Profilaxia pós-exposição (PEP) com materiais perfurocortantes

Profilaxia pós-exposição (PEP) com materiais perfurocortantes

De acordo com a Portaria nº 1.748/2011, os materiais perfurocortantes “são aqueles utilizados na assistência à saúde, que têm ponta ou gume, ou que possam perfurar ou cortar”, como por exemplo, agulhas e lâminas de bisturi. Um acidente com perfurocortante provoca uma exposição percutânea (ou seja, atravessa a pele), podendo expor o acidentado a um material biológico (como o sangue), que apresenta capacidade de carregar consigo vários tipos de patógenos. Os três mais envolvidos nesse tipo de acidente são HIV, hepatite B (HBV) e hepatite C (HCV).

No setor de saúde, acidentes provocados por materiais perfurocortantes é a maior causa da transmissão de doenças infecciosas, sendo os acidentes causados por agulhas os de maior risco. Mais de 50% de todos os casos registrados são relativos à equipe de enfermagem, seguidos por médicos e equipe de laboratório. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que dos 35 milhões de profissionais da saúde em todo o mundo, quase 3 milhões passam por exposições percutâneas a patógenos sanguíneos a cada ano. Dois milhões dessas exposições são ao Vírus da Hepatite B (HBV), 0,9 milhões ao Vírus da Hepatite C (HCV) e 170.000 ao Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV). Esses acidentes podem potencialmente resultar em 15.000 infecções por HCV, 70.000 por HBV e 1000 por HIV. Além disso, sabe-se ainda que as punções acidentais por agulha transmitem outros tipos de patógenos sanguíneos, incluindo vírus, bactérias, fungos e outros micro-organismos responsáveis por doenças como difteria, gonorreia, herpes, malária, sífilis, tuberculose, etc.

Além disso, o risco ocupacional após exposições a materiais biológicos é variável e depende do tipo de acidente e de outros fatores, como gravidade, tamanho da lesão, presença e volume de sangue envolvido, além das condições clínicas do paciente-fonte e uso correto da profilaxia pós-exposição. O risco de infecção por HIV pós-exposição ocupacional percutânea com sangue contaminado é de aproximadamente 0,3%, após exposição de mucosa, aproximadamente 0,09%. No caso de exposição ocupacional ao vírus da hepatite B (HBV), o risco de infecção varia de seis a 30%, podendo chegar até a 60%, dependendo do estado do paciente-fonte, entre outros fatores. Quanto ao vírus da hepatite C (HCV), o risco de transmissão ocupacional após um acidente percutâneo com paciente-fonte HCV positivo é de aproximadamente 1,8% (variando de 0 a 7%). Apesar de todos estes riscos, a falta de registro e notificação destes acidentes é um fato concreto. Alguns trabalhos demonstram aproximadamente 50% de sub-notificação das exposições de um conjunto estimado em aproximadamente 600 mil a 800 mil exposições ocupacionais, anualmente, nos Estados Unidos, por exemplo. Mais recentemente, esta estimativa foi reavaliada e se mostrou ser da ordem aproximada de 385 mil acidentes percutâneos por ano. No Brasil, de acordo com dados publicados em anais de congressos, o cenário dos acidentes ocupacionais envolvendo material biológico é semelhante aos observados em outros países, quando comparamos a incidência de acidentes e de subnotificação.

Após, devemos avaliar o acidente quanto ao potencial de transmissão de HIV, HBV e HCV. Isso é visto através do tipo de exposição, volume/tipo de material biológico, status sorológico da fonte (se possível) e status sorológico/susceptibilidade do exposto. A profilaxia dependerá do conjunto dessas informações, além do tempo transcorrido desde a exposição. Além disso, o acidente com perfurocortante já se enquadra como um tipo de exposição com potencial de transmissão. O volume/tipo de material biológico deve ser avaliado em cada caso. Se o material biológico não tiver risco potencial de transmissão dessas doenças, realizam-se apenas os cuidados locais da ferida. O tempo transcorrido após a exposição deve sempre ser perguntado, pois é um dos determinantes para início da profilaxia, sendo de até 72 horas para iniciar a profilaxia do HIV com antirretrovirais (ARV) e até 7 dias para da HBV (com vacina da Imunoglobulina Hiperimune contra Hepatite B (IGHAB) em caso de exposição percutânea). Para avaliação do status sorológico, é realizado teste rápido de HIV (detecta o anti-HIV), HCV (detecta o anti-HCV) e HBV (detecta o HBsAg) na pessoa exposta, além de verificar o status vacinal para HBV, necessitando da comprovação de imunidade através do anti HBs.

