HCM), Concentração de Hemoglobina Corpuscular Média (CHCM) e Coeficiente de Distribuição das Hemácias (RDW), permitem classificar as anemias decorrentes de diferentes causas em três classes:

– Anemia Normocítica/Normocrômica:
São causadas pela menor produção ou destruição de eritrócitos.
– Anemias por doença crônica: Caracterizada pelo desenvolvimento de anemia em pacientes com doenças crônicas.
– Anemias hemolíticas: Se caracterizam por lise ou destruição dos eritrócitos pelas células do sistema retículo endotelial
presentes no baço, fígado e medula óssea. Podem ser autoimunes ou genéticas.
– Anemia aplástica: Se desenvolve como resultado de danos à medula óssea.

– Anemia Microcítica/Hipocrômica:
Dentre as anemias microcíticas e hipocrômicas destacam-se:
– Anemia Ferropriva: É a mais comum, ocorre geralmente devido a inadequada ingestão, absorção ou pelo aumento da necessidade de Ferro durante o período gestacional ou durante o período de crescimento. Também pode se desenvolver em decorrência do período menstrual, presença de parasitas intestinais e hemorragias.

– Talassemias: A talassemia é uma hemoglobinopatia de caráter genético e hereditário, é uma condição clínica caracterizada pela ausência ou redução da síntese de cadeias globínicas tipo alfa (α) ou tipo beta (β), subunidades que compõe a molécula da hemoglobina.

– Anemia Macrocítica/Normocrômica:
Dentre as anemias macrocíticas a mais frequente é a anemia megaloblástica, uma anemia decorrente da deficiência de vitamina B12 e/ou de ácido fólico e é caracterizada por defeitos na síntese de DNA.

Quadro 1

Quadro 2

 

A Centerlab, comprometida em oferecer o melhor em automação laboratorial, juntamente com a Nihon Kohden, empresa com 40 anos de experiência na fabricação de analisadores hematológicos, apresenta sua linha equipamentos. Máquinas robustas fabricadas em aço inoxidável, de fácil operação pelo usuário, toda linha de equipamentos possui um sistema de filtros e limpeza automática para retenção e remoção de coágulos. Tudo isso além de tecnologias exclusivas da Nihon Khoden trazem maior rapidez, segurança e qualidade no diagnóstico de doenças hematológicas.

Tecnologias Exclusivas Nihon Kohden
A tecnologia ótica ”DynaScatter Laser” (presentes no Celltac ES e Celltac G) analisa e diferencia as células WBC em seu estado “quase-nativo” com muita precisão. O inovador sistema de detecção de espalhamento de laser de 3 ângulos provê uma melhor detecção de WBC realizando uma medição precisa.

 

Tecnologia Nihon

 

A tecnologia chamada “DynaHelix Flow” (presente no Celltac G) alinha perfeitamente as células WBC, RBC e PLT para uma contagem de alta impedância com precisão usando um fluxo hidrodinâmico focado antes de passar pela abertura. Somado a isso, o fluxo contínuo após a contagem previne totalmente contra o risco de a mesma célula ser contada duas vezes (retorno).

Tecnologia Nihon

 

Celltac α
Principais caracteristicas:
– Tecnologia Japonesa;
– Velocidade: 60 amostras/hora;
– Volume de amostra: 30 microL;
– 19 Parâmetros: WBC, RBC, HGB, HCT, MCV, MCH, MCHC, RDW-CV, RDW-SD, PLT, PCT, MPV, PDW;
– Diferencial de Leucócitos em 3 partes (LY, LY%, MO, MO%, e GR, GR%)*;
– Verificação diárias automáticas e livres de manutenção;
– Gerenciamento da utilização dos reagentes;
– Análise em tubo aberto e fechado, eliminando contato com sangue (biosegurança);
– Impressora térmica integrada;
– Utiliza 3 reagentes: Isotonac, Hemolynac-3N e Cleanac (Cleanac 3 apenas para limpeza pesada, 1 vez por semana).
– Remoção automática de coágulos;
– Filtros de retenção de coágulos;
– Compacto, durável, robusto todo em aço inox.

Celtac cx

 

Celltac ES
Principais caracteristicas:
– Tecnologia Japonesa;
– Velocidade: 60 amostras/hora;
– Volume de amostra: 55 microL;
– 25 Parâmetros: WBC, RBC, HGB, HCT, MCV, MCH, MCHC, RDW-CV, RDW-SD, PLT, PCT, MPV, PDW;
– Diferencial de Leucócitos 6 partes: LY, LY%, MO, MO%, NE, NE%, EO, EO%,BA, BA%, IG, IG%
– Verificação diárias automáticas e livres de manutenção.
– Gerenciamento da utilização dos reagentes.
– Análise em tubo aberto e fechado, eliminando contato com sangue (biosegurança);
– Contagem avançada de PLT e WBC para valores baixo automaticamente;
– Impressora térmica integrada
– Utiliza 4 reagentes: Isotonac, Hemolynac-3N, Hemolynac-5 e Cleanac (Cleanac 3 apenas para limpeza pesada, 1 vez por semana).
– Remoção automática de coágulos.
– Filtros de retenção de coágulos.
-Compacto, durável, robusto todo em aço inox.

Celltac ES

Celltac G
Principais caracteristicas:
– Tecnologia Japonesa;
– Velocidade: 90 amostras/hora;
– Volume de amostra: 40 microL;
– 33 Parâmetros: WBC, RBC, HGB, HCT, MCV, MCH, MCHC, RDW-CV, RDW-SD, PLT, PCT, MPV, PDW, P-LCR, PLCC,
Índice Mentzer e RDW-I;
– Diferencial de Leucócitos 7 partes: LY, LY%, MO, MO%, NE, NE%, EO, EO%,BA, BA%, Band, Band%, IG, IG%,
Seg% e Seg.
– Verificação automática e livre de manutenções diárias, extremamente fácil operação.
– Valores de controles adicionados automaticamente por cód. de barras.
– Carregamento continuo de amostras com capacidade para 7 racks de 10 tubos.
– Homogeneização e análise automática das amostras (tubo fechado);
– Gerenciamento e rastreabilidade dos reagentes;
– Utiliza 4 reagentes: Isotonac, Hemolynac-310, Hemolynac-510, Cleanac 710 (Cleanac 810 apenas para limpeza pesada, 1 vez por
semana).
– Remoção automática de coágulos.
– Filtros de retenção de coágulos.
– Compacto, durável, robusto todo em aço inox.

Celtac G

Referências:
– Silva, Andréa Gomides. Prevalência de anemias nos pacientes atendidos pelo LAPAC no período de 2016 a 2017 [manuscrito]. Universidade Federal de Ouro Preto. Escola de Farmácia. Departamento de Farmácia – 2018.
– Abreu, Ronaldo Palhares. Metabolismo da hemoglobina e Classificação das Anemias. Disponível em < https://slideplayer.com.br/slide/9541431/> acesso em 29/03/2022.
– Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Programa Nacional de Suplementação de Ferro : manual de condutas gerais / Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2013.
– Relatório 3 – “Biomarcadores do Estado de Micronutrientes” – Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição

Como limpar o celular para se proteger do coronavírus

Como limpar o celular para se proteger do coronavírus

Como limpar o celular para se proteger do Coronavírus?

Com a pandemia de Coronavírus que vem atingindo o mundo, alguns cuidados têm sido intensificados para evitar a contaminação pelo vírus: uso de álcool em gel, máscaras para evitar o contágio e a restrição de contato com outras pessoas como cumprimentos, por exemplo, foram algumas medidas adotadas para conter os efeitos do COVID-19.

O Coronavírus que pode ser transmitido pelo contato, desde que o vírus esteja naquela superfície. E com tanta preocupação com o contato entre as pessoas, acabamos esquecendo que ele pode estar em outros lugares como maçanetas, barras nos transportes públicos, teclados, celulares e outros locais.

Uma dica para quando você tiver que ir ao mercado, padaria ou farmácia, ao invés de pagar com o cartão de crédito em plástico, em que você precisa inserir na maquininha e digitar a senha, que tal pagar através de um aplicativo, tal como Google Pay ou Apple Pay? Dessa forma basta você aproximar o celular da maquininha, sem a necessidade de contato físico.

Mas depois que chegamos em casa, é que surge a dúvida: Como limpar o celular para se proteger do Coronavírus? Confira as dicas a seguir!

Como limpar o celular para se proteger do Coronavírus?