Se possível, a pessoa-fonte também deve realizar os mesmo testes rápidos, sem condicionar ou retardar o atendimento do acidentado à presença da fonte. Quanto à hepatite C, não há profilaxia. Deve-se realizar o acompanhamento, para que, caso venha a ocorrer o desenvolvimento da doença, seja feito um diagnóstico oportuno. O tratamento antiviral é muito eficaz e, quando realizado no início da doença, evita complicações mais graves.

Como devo conduzir um paciente que sofreu um acidente com material perfurocortante?
Quando ocorre um acidente com perfurocortante, a profilaxia pós-exposição (PEP) é a primeira coisa que pensamos, mas não podemos esquecer que a conduta imediata é o cuidado com a área exposta. Deve-se realizar uma lavagem exaustiva do local, com água e sabão, sendo o uso de soluções antissépticas degermantes uma opção adicional ao sabão. Não há evidência de que a expressão local reduza o risco de transmissão. Está contra-indicado procedimentos que aumentem a área exposta (como cortes e injeções locais) e o uso de soluções irritantes (como éter e hipoclorito de sódio).


A Centerlab possui em seu portfólio testes rápidos imunocromatográficos (HIV, HBV e HCV) que utilizam antígenos ou anticorpos como moléculas de captura e detecção com alta sensibilidade e especificidade. Muito práticos e rápidos, são realizados em uma única etapa, assegurando resultados mais precisos.

Ensaio imunocromatográfico para detecção qualitativa de anticorpos específicos de todos os isotipos (1, 2 e grupo O) do vírus HIV:
– Sensibilidade: 100% (166/166);
– Especificidade: 100% (715/715);
– Armazenamento: 2 a 30ºC;
– Amostra: soro, plasma e sangue total;
– Volume de Amostra: 20μL (Sangue total) e 10μL (Soro e plasma);
– Tempo do Teste: 10 minutos (não ler após 20 minutos);
– Validade: 24 meses.

Kit para determinação qualitativa do antígeno de superfície do vírus da hepatite B (HBsAg), por método imunocromatográfico, usando anticorpos mono e policlonais imobilizados na membrana para identificação seletiva de HBsAg em amostras de soro:
– Sensibilidade: 100%;
– Especificidade: 99%;
– Armazenamento: 2 a 30ºC;
– Amostra: soro;
– Volume de Amostra: 100μL (Soro);
– Tempo do Teste: 10 a 20 minutos (não ler após 20 minutos).

Ensaio imunocromatográfico para detecção qualitativa dos anticorpos IgG, IgM, IgA antivirus da Hepatite C
– Sensibilidade: 100%;
– Especificidade: 99,7%;
– Armazenamento: 2 a 30°C;
– Amostra: sangue total, soro ou plasma;
– Volume de Amostra: 20uL (sangue total) e 10uL de soro/plasma;
– Tempo do Teste: 5 minutos (não ler após 20 minutos);
– Validade: 24 meses.

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REFERÊNCIAS:
– https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/protocolo_expos_mat_biologicos.pdf Acesso em: 18/03/2024;
– https://www.medway.com.br/conteudos/acidente-com-material-perfurocortante-como-e-o-protocolo/ Acesso em: 18/03/2024;
– https://aps-repo.bvs.br/aps/quais-acoes-devem-ser-realizadas-apos-um-acidente-com-perfurocortantes/ Acesso em: 18/03/2024;
– https://goldanalisa.com.br/produtos/10/228/hiv/#. Acesso em: 18/03/2024;
– https://www.wamadiagnostica.com.br/bulas/imuno-rapido/hbsag-1.pdf. Acesso em: 18/03/2024;
– https://ecodiagnostica.com.br/diagnostico-rapido/hiv-4-line-eco-teste/.Acesso em: 18/03/2024;
– https://ecodiagnostica.com.br/diagnostico-rapido/hcv-ab-eco-teste/. Acesso em: 18/03/2024.

Conheça os exames de rotina mais comuns feito por mulheres

Conheça os exames de rotina mais comuns feito por mulheres

Quando se fala em exames de rotina, as mulheres são mais cuidadosas que os homens em relação à sua saúde. Entretanto, vivemos em um mundo onde a jornada de trabalho, a vida pessoal e familiar da mulher está cada vez mais intensa, fazendo com que elas negligenciem a sua saúde. A correria do dia a dia, pode impactar na realização de exames de rotina que são extremamente necessários para o bom funcionamento do nosso corpo.

Embora seja fundamental o acompanhamento da saúde da mulher com exames básicos, nem todas conseguem manter essa rotina de forma adequada. De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) divulgada pelo Instituto de Geografia Estatística e publicada pela Agência Brasil, nas regiões Norte e Nordeste menos de 50% das mulheres, entre 50 a 69 anos, fizeram mamografia em um intervalo menor que dois anos. As entrevistas foram realizadas entre 6 de agosto de 2019 e 13 de março de 2020.

A prevenção é fundamental para auxiliar na identificação de doenças e distúrbios que ainda estão em fase inicial. Com um diagnóstico precoce, podemos realizar o tratamento adequado, aumentando muito as chances de cura em inúmeras doenças.

Seguindo essa linha de raciocínio, listamos abaixo os exames mais realizados por mulheres, afim de lembrá-las de que cuidar da saúde deve vir sempre em primeiro lugar.

Alguns exames mais comuns para mulheres:

  • Hemoglobina glicada: Avalia o controle do diabetes.
  • Hemograma completo: Avalia os glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas.
  • Perfil lipídico: Avalia os níveis de colesterol total, HDL, LDL e triglicerídeos.
  • Ureia e creatinina: Avaliam a função renal.
  • TGO (AST) e TGP (ALT): Avaliam a função hepática.
  • Gama GT: Avalia a função hepática e a saúde dos ossos.
  • TSH: Avalia a função da tireoide.
  • Eletroforese de proteínas: Avalia os níveis de proteínas no sangue.
  • Urina EAS: Avalia a presença de sangue, glicose, proteínas e outras substâncias na urina.
  • Papanicolau: Exame preventivo para o câncer de colo do útero.
  • Mamografia: Exame de imagem para o câncer de mama.
  • Densitometria óssea: Exame para avaliar a densidade mineral óssea e o risco de osteoporose.

É importante ressaltar que para saber quais exames devem ser feitos anualmente é necessário procurar um médico.  Cada mulher é única e precisa de um determinado exame de acordo com a sua realidade e suas queixas. Portanto, aproveite esse mês das mulheres para cuidar de quem realmente importa. Tire um tempo para cuidar de você, da sua saúde. Faça os exames preventivos e garanta uma vida mais feliz e saudável.

Referências:
– blog – Clínica Ceu Diagnósticos
– blog – Memed+

 

Beta HCG

Beta HCG

Introdução
O BETA-HCG refere-se a sigla para a subunidade beta de um hormônio denominado gonadotrofina coriônica humana (HCG – Human Chorionic Gonadotropin). Ele é produzido quando o óvulo é fertilizado e o blastocisto (nome dado ao zigoto após as primeiras divisões celulares) se implanta no endométrio, que é o revestimento epitelial do útero. O hCG é um hormônio secretado pela camada de células externa do blastocisto.

A função do hCG é estimular o corpo lúteo a continuar produzindo os hormônios estrogênio e progesterona, o que previne a menstruação e permite a continuidade da gravidez. Além da implantação do óvulo fecundado, o β-hCG também tem papel na nutrição do embrião.

Como o beta hCG é um hormônio encontrado no sangue de mulheres que estão grávidas, a detecção da sua presença é utilizada nos testes de gravidez.

HCG durante a gestação:
Durante uma gestação, o sistema endócrino age de forma muito importante, produzindo diversos hormônios, regulando várias funções essenciais para o desenvolvimento seguro da gravidez.

Na gestação, o HCG é sintetizado por uma estrutura do embrião denominada trofoblasto, a camada externa de células do embrião, que dá origem à placenta e anexos da gravidez. Sua principal função é a devida
implantação e manutenção da gestação.