Para fazer a limpeza de um celular da maneira correta, é importantes ter alguns cuidados. Tenha uma flanela limpa e macia, evitando causar danos na tela ou arranhar outro componente de seu smartphone. Para fazer a higienização adequada aparelhos eletrônicos, o recomendado é utilizar o álcool isopropílico 70%.

Fabricantes como Apple e Samsung recomendam o uso deste componente para desinfectar telas e teclados, pois o álcool isopropílico evita danos por oxidação que outros produtos com água em sua composição possam causar.

Entretanto, você pode usar o álcool em gel ou o álcool etílico para limpar componentes externos, como a capinha do celular por exemplo. Para esse tipo de acessório, os especialistas recomendam a higienização por três vezes ao dia.

Outras dicas importantes para se proteger do Coronavírus

– Utilize comandos de voz 

Na tentativa de diminuir os contatos entre as pessoas, cumprimentos foram reinventados. Ao invés do tradicional aperto de mãos, saudações usando os cotovelos, como mostra na alteração de logo do Mercado Livre, ou até mesmo utilizando os pés são maneiras encontradas.

E para diminuir o toque nas telas de celulares, recorrer a comandos de voz é uma alternativa. Cada vez mais, os assistentes de voz têm evoluído e com respostas mais inteligentes e rápidas, então você pode utilizar dessa funcionalidade para diminuir o contato em superfícies e a chance de contaminação pelo Coronavírus.

– Aplicativos para evitar aglomerações

Uma das facilidades que a tecnologia trouxe foi o crescimento no uso de aplicativos.

E com o cenário de pandemia de Coronavírus, utilizar aplicativos para atividades simples do cotidiano para evitar concentrações é uma forma de blindar-se, principalmente se você estiver em um dos grupos mais vulneráveis.

Produtos ligados à alimentação, medicamentos e outros itens básicos lideram os pedidos nos principais aplicativos.

– Atualização direto de sua casa

Uma outra maneira de usar a tecnologia ao ser favor nesse cenário com o Coronavírus é aproveitar o tempo para estudar a distância, mantendo seu desenvolvimento em constante evolução.

Fonte: comschool

Uso de novas preparações de heparina para eliminar a interferência nas Medições de cálcio ionizado: todos os problemas foram resolvidos?

Uso de novas preparações de heparina para eliminar a interferência nas Medições de cálcio ionizado: todos os problemas foram resolvidos?

Uso de novas preparações de heparina para eliminar a interferência nas Medições de cálcio ionizado: todos os problemas foram resolvidos?

Uma antiga preocupação na medição rápida de cálcio ionizado é a interferência da heparina usada como anticoagulante. Embora o soro possa ser obtido e analisado sem o uso de anticoagulante, a coagulação e a centrifugação aumentam o tempo de resposta e podem apresentar resultados variáveis (1, 2). É necessário pouco heparina (~ 1 UI/mL) para inibir a coagulação. Uma molécula de heparina catalisa a ligação entre muitas moléculas de antitrombina III e trombina, impedindo assim a conversão de fibrinogênio em fibrina.

A “heparina líquida” (isto é, heparina em solução) mistura-se prontamente com o sangue, contudo, o uso de heparina líquida em dispositivos de coleta de sangue está em declínio por vários motivos. Atualmente os equipamentos são desenvolvidos para analisar gases no sangue, eletrólitos, glicose, lactato, magnésio, etc, no sangue total, e a adição de heparina líquida pode causar erros de diluição nesses outros testes. Portanto, o anticoagulante ideal seria o seco, livre de interferências em testes de laboratório, baixo custo e completamente confiável como anticoagulante. Embora a heparina liofilizada não produza uma diluição do sangue, é necessário tempo de exposição ao anticoagulante para que ele se dissolva e se misture completamente com o sangue para inibir a coagulação. Pequenas bolhas de ar retidas, podem impedir o contato da heparina com o sangue e, portanto, a sua dissolução. Consequentemente, quantidades maiores de heparina liofilizada (do que “liquida”) são geralmente usadas em seringas para garantir que heparina suficiente seja dissolvida.

Os sais de heparina tal como sódio ou lítio têm sido usados na forma líquida e liofilizada como substâncias anticoagulantes por muitos anos; no entanto, a ligação de íons de cálcio à heparina pode reduzir artificialmente a concentração de cálcio ionizado em uma quantidade proporcional à concentração de heparina. Por exemplo, 15 UI de heparina de sódio por mililitro de sangue diminui a medição de cálcio ionizado em ~ 0,03 mmol/L; já, 25 UI/ml, reduz o cálcio ionizado em ~ 0,05 mmol/L.

Para minimizar ou eliminar a interferência da heparina nos resultados de cálcio ionizado, muitas preparações de heparina modificadas foram desenvolvidas. Heparinas líquidas tituladas com cálcio foram produzidas pela Radiometer no final da década de 70. Este produto praticamente eliminou qualquer efeito nos resultados de cálcio ionizado em concentrações de 1,0-1,5 mmol/L, mas, fora desse intervalo, aumentou ligeiramente os resultados mais baixos de cálcio ionizado e diminuiu ligeiramente resultados mais altos de cálcio ionizado, ambos em ~ 0,03 mmol/L. Estas alterações são devidas à quantidade relativamente grande de heparina de cálcio presente, que foi projetada para ter um valor normal de cálcio ionizado. Embora essas alterações tenham pouca consequência clínica na maioria das situações, a heparina titulada com cálcio líquido deve ser adicionada manualmente ao dispositivo de coleta de sangue, tornando o produto impraticável para uso rotineiro.

Mais recentemente, a heparina balanceada com cálcio (eletrólito) tornou-se disponível em seringas. Em uma avaliação desse produto (1), Smooth E (Radiometer), mostrou que os resultados de cálcio ionizado estavam dentro de ± 0,02 mmol/L de resultados de sangue total não coagulado com concentrações de cálcio ionizado variando de 0,90 a 1,60 mmol/L. No entanto, como no produto líquido, os valores de cálcio ionizado abaixo desse intervalo aumentaram levemente e os valores acima desse intervalo diminuíram levemente pela presença da heparina. Além disso, os resultados totais de cálcio foram aumentados em uma média de 0,06 mmol/L (1).

Na mesma época, Marquest produziu uma seringa (Gas-Lyte) que continha apenas 2-3 UI de heparina por mililitro. O novo aspecto deste produto foi o fato da heparina ser preparada em um material inerte com duas propriedades importantes: (a) a solução de heparina dissolveu-se rapidamente e presumivelmente foi dispersada por toda a amostra com uma mistura adequada; (b) a solução de heparina pode ser dispersada durante a produção para fornecer uma quantidade precisa de heparina para cada seringa. Os cristais “puros” da heparina de lítio não podem ser dispersados com tanta precisão. Outro produto foi desenvolvido recentemente, com heparina para uso com medições de cálcio ionizado, é a heparina de zinco. A justificativa para o desenvolvimento deste produto é que (a) os íons de zinco, ao se ligarem a locais de ligação de cátions bivalentes na heparina, impedem a ligação por íons de cálcio, (b) as concentrações de cálcio ionizadas baixas e altas não são afetadas, e (c) os resultados totais de cálcio não são afetados. Embora essas condições parecem ser atendidas, a presença de excesso de íons de zinco causa interferência positiva em ambas determinações de cálcio ionizado (3) e nas medições de magnésio total por métodos amplamente utilizados (4).

Como a heparina de lítio reduz o cálcio ionizado e a heparina de zinco aumenta o cálcio ionizado, foi desenvolvida a heparina de zinco e lítio neutralizada com cálcio (CNLZ) (Sherwood Medical Co.). Como mostra Landt et al. (3) nesta edição, este produto praticamente elimina efeitos sobre cálcio ionizado, cálcio total, potássio, sódio, pH, PCo2 e Po2. No meu laboratório, também avaliamos um produto similar da Martell Medical Co. que não influencia o cálcio ionizado (não publicado).

Embora esses produtos de heparina de lítio-zinco ofereçam uma quantidade relativamente alta de heparina sem os problemas encontrados anteriormente, Wilhite et al. (4) relatam (veja a edição do próximo mês) que a heparina pura de zinco interfere no magnésio total plasmático medido por equipamento amplamente usado. Se o sangue coletado em seringas em que ambas contenham lítio e heparina de zinco estará sujeito a interferências significativas com o magnésio. Tais medidas ainda precisam ser determinadas.