Durante os três primeiros meses de gestação o nível de beta HCG aumenta progressivamente. Portanto, logo nos primeiros dias de atraso menstrual, quando já se iniciou o processo de implantação e produção de beta HCG, espera-se que seja possível detectá-lo através de amostra de sangue ou urina. Porém, sempre tome cuidado ao interpretar o resultado de qualquer exame, pois a sensibilidade de detecção da molécula procurada pode ser maior ou menor dependendo do método do exame realizado, podendo ser recomendável repetir a avaliação em alguns dias. Importante enfatizar também que outros sintomas podem levar a maior ou menor suspeita de gravidez, auxiliando na interpretação dos resultados obtidos.

Portanto existe duas maneiras de medir a presença da Gonadotrofina Coriônica Humana. A quantitativa e a qualitativa.

Beta HCG quantitativo
O exame de beta HCG quantitativo é realizado visando a detectar não apenas a presença ou ausência deste hormônio, mas também os níveis do beta HCG presentes no sangue. Essa medida pode ser importante
para auxiliar na avaliação da evolução da gestação e compatibilidade com a idade gestacional esperada. Porém, é importante ressaltar que os valores não devem ser interpretados de forma isolada, visto que a capacidade de detecção da molécula do beta HCG e a forma de laudar o resultado podem variar de acordo com cada laboratório. A unidade comumente utilizada para informar a concentração de beta HCG no sangue é mUI/ml.

O resultado do exame de beta HCG quantitativo também pode auxiliar no acompanhamento de algumas alterações da gestação, como gravidez química, gravidez ectópica e aborto, visto que nestes casos o exame
pode ser seriado (acompanhado) para auxiliar a compreender a evolução do quadro.

Beta HCG qualitativo
Outra maneira de avaliar a presença do HCG é por meio do beta HCG qualitativo, que geralmente é mais rápido e simples. O teste de avaliação qualitativo são os testes rápidos, que indicam o resultado positivo ou
negativo.

Os testes rápidos de gravidez possuem grandes chances de acerto e podem ser realizados já no primeiro dia de atraso menstrual. Não é recomendado que seja realizado antes por risco de resultado falso negativo.

O exame beta HCG qualitativo é realizado em laboratório pela coleta de sangue ou urina, e geralmente, por ter uma metodologia um pouco mais simples, o laboratório libera o resultado em menor tempo em comparação ao quantitativo.

Mesmo após realizar o teste qualitativo, pode ser recomendado confirmar o diagnóstico (negativo ou positivo) por meio de uma dosagem quantitativa de beta HCG sanguínea. Isso porque, o resultado permite ter
mais informações sobre o estado inicial da gravidez, e possibilita um comparativo futuro caso sejam necessárias novas dosagens.

A Centerlab possui e disponibiliza em seu portfólio as duas metodologias: Tanto por ensaios Imunocromatográficos quanto por Imunofluorescência.

Metodologia Qualitativa por testes imunocromatográficos (teste rápido) Eco Diagnóstica, Analisa e Labtest.

Hcg 25 Mui Teste 100 Tiras Eco Diagnóstica

Hcg 25 Ui Cat – 50 Tiras Gold Analisa

Hcg Betatest Ref: 712K7/25 Labtest

Metodologia Quantitativo por Imunofluorescência é utilizado em conjunto com os analisadores point of care para determinar quantitativamente a β-Gonadotrofina Coriônica Humana (β-HCG), presente em amostras de soro, plasma ou sangue total. O HCG aparece no soro de mulheres grávidas cinco dias após a implantação do blastocisto e a sua concentração aumenta continuamente até ao terceiro mês da gravidez.

Temos disponíveis para beta quantitativo, os testes da Celer e Eco Diagnóstica, que podem ser feitos nos equipamentos abaixo:

Celer Finecare II Plus SE

O ECO F200 Point Of Care

Gasometria: Importância na Avaliação de Pacientes Críticos

Gasometria: Importância na Avaliação de Pacientes Críticos

A gasometria é um exame que tem a finalidade de detectar distúrbios de ordem metabólica ou respiratória através da avaliação do pH e das pressões parciais de O₂ e CO₂ em uma amostra de sangue. Geralmente, quando se está interessado em uma avaliação da função pulmonar (nível de oxigenação dos tecidos, trocas gasosas) utiliza-se o sangue arterial; se o objetivo for avaliar a parte metabólica, realiza-se uma gasometria venosa.

 O QUE É?