Swanson et al. (5) compararam seis métodos de coleta de cálcio ionizado. (e para Na, K e pH). A seringa de Gas- Lyte contendo 2,8 UI/mL de heparina dispersa em uma camada inerte de carga não mostrou viés no cálcio ionizado comparados com amostras coletadas sem heparina.

A concentração muito baixa de heparina dessas seringas deve causar pouca ou nenhuma interferência na maioria dos testes de laboratório, dado o lítio. A heparina a 15 UI/mL é usada há anos em amostras testadas para analitos químicos de rotina. Uma preocupação com este produto é que, em uso rotineiro, a baixa quantidade de heparina pode ser insuficiente para evitar a coagulação em todas as amostras. No entanto, tanto a nossa avaliação (não publicada), como a de Swanson et al. (5), bem como o uso rotineiro em um grande centro médico por mais de dois anos (comunicação pessoal, Donald Forman, Hospital Memorial da Carolina do Norte, Chapei Hill, NC) não indicaram que a coagulação de amostras seja um problema. No entanto, deve-se ter em mente que este produto contém uma propriedade inerte de enchimento que pode potencialmente interferir em outros testes laboratoriais de rotina.

Estão disponíveis pelo menos três tipos de produtos para seringas que contêm novas preparações de heparina que praticamente eliminam a interferência da heparina na medição de cálcio ionizado. Outros anticoagulantes como por exemplo, hirudina recombinante (6), parecem não ter efeito no cálcio ionizado medido. Dado que algumas das preparações de heparina parecem afetar outros testes – por exemplo, cálcio total. (1) e magnésio. (4) – será importante testar esses novos anticoagulantes quanto a seus efeitos em testes químicos de rotina que possam ser solicitados em amostras coletadas principalmente para cálcio ionizado e (ou) medição de gases no sangue. Como atualmente essa combinação de solicitação é relativamente incomum, uma interferência em algumas análises não impede necessariamente o uso do anticoagulante. No entanto, esforços contínuos para minimizar a quantidade de sangue coletado, principalmente em pacientes pediátricos e idosos, podem aumentar a frequência do requerimento para testes adicionais em amostras originalmente coletadas para análises de cálcio ionizado / gases sanguíneos.

Referências:
1. Toff’aletti J, Ernst P, Hunt P, Abrams B. Dry electrolytebalauced heparinized syringes evaluated for determining ionized calei.um and other electrolytes in whole blood. Clin Chem 1991;37: 1730–3.
2. Urban P, Buchmann B, Scheidegger D. Facilitated determinatiou of ionized calei.um. Clin Chem 1985;31:264–6.
3. Landt M, Hortin GL, Smith CH, McClellan A. Scott MG. luterfereDCe in ionized calei.um measurements by heparin salta. Clin Chem 1994;40:566-70.
4. Wilhit.e TR, Smith CH, Landt M. Interference of zinc heparin anticoagulant in plasma magnesium determinatiou. Clin Chem 1994;40: in presa.
5. Swanson JR, Heet.er C, IJrnboeker M, Sullivan M. Bias of ionized calcium result.s for blood gas syringes [Letter]. Clin Chem 1994;40:677-78.
6. Fareecl J, Walenga JM, lyer L, Hoppensteadt D, Pifarre R. An objective perspective on recombinant hirudin: A new anticoagulant and antithrombotic agent. Blood Coag Fibrinolysis 1991;2: 113-20.

Fonte: Boletim Científico – Março/22 (Greiner Bio-One)

Coagulação Intravascular Disseminada x Covid-19 e a Importância dos Testes Laboratoriais de Coagulação

Coagulação Intravascular Disseminada x Covid-19 e a Importância dos Testes Laboratoriais de Coagulação

Atualmente definida como uma síndrome adquirida, a coagulação intravascular disseminada (CIVD) é caracterizada pela ativação difusa da coagulação intravascular, levando à formação e deposição de fibrina na microvasculatura. Tal condição é associada às diversas entidades clínicas como trauma grave, tumores sólidos, neoplasias hematológicas, descolamento de placenta, embolia de líquido amniótico, hemangiomas gigantes, aneurismas de aorta, anemia hemolítica microangiopática, sobretudo infecções que levam à septicemia. Entretanto, numa hemostase normal o equilíbrio entre as proteínas pró-coagulantes e anticoagulantes é o que mantém a fluidez do sangue pelos vasos, incluindo o controle da hemorragia e dissolução de coágulos.

Com efeito, para manter esse equilíbrio existem 13 tipos diferentes de fatores de coagulação e os seus nomes são expressos em algarismos romanos (figura 1). Assim, existe desde o Fator I até o Fator XIII. Esses fatores são ativados, por exemplo, quando ocorre o rompimento do vaso sanguíneo, onde a ativação do primeiro leva à ativação do seguinte até que ocorra a formação do coágulo pela ação dos 13 fatores. A ativação descontrolada do sistema de coagulação não resulta apenas em trombose, mas também em inflamação e proliferação celular, mediadas principalmente pela ação da trombina. Desta forma, estabelece-se uma alça de retroalimentação positiva que se não controlada pode progredir promovendo lesão vascular, falência de múltiplos órgãos e morte.

hemostasia secundária

Figura 1: Esquema da cascata de coagulação com divisão do sistema em duas vias (intríseca e extrínseca).

Diante da pandemia de coronavírus, diversos aspectos vêm sendo estudados na tentativa de conhecer melhor a doença e, dessa forma, reduzir o número e a gravidade dos indivíduos infectados. A literatura vigente descreve que a forma grave daCOVID-19 é frequentemente complicada com coagulopatia. Dentro desse contexto, a CIVD é relatada em grande parte dos óbitos. Em torno do 7º ao 12º dia dos sintomas transcorrem as complicações. A manifestação grave da infecção é marcada por uma resposta inflamatória imunológica acentuada, caracterizada pela presença de monócitos, linfócitos, neutrófilos e macrófagos. Em trabalhos já publicados, análises histológicas foram evidenciadas dano alveolar difuso, infiltrado inflamatório intersticial mononuclear com trombose em microcirculação e formação de membrana hialina. Essa resposta se dá pelo os altos índices de citocinas pró-inflamatórias no sistema circulatório, como IFN-γ, IL 1 e 6 e TNF-α, formando o conceito de tempestade de citocinas. Também, injúrias fora do âmbito do aparelho respiratório, bem como trombose podem acontecer sem que haja assiduidade local confirmada do vírus, admitindo que a infecção pelo SARS-CoV-2 compreenda uma severa resposta inflamatória, com estado de hipercoagulabilidade. Pacientes com infecção e que consequentemente desenvolvem resposta inflamatória sistêmica podem evoluírem com lesão
endotelial e consecutivo aumento na geração de trombina e diminuição da fibrinólise endógena. Pode-se assim denominar o estado pró-trombótico de Coagulopatia Induzida pela Sepse (SIC) que antecede a CIVD. A fisiologia que rege a SIC finaliza em uma condição próhemostática. Indivíduos que são acometidos por infecções virais estão sujeitos a evoluir para sepse associada à disfunção orgânica. A sepse está bem especificada como um dos fatores causais mais comuns da CIVD, que se desenvolve com a liberação de citocinas próinflamatórias, como fator de Von Willebrand e expressão do fator tecidual, que ativam monócitos e células endoteliais. A trombina circulante, não impedida pela via fisiológica anticoagulante, pode ativar as plaquetas e incitar a fibrinólise apontando para um estado hipercoagulável em pacientes diagnosticados com infecção, como na COVID-19. Ademais, o estado de hipóxia gerado na forma grave da patologia pode estimular a trombose, pelo aumento da viscosidade sanguínea e por uma via de sinalização dependente do fator de transcrição provocado por hipóxia. Estudos mostram relação cruzada entre inflamação e coagulação, sendo a inflamação responsável por provocar a ativação da coagulação. Contudo, fora do estado patológico, há um controle da ativação da  coagulação por três vias anticoagulantes: sistema ativado da proteína C, inibidor da via do fator tecidual e o sistema antitrombina. No entanto, essas vias fisiológicas sofrem alterações na sepse.

doença de base

 

Testes Laboratoriais de Coagulação
Não é de hoje que os testes laboratoriais possuem grande relevância no diagnóstico dos pacientes em diferentes situações clínicas. Sabe-se que, de um tempo para cá, os testes de hemostasia tornaram-se ponto crucial no processo, já que os seus números influenciam diretamente nas decisões clínicas. É fundamental para um diagnóstico e acompanhamento eficaz do paciente, que os diferentes processos da análise disponham de qualidade. Isso inclui o desempenho dos equipamentos laboratoriais e, principalmente, a qualidade dos reagentes utilizados para a realização dos exames. Logo, para monitorização de tratamentos com anticoagulantes.