A gasometria deve ser pedida para ajudar a diagnosticar e monitorar doenças pulmonares, metabólicas ou renais que possam causar desequilíbrio ácido-base ou dificuldades respiratórias. A gasometria arterial por si só não fornece informações suficientes para diagnosticar uma doença, mas ajuda a determinar se um paciente tem ou não necessidade de suplementação de oxigênio.

O exame se refere à determinação de quatro parâmetros principais em amostras de sangue total arterial ou venoso: pH – potencial hidrogeniônico, pO₂ – pressão parcial de oxigênio, pCO₂ – pressão parcial de gás carbônico e HCO₃- – concentração do ânion bicarbonato. O pH é o logaritmo negativo da concentração de íons hidrônio (H₃O+); a pO₂ é a quantidade de moléculas de oxigênio dissolvidas no sangue e a pCO₂ é a quantidade de moléculas de gás carbônico dissolvidas no sangue, estas duas últimas expressas na forma de pressão parcial.

PARÂMETROS

Para entender como os parâmetros se comportam é necessário saber como funciona o sistema de tamponamento sanguíneo e como ele é regulado. O sangue é um sistema tamponado, o que significa que o seu pH é menos suscetível a mudanças. O tampão que constitui o sangue é o tampão bicarbonato. Trata-se de um sistema aberto regulado através do processo de respiração.

A produção de energia pelas células do corpo consome oxigênio e produz dióxido de carbono. O oxigênio é absorvido nos pulmões e transportado pelo sangue ligado à hemoglobina nas hemácias para todo o corpo. O dióxido de carbono produzido é transportado e dissolvido no plasma para os pulmões, onde é eliminado. Parte do dióxido de carbono dissolvido no plasma se combina com a água, formando ácido carbônico (H₂CO₃), que se dissocia e permanece em equilíbrio com bicarbonato de sódio. O ácido carbônico e o bicarbonato de sódio formam o principal tampão do corpo, um sistema químico que atenua as variações de pH, evitando a acidose ou a alcalose.

• Acidose: ocorre quando o pH sanguíneo é menor que o valor inferior do intervalo de referência.

• Alcalose: ocorre quando o pH sanguíneo é maior que o valor superior do intervalo de referência.

A manutenção do pH dos líquidos orgânicos depende do equilíbrio entre a quantidade de ácidos e bases produzidos. Essa regulação depende da ação conjunta dos sistemas tampões, dos pulmões e dos rins. O mau funcionamento de qualquer um desses sistemas de regulação pode produzir ou agravar as alterações do equilíbrio ácido-base do organismo.

Para determinar qual é a origem destas desordens é necessário avaliar dois parâmetros, pCO₂ e HCO₃-:

• Origem metabólica: quando a alteração do pH está relacionada a mudanças no HCO-

• Origem respiratória: quando a alteração no pH está associada a mudanças no pCO

tabela Kasvi

(Tabela site Kasvi)

Parâmetros normais da Gasometria:

• pH = 7,35 – 7,45
• pCO₂ = 35 – 45 mmHg
• HCO₃ = 22 – 26 mEq/L
• AG * = 6 – 12 mEq/L

*O Ânion Gap (AG) representa os ânions não quantificáveis no sangue, como o lactato. Os ânions quantificáveis são: HCO₃- e Cl-.

GASOMETRIA EM PACIENTES COM COVID-19

Um recurso que tem se mostrado fundamental para avaliação da condição e para o tratamento dos pacientes com Covid-19, é o exame de gasometria.

Muito usado em situações críticas de insuficiência respiratória, é uma solução importante para análise e para o gerenciamento dessa condição.

A fase inicial da infecção é de viremia, em que o vírus se dissemina pelo organismo, causando uma série de sintomas clínicos – como temperatura acima de 37,5, tosse seca, diarreia e dor de cabeça.

No segundo estágio, a fase pulmonar, se inicia em uma resposta inflamatória marcada por dispneia, respiração curta e hipoxemia caracterizada por dessaturação na oximetria de pulso. Perante gasometria arterial, pode ser observado que a relação entre pO₂ (pressão parcial arterial do gás) e FiO₂ (fração inspirada de oxigênio) cai para menos de 300.

Nessas situações, se instala o quadro denominado Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo (SDRA), que pode se associar também a um quadro inflamatório sistêmico. Em algumas situações, o quadro pode evoluir para falência cardíaca e instabilidade hemodinâmica.

A ventilação mecânica é a base do tratamento intensivo da SDRA causada pelo SARS-CoV-2. Embora seja vital para dar suporte à função respiratória, este tratamento pode também promover danos aos pulmões (Lesão Pulmonar induzida pela Ventilação Mecânica). Por isso, o controle de pH, pO₂ e pCO₂ e Saturação de Oxigênio (SO₂) dos pacientes auxiliam os profissionais de saúde a realizarem as configurações e ajustes adequados aos ventiladores mecânicos para avaliar a eficácia do tratamento.

PRONAÇÃO PARA TRATAMENTO DA COVID-19

A pronação ou posição de prona é uma manobra utilizada para combater a hipoxemia nos pacientes com SDRA. O procedimento é utilizado em unidades de terapia intensiva (UTI) desde os anos 1970. Em março de 2020 foi recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para tratamento de casos da Covid-19 em Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Desde então, pacientes de bruços nos leitos de enfermarias e UTI dos Hospitais do Brasil e do mundo se tornaram comuns.

A técnica consiste em posicionar o paciente em decúbito ventral (bruços), que resulta em uma distribuição mais uniforme do estresse e da tensão pulmonar, pois melhora a relação ventilação/perfusão que fazem parte da mecânica pulmonar. Assim, contribui para a redução da duração da ventilação mecânica e da taxa de mortalidade avaliada de 28 a 90 dias.

Na posição prona há melhora dos parâmetros respiratórios, facilitando a abertura de alvéolos pulmonares que não participavam da respiração em posição supina (dorso), proporcionando melhores trocas gasosas. A posição deve ser utilizada precocemente, preferencialmente nas primeiras 48 horas em pacientes com SDRA, e quando adotada, deve ser mantida por pelo menos 16 horas, antes de retornar o paciente para a posição supina (ventral ou de barriga voltada para cima).

A gasometria deve ser realizada após 1 hora em posição prona para avaliar se o paciente responde ou não a esta estratégia. Caso seja considerado como respondedor (aumento de 20 mmHg na relação PaO₂/FiO₂ ou de 10 mmHg na PaO₂), o posicionamento deve ser mantido. Enquanto o paciente estiver em pronação as análises de gasometria devem ser realizadas a cada 4 ou no máximo 6 horas para monitorar e efetividade do tratamento.

Para a realização da manobra para a posição prona é preciso ter uma equipe de assistência treinada e capacitada para realizar com exatidão todos os procedimentos necessários e avaliação constante dos resultados de troca gasosa do paciente.

Análise laboratorial da Hemostasia

Análise laboratorial da Hemostasia

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Análise laboratorial da Hemostasia

O TAP (RNI) e o TTPA são exames que se destacam entre os inúmeros testes laboratoriais para análise da hemostasia, pois através deles é possível avaliar as vias extrínseca e intrínseca da coagulação.

O coagulograma (grupo de exames para análise da hemostasia) é solicitado principalmente antes de cirurgias, para que seja avaliado o risco do paciente sofrer hemorragias durante o procedimento. No entanto, também pode ser solicitado pelo médico em outras situações, como: Risco de trombose, picada de animais peçonhentos e no acompanhamento de pessoas que fazem uso de anticoagulantes como Heparina e Varfarina.

Embora alguns dos exames para análise da hemostasia possam ser realizados manualmente ou com uso de aparelhos semiautomáticos, a automação total nessa área vem se tornando cada vez mais importante. Além de melhorar a qualidade, no que se diz respeito à precisão e velocidade dos resultados, outros pontos vêm se tornando cada vez mais essenciais na rotina laboratorial, tais como: aumento da capacidade operacional, menor volume de amostra a ser coletada, eliminação de atividades desnecessárias e a combinação das atividades em processos únicos. Todas essas melhorias contribuem muito para simplificação e padronização dos processos laboratoriais.

Existem condições do paciente que podem interferir tecnicamente na realização dos testes de hemostasia bem como na interpretação dos resultados, dentre elas pode-se citar a dieta alimentar, atividade física, influência hormonal, variação circadiana, medicamentos e estresse mental.

Ainda sobre condições que podem interferir nos resultados dos exames de hemostasia, é importante elucidar sobre influências pré-analíticas tais como: uso inadequado do material de coleta, proporção sangue/anticoagulante não respeitada, homogeneização da amostra, lipemia, icterícia, hemólise entre outras.