Os testes deTP e TTPA são considerados testes de triagem da coagulação. É importante conhecer a sensibilidade destes testes na identificação da deficiência de diferentes fatores da coagulação. Um teste com pouca sensibilidade, ou seja, incapaz de identificar anormalidades pode gerar resultados inadequados que prejudicam a investigação das coagulopatias. A sensibilidade de um determinado reagente pode ser especifica para uso em um determinado equipamento ou para uso combinado com outros reagentes.

Tempo de Tromboplastina – TP
Os reagentes utilizados (tromboplastinas) inicialmente eram produzidos a partir de um tecido humano, e foram posteriormente sendo substituídos por reagentes de tecido animal, o que gerou enorme variação intra e interlaboratorial, ou seja, a sensibilidade dos reagentes variava de acordo com a origem da tromboplastina. Fato que ocasionou sérios problemas para os pacientes, visto que os resultados obtidos por laboratórios que utilizavam reagentes menos sensíveis, ocasionavam erroneamente em uso de doses mais altas de anticoagulantes. A origem da tromboplastina interfere na sua sensibilidade, por isso os resultados de um TP do mesmo paciente na mesma amostra podem variar de um laboratório para outro. Diante deste problema foi instituído pela Organização Mundial de Saúde (OMS) a RNI (Relação Normatizada Internacional), que expressa à uniformização dos resultados, pois leva em consideração a sensibilidade do reagente utilizado. Os fabricantes dos reagentes foram orientados a comparar as tromboplastinas produzidas com a tromboplastina de referência mundial da OMS, através da construção de uma curva de calibração, onde será verificada a atividade enzimática a partir da diluição seriada de um plasma calibrador, e calcular o Índice de Sensibilidade Internacional (ISI), diminuindo assim, as discrepâncias entre os resultados do tempo de protrombina, dando mais confiabilidade ao teste.

O TP é mais sensível á deficiência do fator VII e tem menor sensibilidade aos fatores da via comum e para deficiência de fibrinogênio. Atualmente, fator tecidual recombinante vem sendo cada vez mais utilizado, e o TP mensurado com essa tromboplastina parece ser mais confiável na identificação de variantes de deficiência de fator VII. Um exemplo de reagentes mundialmente reconhecidos por sua credibilidade e confiança são os da Instrumentation Laboratory®, integrante do grupo Werfen® desde 1991. Focado em inovação e melhorias constantes para testes de diagnóstico in vitro, o grupo Werfen® desenvolve, fabrica e distribui
reagentes da linha de hemostasia e dentre os principais testes da rotina de coagulação, pode-se elencar os reagentes de ponta desenvolvidos pelo fabricante, Recombiplastin2G, utilizado para a determinação quantitativa de TP – Tempo de Protrombina, que tem como grande diferencial a sua constituição ser derivado de fator tecidual humano através de tecnologia recombinante, O processo melhorado de produção utilizado para este reagente, assegura uma excelente uniformidade lote a lote e um desempenho superior em relação às tromboplastinas derivadas de fontes naturais. Devido a esta elevada sensibilidade a deficiência de fatores, comparável às Preparações Internacionais de Referência, é especialmente adequado para a monitorização da Terapêutica Anticoagulante Oral. Sua apresentação é liofilizada, de fácil reconstituição pelo operador e sua estabilidade após o preparo é excelente evitando o desperdício do reagente. Seu ISI (índice de padronização internacional) de 1,00 é um dos melhores valores encontrados no mercado. Além disso, o portifólio contempla com o TP-Fibrinogénio HS PLUS que é um extracto liofilizado de cérebro de coelho com uma concentração óptima de ions de cálcio. Devido a um processo de fabrico especial e meticuloso foi possível obter uma alta sensibilidade em relação aos factores II, V, VII e X, dando resultados comparáveis com o Padrão de Referência Internacional. A alta sensibilidade analítica faz com que este reagente seja particularmente apropiado também para a monitorização da terapêutica anticoagulante.

Tempo de Tromboplastina Parcial Ativada – TTPa
O reagente mais moderno e utilizado em grandes centros laboratoriais é o HemosiL APTT-SP. Este é derivado de tecnologia de fosfolipídios sintéticos, contendo como ativador as partículas de sílica micronizada. Essa tecnologia garante uma maior reprodutibilidade, estabilidade e sensibilidade frente a outros reagentes de TTPa, dentre eles, o HemosiL SynthASil e o HemosiL SynthAFax, proporcionando resultados mais precisos perante o déficit de Factor XII, XI, X, IX, VIII, V, II, ou Fibrinogénio, doenças hepáticas, défice de Vitamina K, presença de heparina, anticoagulante lúpico ou outros inibidores. Possui apresentação líquida e pronta para uso, o que também impacta positivamente no resultado dos testes.

D-Dímero
Atualmente, outro ensaio que tem se destacado no mercado é o teste de D-dímero que é utilizado para avaliação de pacientes com COVID 19. A IL possui diferentes apresentações deste insumo, para atender a necessidade de cada laboratório. As duas mais conhecidas e aplicadas são: D-dimer 500 e D-dimer HS500. A diferença entre eles é o modo de preparo, já que um está pronto para uso e o outro necessita ser reconstituído. Ambos os kits são para a determinação quantitativa do D-dímero no plasma humano, com uma ótima linearidade e sensibilidade, cut-off validado de 500ng/mL e resultados liberados em menos de 5 minutos nos sistemas IL.

Com 40 anos dedicados ao mercado de diagnósticos laboratoriais, a Centerlab® em parceria com o grupo Werfen® oferecem as linhas de reagentes de hemostasia, Hemosil Recombiplastin2G e APTT-SP, além dos sistemas ACL ELITE PRO Family e ACL TOP Family Série 50 com gerenciamento de automação e qualidade mais avançado em testes de hemostase. Ideal para testes de hemostasia de rotina e especialidade, incluindo ensaios de coagulação, cromogênicos e imunológicos em laboratórios clínicos de médio a alto volume.

 

Tromboplastina Cefalina

 

ACL Elite pro ACL TOP 700

 

ACL TOP 500 ACL TOP 300

 

Referências:

-https://newslab.com.br/a-j-r-ehlke-em-parceria-com-a-werfen-aposta-na-tecnologia-de-ponta-a-favor-da-confiabilidade-no-diagnostico-em-hemostasia/
– https://www.centerlab.com/blog/Centernews_107/
– https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_diagnostico_laboratorial_coagulopatias_plaquetopatias.pdf
– http://editora.universidadedevassouras.edu.br/index.php/RS/article/view/2330
– https://editoraime.com.br/revistas/index.php/rems/article/view/623

Minas tem 180 casos prováveis de dengue por dia em 2020

Minas tem 180 casos prováveis de dengue por dia em 2020

Dado mais que dobrou em relação ao boletim anterior. Estatística soma os diagnósticos suspeitos aos confirmados.

A Secretaria de Estado de Saúde (SES) divulgou novo boletim da dengue na última terça-feira (28) e mais uma vez os números da doença aumentaram significativamente em Minas Gerais na comparação com o levantamento anterior. Os casos prováveis, por exemplo, mais que dobraram e sofreram um salto de 2.246 para 4.671 – o que dá uma média de 180 diagnósticos suspeitos e confirmados por dia nos 853 municípios.

As mortes investigadas também aumentaram de três para quatro, devido a uma nova suspeita em Iturama, no Triângulo mineiro. As outras três mortes pela dengue ainda investigadas em Minas Gerais neste ano estão distribuídas em Medina (Vale do Jequitinhonha), Além Paraíba (Zona da Mata) e Campo Belo (Centro-Oeste).

Vale lembrar que nem todos os diagnósticos prováveis e mortes sob suspeição aconteceram no período de sete dias, mas sim que eles passaram a fazer parte do levantamento nesse intervalo de tempo.

Ao mesmo tempo, 11 cidades tem incidência muito alta da doença, isto é, mais de 500 casos por 100 mil habitantes. Dessas, apenas Campo Belo, no Centro-Oeste mineiro, não estava na lista da semana passada.

As outras são em incidência muito alta são Josenópolis (Norte), Bandeira (Vale do Jequitinhonha), Inhaúma (Central), Tocantins (Zona da Mata), São Pedro dos Ferros (Zona da Mata), São José da Varginha (Central), Tumiritinga (Vale do Rio Doce), Rodeiro (Zona da Mata), Pingo d’Água (Vale do Rio Doce) e Leme do Prado (Vale do Jequitinhonha).

Há, ainda, três cidades com incidência alta, 23 em média, 272 em baixa e 544 sem registro de caso provável.

 Quadros graves e alarmantes

Outra informação trazida pelo levantamento da Saúde estadual diz respeito aos casos de dengue classificados como graves e como alarmantes em Minas Gerais.

Turmalina e Medina, ambas no Vale do Jequitinhonha, e Iturama, no Triângulo, abrigam os três pacientes com quadros clínicos graves.

Enquanto isso, sintomas alarmantes aparecem em 14 moradores do estado. Cinco deles, inclusive, vivem na Grande BH: quatro na capital mineira e outro em Nova Lima. Uberlândia e Uberaba, no Triângulo mineiro, são outras grandes cidades moradores nesta situação – dois e um, respectivamente.

No ano passado, Minas Gerais enfrentou uma epidemia da doença transmitida pelo Aedes aegypti. Foram 482.556 casos, o que deu mais de 50 diagnósticos por hora no estado – a segunda maior quantidade da década, perdendo apenas para 2016. Quanto aos óbitos, em 2019 foram confirmados 173 e 98 permanecem em investigação.

”Salto” na febre chikungunya

O aumento substancial de casos prováveis não fica restrito à dengue. Na semana passada, a Saúde estadual informou que 44 pessoas tinham casos prováveis da febre chikungunya, também transmitida pelo mosquito Aedes aegypti. No levantamento desta semana, o quadro subiu para 82, sendo um em gestante. Não houve mortes.

Outra enfermidade ligada ao inseto é o zika vírus. E, novamente, salto nos casos prováveis, que saíram de 11 para 34. São, até o momento, 11 casos prováveis da doença em Minas Gerais, sendo três em gestantes. No ano passado, foram 702.

Fonte: Eco Diagnóstica

VHS

VHS

Desde a Grécia Antiga, há mais de 2.000 anos, foi observada a relação entre a sedimentação das células vermelhas e o fibrinogênio. Para os gregos, a taxa de sedimentação eritrocitária era uma maneira de detectar certos “maus humores orgânicos”. Posteriormente, no início deste século, o teste da velocidade de sedimentação das hemácias (VHS) foi idealizado para auxiliar no diagnóstico da gravidez, sendo posteriormente empregado como indicador de doenças inflamatórias ou infecciosas e até mesmo da condição geral de saúde ou doença.

A padronização desta técnica foi feita em 1920 por Westergren, considerada como padrão-ouro, e foi recomendada pelo Internacional Comitee for Standardization in Hematology de 1973 e referenciado no último conselho internacional de padronização em Hematologia em 1993.

A metodologia proposta por Westergren consiste em colocar o sangue venoso anticoagulado com citrato de sódio a 3,8% (relação 4:1) em um tubo de vidro graduado, 200 mm de comprimento e 2,5mm de diâmetro interno. O tubo é preenchido até a marca zero e deixado na posição vertical por uma hora. A VHS expressa em mm/h será à distância do menisco até o topo da coluna de eritrócitos.

Vários interferentes podem afetar o resultado da VHS como a quantidade e o tipo de anticoagulante usado, produzindo tanto resultados falsamente elevados como falsamente diminuídos, levando à dificuldade interpretativa deste exame. A fundamentação do procedimento se baseia no fato de que a sedimentação eritrocitária depende da agregação das hemácias e da formação de rouleaux. Os eritrócitos possuem carga eletronegativa, por isso repelem-se uns aosoutros, impedindo, durante certo tempo, a agregação e a queda consequente do agregado. Várias proteínas de fase aguda se encontram suspensas no plasma, construindo os coloides eletropositivos, sobretudo o fibrinogênio e globulinas. O aumento da concentração dessas frações proteicas neutraliza as cargas elétricas das membranas dos eritrócitos, rompendo o equilíbrio e assim o agregado globular se deposita. Por esta razão o fenômeno, da formação dos agregados globulares, ocorre paralelamente ao da eritrossedimentação e todas as causas que favorecem, auxiliam igualmente o outro. Baseando-se em tais fatos presume-se que qualquer componente do plasma que afete direta ou indiretamente o grau de agregação dos eritrócitos altera a VHS.

Pode-se citar, por exemplo, que a resposta inflamatória ao dano tecidual inclui alterações na concentração de proteínas plasmáticas, especialmente aumento de fibrinogênio proteína amiloide (SAA) e proteína C-reativa (PCR) e baixa da albumina. Essas alterações ocorrem em inflamações agudas, fases ativas de inflamações crônicas e como consequência de trauma espera-se, nesta situação, um aumento da VHS. É útil na avaliação da resposta ao tratamento de doenças como artrite temporal, polimialgia reumática, febre reumática, artrite reumatoide, Lúpus Eritematoso Sistêmico, tuberculose e endocardite. Entretanto, a presença de VHS normal não exclui doença ativa.

Em processos agudos, pode levar dias para ter valores elevados e estes permanecem por algumas semanas após resolução. Os valores normais aumentam com a idade e inúmeros outros fatores, como gravidez e anemias.Elevações leves a moderadas devem ser interpretadas com cautela nestas situações. Valores muito elevados podem serencontrados em indivíduos com neoplasia maligna, linfoma, carcinoma de colo e mama, doenças hematológicas, doenças do colágeno, doenças renais, infecções graves, cirrose, artrite de grandes células ou polimialgia reumática.

Valores de referência
Os valores de referência da VHS, de acordo com sexo e idade, atualmente utilizados estão listados na Tabela 1.

 

Tabela 1

 

Fatores que influenciam a VHS
Na Tabela 2 estão relacionados fatores capazes de influenciar a VHS. Alguns erros analíticos podem acelerar aVHS levando a resultados falso-positivos. A inclinação do tubo provoca uma separação do plasma e das hemácias, o que promove a formação de rouleaux e aumento da sedimentação. Uma inclinação de apenas 3º pode provocar aumento de até 30% na VHS. Outros fatores, como uma concentração de anticoagulante maior que a recomendada e temperatura ambiente elevada (>25ºC), também aumentam a VHS. O uso de medicamentos, especialmente heparina e contraceptivos orais, é, também, capaz de aumentar a VHS.

Os valores da VHS são mais altos no sexo feminino, o que pode ser explicado, em parte, pelos valores de hematócrito mais baixos nas mulheres e por diferenças hormonais. Há um aumento de VHS de cerca de 0,85mm/h a cada cinco anos de acréscimo na idade. Esta elevação pode estar relacionada ao aumento do fibrinogênio com o avançar da idade. Por outro lado pode ser decorrente da maior prevalência de doenças ocultas em pacientes idosos. Por este motivo, alguns autores recomendam que não se devem utilizar valores de referência maiores para esta faixa etária.

Tabela 2

 

O aumento da VHS na gravidez parece estar relacionado ao aumento do fibrinogênio e à maior prevalência de anemia durante este período. Recentemente, foram sugeridos valores de referência para a VHS em grávidas saudáveis de acordo com o período gestacional e a presença, ou não, de anemia (Tabela 3).

Tabela 3

 

Dentre as condições que aumentam a VHS estão processos de diferentes causas, como doenças malignas, infecções de qualquer natureza, doenças inflamatórias, e várias outras listadas na Tabela 2. A grande variedade de doenças que alteram a VHS em diferentes níveis demonstra o quanto este exame é inespecífico. Na anemia, a sedimentação das hemácias fica facilitada pela redução do número de hemácias em relação ao volume de plasma. Desta forma, em condições associadas à anemia moderada ou grave, a VHS apresenta utilidade bastante limitada.

Vários fatores são capazes de diminuir a VHS (Tabela 2). Dentre os erros analíticos que podem reduzir a VHS levando a resultados falso-negativos, destacam-se a temperatura ambiente mais baixa que a recomendada (<20ºC) e o atraso na realização do teste. O uso de medicamentos como antiinflamatórios não hormonais em altas doses e corticosteróides também diminui a VHS. Este fato tem maior relevância quando o teste é utilizado para verificar a atividade de doenças inflamatórias do tecido conjuntivo, nas quais estes medicamentos são usados com freqüência. O aumento do hematócrito, como na policitemia, dificulta a sedimentação das hemácias. A presença de hemácias falciformes, na drepanocitose, impede a formação de rouleaux. Em ambos os casos, a VHS estará diminuída. A hipofibrinogenemia hereditária primária e a coagulação intravascular disseminada estão entre as enfermidades que reduzem a VHS devido à redução do fibrinogênio. No entanto, valores baixos de VHS apresentam pouco ou nenhum valor diagnóstico.

A Centerlab comercializa o Sistema VSG Aberto Vacuette:
O sistema consiste em tubos VSG (velocidade de sedimentação globular) contém uma solução tamponada de citrato trissódico 3,2% (0.109 mol/L), na proporção de 1 parte de solução de citrato para 4 partes de sangue; Pipeta graduada com adaptador de borracha e Estante VSG sem escala.

Portanto a metodologia utilizada pela Greiner é a Westergren (tradicional), a qual foi padronizada há muitos anos e possui valores de referência específicos.

Tubo Vacuette

 

Referências:
– MERISIO,P.R.; ALFF, F. A. Comparativo das técnicas do exame de velocidade de hemossedimentação (VHS) descrita por Westergren com citrato e a usual com EDTA, NewsLab, ed 120, p. 76-81, 2013. BUCK, A.; VELASQUEZ, P. G.; DÜSMAN, E. Análise comparativa das diferentes diluições para avaliação da velocidade de hemossedimentação-vhs. Arq. Ciênc. Saúde UNIPAR, Umuarama, v. 15, n. 3, p. 213-218, set./dez. 201
– HACHEM, R. H. et al. Velocidade de hemossedimentação (VHS) sem diluição: metodologia confiável? Visão Acadêmica, Curitiba, v.11, n.2, Jul. – Dez./2010.
– COLLARES,G.B.; VIDIGAL,P.G. Recomendações para o uso da velocidade de hemossedimentação. Rev Med Minas Gerais 2004;14(1):52-7.
– Instruções de uso Tubos de VSG para coleta de sangue Vacuette – Greiner bio-one.

Parâmetros para Diferenciação da Anemia Ferropriva e Talassemia em casos de anemia microcítica

Parâmetros para Diferenciação da Anemia Ferropriva e Talassemia em casos de anemia microcítica

Parâmetros para diferenciação da anemia ferropriva
e talassemia em casos de anemia microcítica

O diagnóstico diferencial das anemias microcíticas é complexo e a sua investigação laboratorial tem um custo. O uso de índices para racionalizar a abordagem diagnóstica tem sido proposto para contornar essa problemática.

Para auxiliar na identificação da causa da anemia microcítica, foi descrito em 1973 por William C. Mentzer, o Índice de Mentzer, sendo útil na diferenciação da anemia ferropriva de beta-talassemia. O índice é gerado a partir dos resultados de um hemograma, sendo utilizados os parâmetros:

– VCM – Volume corpuscular médio (em fL);
– RBC – Contagem global de eritrócitos (RBC, em milhões por microlitro).

 

Foto 1

 

Existe um valor de corte para o Índice de Mentzer, sendo que valores abaixo destes são sugestivos para beta talassemia e acima anemia ferropriva. Para entender a utilização deste índice o princípio é o seguinte:

Na deficiência de ferro, a produção de eritrócitos na medula está diminuída. Estes eritrócitos por sua vez são pequenos (microcíticos), de modo que a contagem de ambos parâmetros serão baixos e como resultado, o índice será maior do que o valor de corte. Por outro lado, nos casos de talassemias, a anemia microcítica é resultante de um erro na síntese de cadeias globínicas com consequente diminuição da hemoglobina, sendo a produção dos eritrócitos em quantidade normal mas são mais frágeis e menores com volume corpuscular médio baixo (microcítica), de modo que o índice será menor que o valor de corte.

Além do Índice de Mentzer, o equipamento Celltac G (MEK-9100) da Nihon Kohden tem um parâmetro adicional, o RDWI. Este parâmetro é utilizado em conjunto com o Índice de Mentzer e aumenta significativamente a sensibilidade e especificidade na diferenciação da anemia ferropriva e beta talassemia e consequentemente o diagnóstico final.

foto 2

Estes índices são muito úteis na orientação ao médico e sem custo adicional. Dessa forma, direciona ao melhor diagnóstico e a melhor tratativa por parte da equipe médica.

 

Tabela 1Valor de corte dos Índices referenciados

 

Análise de Talassemias Com Celltac ES
Talassemia, também denominada como Anemia do Mediterrâneo devido a maioria dos casos descobertos inicialmente serem habitantes próximos ao Mar do Mediterrâneo, é um tipo de hemoglobinopatia quantitativa, hereditária, decorrentes de mutações nos genes das globinas que promovem redução ou ausência de síntese de uma ou mais das cadeias de globina, formadoras da hemoglobina. O resultado dessas alterações moleculares ocasiona desequilíbrio na produção das cadeias tendo como maior consequência a eritropoese ineficaz.

A Talassemia é classificada como anemia hipocrômica microcítica, tendo essa característica muito similar à anemia ferropriva, sendo que esta última é um estado, no qual há redução da quantidade total de ferro corporal e o fornecimento de ferro é insuficiente para atingir as necessidades de diferentes tecidos, incluindo, principalmente, as necessidades para a formação de hemoglobina e dos glóbulos vermelhos.

Devido a essa similaridade, especialmente no hemograma, há a necessidade de uma rápida identificação diagnóstica, pois isso auxiliará o médico no melhor manejo do paciente. Assim como todos os analisadores hematológicos da Nihon Kohden, o Celltac ES (MEK-7300) possui o parâmetro RDW-SD, um parâmetro eficaz que aliado ao uso de duas agulhas distribui a amostra em suas respectivas câmaras, reduzindo o arraste – Carry Over-, e tornando seus resultados mais precisos. Verificamos a eficácia do parâmetro RDW-SD do Celltac ES (MEK-7300) como um parâmetro potencial para identificação de anemia, comparando contagens de células sanguíneas relacionadas com RBC e histogramas para talassemia e anemia ferropriva. Então, encontramos diferença significativa no RDW-SD de pacientes com talassemia e anemia ferropriva enquanto o RDW-CV e histogramas não mostram diferenças significativas.

 

MEK 7300

 

Para o rastreio de talassemia, o RDW-SD do Celltac ES (MEK-7300) efetivamente fornece dados eficazes para um diagnóstico preciso do médico, como mostrado na imagem:

 

Tabela 2

Observa-se a diferença dos histogramas relacionado ao valor do RDW-SD para as diferenciações das duas anemias.

Referências:
– https://www.nihonkohden.com/

– https://br.nihonkohden.com/pt-br/innovativetechnologies/dynascatter_laser/three_new_improvements_in_dynascatter_laser.html

– https://br.nihonkohden.com/pt-br/products/invitrodiagnostics/invitrodiagnostics/automatedbloodcellcounters/mek7300.html

Infecções sexualmente transmissíveis são problemas de saúde pública no mundo

Infecções sexualmente transmissíveis são problemas de saúde pública no mundo

Infecções sexualmente transmissíveis são problemas de saúde pública no mundo

Depois do surto de peste bubônica, episódio conhecido como Peste Negra, que matou um a cada três habitantes do continente europeu entre os anos de 1347 e 1351, o aparecimento de casos de uma nova e misteriosa doença, em 1495, durante a invasão de Nápoles pelas tropas do rei francês Carlos VIII, gerou um nível de preocupação e medo similar ao experimentado no século XX, quando foi descoberto o HIV. 

A Europa estava em franco processo de desenvolvimento e a mudança de hábitos – inclusive sexuais – gerou consequências, já que a transmissão era por meio do ato sexual e velocidade de contaminação espantosa. Em pouco tempo, o “mal”, que recebeu o nome de sífilis, espalhou-se pelos países e passou a “habitar” bordéis, castelos e até monastérios.

Nesse contexto, a bactéria causadora – Treponema pallidum – só foi identificada em 1905 e o primeiro tratamento efetivo foi descoberto em 1910. A cura, por sua vez, só veio em 1945 com a penicilina.

IST

No aparecimento da sífilis, a doença foi chamada de venérea pela forma de contato. O nome dado por um médico francês é uma referência à deusa romana do amor Vênus. No século XX, esse conjunto de problemas de saúde foi chamado de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e, no Brasil, atualmente, são as Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST). Independentemente do nome, até hoje, elas são um problema de saúde pública de âmbito mundial e também no Brasil, onde o comportamento de risco aumentou o número pessoas infectadas em 2018.

Sabe-se que, além de bactérias, esses males também são causados por vírus e outros microrganismos e que, da sífilis, a lista de tipos aumentou consideravelmente desde a primeira referência, no século XV, e nos dias de hoje inclui herpes genital, gonorreia, tricomoníase, infecção pelo HIV, infecção pelo Papilomavírus Humano (HPV), hepatites virais B e C, infecção pelo vírus linfotrópico de células T humanas (HTLV).

O que não mudou nessa história toda foi a forma de contágio: pelo contato sexual (oral, vaginal e anal) sem uso de camisinha masculina ou feminina, por meio de uma pessoa infectada. A transmissão também pode ocorrer de forma vertical para a criança durante a gestação, no parto ou durante o período de amamentação quando medidas de prevenção previstas não são realizadas.

Além da prevenção, o que pressupõe a mudança de conduta sexual no que se refere ao uso de preservativos e a uma maior atenção a procedimentos como o exame do pré-natal, apenas o diagnóstico e o tratamento efetivo podem melhorar a qualidade de vida do paciente, interromper a cadeia de transmissão e evitar problemas de impacto coletivo, como aumento dos índices de infertilidade, complicações durante a gravidez e o parto e a contaminação congênita de mãe/pai para filho.

No Brasil, as bases para prevenção, diagnóstico e tratamento das IST`s estão bem estabelecidas. O modelo de vigilância epidemiológica é composto por notificação compulsória, serviços sentinela e estudos transversais em determinados grupos populacionais. Além da AIDS, provocada pelo vírus HIV, também são acompanhados os casos de HIV em gestantes, hepatites virais, sífilis em gestantes e adquirida e, ainda, síndrome do corrimento uretral masculino. Em todo território nacional, a notificação compulsória da sífilis congênita, da sífilis em gestantes e da sífilis adquirida teve início em 1986, 2005 e 2010, respectivamente.

Diagnóstico de IST

Cada IST tem o seu sintoma específico. De forma geral, essas infecções se manifestam por meio de feridas, corrimentos e verrugas anogenitais que podem ser acompanhadas por dor pélvica, ardência ao urinar, lesões de pele e aparecimento ou aumento de ínguas. Predominantemente, os sinais característicos aparecem no órgão sexual (masculino ou feminino), mas podem se manifestar em outras partes do corpo também, como palma das mãos, olhos e língua.

Para identificar uma IST no estágio inicial é preciso que o indivíduo observe o próprio corpo durante a higiene pessoal. Quando houver alterações, é recomendado procurar o serviço de saúde, independentemente de quanto tenha ocorrido a última relação sexual e, quando indicado, avisar a parceria para que também procure atendimento médico.

Fonte: Celer

Microbiologia de Alimento: Doenças Transmitidas por Alimentos (DTAs)

Microbiologia de Alimento: Doenças Transmitidas por Alimentos (DTAs)

Microbiologia de Alimento: Doenças Transmitidas por Alimentos (DTAs)

A microbiologia de alimentos é uma área da microbiologia que estuda a interação entre os microrganismos e os produtos alimentícios. Essa interação pode ser benéfica, quando a ação dos microrganismos sobre o alimento o transforma em um novo produto, muitas vezes, deixando-o com mais sabor e/ou maior poder nutricional. No entanto, essa relação também pode ser negativa, onde os microrganismos presentes no alimento apresentam uma ameaça para o consumo seguro do produto.

Um alimento seguro é aquele que não contém agentes ou substâncias nocivas em quantidades que possam causar agravos à saúde ou dano ao consumidor. Esses agentes e substâncias são conhecidos como perigos ou contaminantes (de origem biológica, química ou física) e podem ser prevenidos ou reduzidos por meio de cuidados e regras a serem adotadas durante todas as etapas do preparo e manipulação dos alimentos.

Perigos biológicos são microrganismos vivos que estão presentes nos alimentos e podem causar doenças. Dentre esses, bactérias, vírus, fungos e alguns parasitas que, na maioria das vezes, não podemos ver a olho nu e são as principais causas de doenças transmitidas por alimentos (DTAs).

Doenças Transmitidas por Alimentos (DTAs)

São causadas pela ingestão de alimentos ou água contaminados por microrganismos patogênicos, substâncias químicas ou por toxinas.

Segundo o órgão de saúde americano CDC, há mais de 250 tipos de DTA. No Brasil, segundo a Anvisa, o perfil epidemiológico das DTAs não é bem conhecido, muito pela deficiência dos órgãos de vigilância e a falta de dados médicos.

A manifestação de uma DTA pode ocorrer em uma das seguintes formas:

  1. Toxinfecção, resulta da ingestão de alimentos contaminados com microrganismos patogênicos que produzem ou liberam toxinas após ingeridos.
  2. Infecção, decorrente da ingestão e posterior multiplicação do patógeno no intestino, com invasão da mucosa ou penetração de tecidos.
  3. Intoxicação, causada pela ingestão de toxinas microbianas produzidas durante sua proliferação nos alimentos.

As bactérias constituem o grupo microbiano com a maior incidência nas DTAs, pois apresentam ampla diversidade e virulência, o que lhes confere grande importância frente à sua capacidade de provocar danos à saúde.

As boas práticas são procedimentos que devem ser adotados por indústrias e serviços de alimentação para garantir a qualidade higiênico-sanitária, prevenindo a ocorrência de tais doenças.

No Brasil, desde 2004 essas regras estão definidas por regulamentos federais, a RDC 216 e RDC 331, e a IN 60 da Anvisa.

Microbiologia de alimentos

A microbiologia dos alimentos é uma ciência responsável por estudar a relação dos microrganismos com os alimentos. Por isso, é de extrema importância, já que possibilitou a existência de uma série de processos importantes pelos quais os alimentos passam hoje, que dentre outros fatores, ajudam a evitar doenças e outros fatores patológicos.

Estuda como esses microrganismos podem influenciar as características de produtos alimentícios para consumo humano ou animal, além de estudar os processos causados por eles. Também considerada a ciência dos alimentos, ela ainda engloba aspectos da biotecnologia para a produção e da ecologia microbiana.

As influências de microrganismos podem ser tanto benéficas, quanto prejudiciais. Alguns podem contaminar o alimento e causar doenças em seus hospedeiros, enquanto outros são importantes na produção de alimentos e bebidas, como a levedura na cerveja, por exemplo.

Microrganismos de Interesse em Alimentos

As bactérias, fungos e vírus são os grupos de microrganismos responsáveis por contaminar e causar transformações nos alimentos.

Todo alimento tem uma composição complexa, com grande número de componentes, como água, lipídios, carboidratos, proteínas, vitaminas, sais minerais e ácidos nucléicos, por exemplo. Por isso, as configuram como locais ideais para a habitação e proliferação desses microrganismos.

AGENTES DE DETERIORAÇÃO DOS ALIMENTOS (DETERIORANTES)

O alimento deteriorado teve influência de microrganismos deteriorantes, físicos ou químicos e, por isso, tornou-se impróprio para o consumo humano ou animal. A deterioração pode ser observada por alterações de odor, cor, aspecto, sabor e textura no alimento. Os agentes deteriorantes podem ser fungos, bactérias e leveduras.

AGENTES CAUSADORES DE DOENÇAS (PATOGÊNICOS)

Outra classificação é dos microrganismos como agentes patogênicos que causam as DTAs. Esses microrganismos chegam aos alimentos por meio de diversas vias que, na maioria dos casos, representam condições precárias de higiene em sua produção, distribuição, armazenamento ou manuseio, envolvendo o nível industrial, comercial e doméstico. O tipo de doença e suas características vai depender de fatores como o tipo de microrganismo, o alimento e o indivíduo que o consumiu.

Agentes produtores de alimentos (transformadores)

O alimento transformado teve influência dos microrganismos benéficos, que são capazes de alterar as características originais e transformá-lo em um novo tipo de alimento.

Eles podem ser mantidos ou introduzidos no alimento durante seu processo de produção. Quando ocorrem de maneira natural, é possível estimular sua multiplicação e crescimento. Um mesmo microrganismo pode causar diferentes reações em diferentes alimentos, sendo capaz, até mesmo, de causar efeitos desejáveis em um, enquanto causa deterioração em outro.

Alguns exemplos de agentes transformadores:

Bactérias:

  • fermentação do leite (iogurtes e queijos)
  • carnes (salames)
  • vegetais (picles)

Leveduras:

  • fermento na indústria de panificação
  • bebidas (cerveja e vinho)
  • suplemento alimentar

Fungos:

  • fermentação de diversos queijos
  • consumidos diretamente (champignon e shitake)

Leveduras do gênero Saccharomyces: Para bebidas alcoólicas e etanol

Acetobacter sp.: Produção de vinagre

Aspergillus niger: Ácido cítrico, amiloglicosidase

LactobacillusÁcido lático, bebidas lácteas

Penicillium chrysogenum: Penicilina G

Propionibacterium: Cianocobalamina (B12)

Xanthomonas campestris: Goma Xantana

Corynebacterium glutami: Glutamato monossódico

Escherichia coli e Bacillus megaterium: Penicilina G Acilase

Fatores de Influência no Desenvolvimento dos Microrganismos

Entre os fatores que alteram o desenvolvimento e multiplicação de microrganismos nos alimentos estão os fatores inerentes ao alimento ou parâmetros intrínsecos, e os fatores inerentes ao ambiente, também chamados de parâmetros extrínsecos.

 

parâmetros

Iniciativas de Controle do Desenvolvimento de Microrganismos

Antissépticos: produtos antissépticos evitam que tecidos sejam infectados, o que contribui para impedir ou matar os microrganismos. Por serem aplicados em tecidos vivos, geralmente, os antissépticos são menos tóxicos que os desinfetantes (aplicados em materiais inanimados);

Germicidas: os germicidas matam microrganismos, mas não matam endosporos;

Desinfecção:
 esse processo remove, mata ou inibe microrganismos patogênicos e saprófitas sem eliminar todas as formas de vida presentes;

Esterilização: destrói todas as formas de vida microbiana, incluindo endosporos;

Esterilização Comercial: tratamento de calor suficiente para matar os endósporos do Clostridium botulinum (bactéria patogênica que pode gerar uma toxinfecção alimentar) em alimentos enlatados;

Sanitização: reduz os microrganismos a níveis seguros seguindo os padrões de saúde pública (eliminação de 99,9% das formas vegetativas).

Os estudos da microbiologia de alimentos foram e ainda são indispensáveis para a qualidade da saúde humana e animal. Sem os conhecimentos adquiridos por meio dessa ciência dos alimentos, não seria possível ter a qualidade que temos hoje. Por isso, é um assunto relevante para as pessoas no geral, além de ter extrema importância para indústrias, empresas, lojas e restaurantes em geral do ramo alimentício.

 Fonte: Kasvi
Qualidade da Água na Indústria Farmacêutica

Qualidade da Água na Indústria Farmacêutica

Qualidade da Água na Indústria Farmacêutica

Na indústria farmacêutica, a qualidade da água adquire algumas funções importantes. Além de participar dos processos de limpeza de materiais e superfícies, é uma das principais matérias-primas que entram na formulação dos produtos, o que exige grande atenção e análise em sua composição. Por ser um solvente universal, a água pode carregar consigo substâncias que comprometem não somente a qualidade dos medicamentos, mas também a vida útil dos sistemas de tratamento.

Os processos farmacêuticos são altamente delicados, o que exige o uso de materiais e equipamentos especializados e substâncias tratadas, inclusive a água, para evitar a degradação da composição química dos medicamentos.

Mesmo sendo considerada própria para o consumo, a água potável ainda possui substâncias que podem comprometer as propriedades das fórmulas dos medicamentos. Para ser utilizada para tal finalidade, a água precisa passar por diversos processos para evitar que impurezas e microrganismos alterem o resultado dos procedimentos.

 Água como matéria-prima

A água é a matéria-prima mais utilizada na produção farmacêutica, de biotecnologia, correlatos e cosméticos. Pode ser utilizada direta ou indiretamente, podendo ter grande impacto na qualidade do produto. Os requisitos de qualidade da água dependerão de sua finalidade e emprego, e da escolha do sistema de purificação para atender ao grau de pureza estabelecido.

O processo de purificação da água para uso farmacêutico é baseado na eliminação de impurezas físico-químicas, biológicas e microbianas até se obter níveis preestabelecidos em compêndios oficiais aprovados pelas autoridades sanitárias como a ANVISA e a Farmacopéia Brasileira (FB).

Tipos de água

Existem diferentes tipos de água dentro de uma indústria farmacêutica. Dentre elas, podemos destacar:

Água Potável

O ponto de partida para qualquer processo de purificação de água para fins farmacêuticos é a água potável.  É obtida por tratamento da água retirada de mananciais, por meio de processos adequados para atender às especificações da legislação brasileira e deve estar em conformidade com os limites físicos, químicos e microbiológicos. É empregada, normalmente, nas etapas iniciais de procedimentos de limpeza e como fonte de obtenção de água de mais alto grau de pureza. Pode ser utilizada também na climatização térmica de alguns aparatos e na síntese de ingredientes intermediários.

Água Purificada (AP)

É produzida a partir da água potável e não contém qualquer substância adicionada, sendo obtida por combinação de sistemas de purificação em uma sequência lógica, tais como múltipla destilação, troca iônica, osmose reversa, eletrodeionização, ultrafiltração ou outro processo capaz de atender, com a eficiência desejada, aos limites especificados para os diversos contaminantes conforme a FB.

É empregada como excipiente na produção de formas farmacêuticas não parenterais e em formulações magistrais, desde que não haja nenhuma recomendação de pureza superior no seu uso ou que não necessite ser apirogênica. Também, pode ser utilizada na lavagem de material, preparo de soluções reagentes, meios de cultura, tampões, diluições diversas, microbiologia em geral, análises clínicas ou análises qualitativas ou quantitativas menos exigentes (determinações em porcentagem).

Água Ultrapurificada (AUP)

Possui baixa concentração iônica, baixa carga microbiana e baixo nível de carbono orgânico total (COT), sendo requerida em aplicações mais exigentes, principalmente em laboratórios de ensaios para diluição de substâncias de referência e na limpeza final de equipamentos e utensílios utilizados em processos que entrem em contato direto com a amostra. A utilização dessa água é essencial para a obtenção de resultados analíticos precisos. Deve ser utilizada no momento em que é produzida, ou no mesmo dia da coleta.

Água para Injetáveis (API)

Água para injetáveis é utilizada como excipiente na preparação de produtos farmacêuticos parenterais de pequeno e grande volume, na fabricação de princípios ativos de uso parenteral, de produtos estéreis, demais produtos que requeiram o controle de endotoxinas e não são submetidos à etapa posterior de remoção. É utilizada ainda na limpeza e preparação de processos, equipamentos e componentes que entram em contato com fármacos e medicamentos estéreis durante sua produção.

Purificação da água

Tipos de contaminantes que impactam na qualidade da água

O controle da contaminação da água é crucial, uma vez que a água tem grande capacidade de agregar compostos diversos e, também, de se contaminar novamente após a purificação. Os contaminantes da água são representados por dois grandes grupos:

Contaminante Químico

Os contaminantes orgânicos e inorgânicos têm origens diversas: da fonte de alimentação, da extração de materiais com os quais a água entra em contato, da absorção de gases da atmosfera, de resíduos poluentes ou resíduos de produtos utilizados na limpeza e sanitização de equipamentos, dentre muitos outros. Incluem-se aqui as endotoxinas bacterianas, resultantes de microrganismos gram-negativos, contaminantes críticos que devem ser removidos adequadamente. Esses contaminantes podem ser avaliados, principalmente, pelos ensaios de carbono orgânico total – COT e de condutividade.

Contaminante Microbiológico

São representados principalmente por bactérias e apresentam um grande desafio à qualidade da água. São originários da própria microbiota da fonte de água e de alguns equipamentos de purificação. Podem surgir, também, devido a procedimentos de limpeza e sanitização inadequados, que possibilitam à formação de biofilmes e, por consequência, instalam um ciclo contínuo de crescimento a partir de compostos orgânicos que, em última análise, são os próprios nutrientes para os microrganismos.

As bactérias podem afetar a qualidade da água por desativar reagentes ou alterar substratos por ação enzimática, aumentar o conteúdo em COT, alterar a linha de base (ruído de fundo) em análises espectrais e produzir pirogênios, como as endotoxinas.

Para garantir a boa qualidade da água na indústria farmacêutica, é preciso estar atento a todas as etapas. Os sistemas de produção, armazenamento e distribuição de água para uso farmacêutico devem ser planejados, instalados, validados e mantidos de forma a garantir a produção de água de qualidade apropriada sempre obedecendo os níveis preestabelecidos em compêndios oficiais aprovados pelas autoridades sanitárias vigentes no país.

Fonte: Kasvi