Coleta da amostra
O anticoagulante apropriado para a maioria dos testes de hemostasia é o citrato de sódio dihidratado 3,2% ou 0.109M na proporção de 1:9 (anticoagulante:sangue). Observar o volume correto de sangue nos tubos após a coleta, a maioria dos tubos tem marcas indicado o volume mínimo e máximo de sangue.

Ordem da coleta
Estudos demonstram que os resultados do tempo de protrombina (TAP), International Normalized Ratio (RNI), e o tempo de tromboplastina parcial ativado (TTPA) não sofrem interferência se avaliados no primeiro tubo coletado, sem a necessidade da coleta prévia de um tubo de descarte. Esses estudos não comprovaram a hipótese de que amostras para os ensaios rotineiros de coagulação deveriam ser obtidas após a coleta do tubo de descarte. No entanto, se na solicitação houver fatores de necessário a coleta de um tubo de descarte antes do tubo de citrato, se este for o primeiro tubo, para evitar interferências da tromboplastina tecidual.

Coleta da amostra

Ao realizar a coleta com sistema de escalpe, sendo o tubo para testes de coagulação o primeiro a ser coletado, deve-se utilizar o tubo de descarte. O uso do tubo de descarte tem por finalidade preencher o esp aço “morto” do escalpe, para garantir a proporção adequada do anticoagulante em relação ao sangue total. Para fins de descarte, utilize um tubo para coagulação ou sem qualquer aditivo.

Sequência de coleta para tubos plásticos pela CLSI H3-A6
1. Frascos para hemocultura;
2. Tubos com citrato de sódio (tampa azul);
3. Tubos para soro com ativador de coágulo, com ou sem gel separador para obtenção de soro (tampa amarela e/ou vermelha);
4. Tubos com heparina (tampa verde);
5. Tubos com EDTA (tampa roxa);
6. Tubos com fluoreto/EDTA (tampa cinza).

Diante desse cenário, a Centerlab em parceria com a Werfen apresenta uma revolução nos testes de hemostasia. Os sistemas ACL TOP Family Série 50 oferecem o gerenciamento de automação e qualidade mais avançado em testes de hemostase. Ideal para testes de hemostasia de rotina e especialidade, incluindo ensaios de coagulação, cromogênicos e imunológicos em laboratórios clínicos de médio a alto volume.

Automação do analisador
– Reagentes com código de barras;
– Monitoramento onboard contínuo de estabilidade dos reagentes;
– Execução automática de frequência QC.
– Capacidade de repetição e de testes reflexivos;
– Relatório totalmente automatizado de ensaios de fatores com paralelismo;
– Auto-verificação e upload dos resultados;
– Trabalha com tubo fechado perfurando a tampa (modelos CTS).

Operação Contínua
– Carregamento e descarregamento contínuos de amostras e reagentes através de racks sem interrupção de sistema;
– Carregamento de cuveta e eliminação de resíduos ininterruptos.

Manutenção Simples
– Manutenção diária, solicitada pelo sistema, em menos de 5 minutos;
– Notificação de “manutenção em atraso” para alertar o usuário;
– Solução de problemas e diagnósticos de instrumento remotos via web em tempo real (opcional).

Parada programada rápida
– Até 360 TP/h;
– Resultados de TP em standby dentro de aproximadamente 3 minutos;
– Amostras carregadas em qualquer rack, em qualquer posição, a qualquer momento, incluindo STAT.

Verificação automatizada pré-analítica de integridade de amostra
– Detecta interferência de Hemólise, Icterícia e Lipemia (HIL);
– Valores que ultrapassam o limite específico do ensaio são sinalizados;
– Pré-configurado para limites pré-validados com personalização opcional;
– Detecta problemas com volume de amostra do tubo;
– Sinaliza aspiração anormal de amostra, solicitando ao usuário que verifique a curva de formação de coágulos.

Ferramentas avançadas de suporte para acreditação e qualidade
– O conjunto mais abrangente de ferramentas de rastreamento de auditoria disponível;
– Informação disponível de hora, data e operador para todas as funções e atividades do analisador;
– Manutenção, controle de qualidade, calibração e relatório de temperatura;
– Relatórios de auditoria abrangentes e seguros com um clique.

Verdadeira Padronização
Todos os modelos oferecem resultados de mesma qualidade, portfólio de reagentes abrangente, software intuitivo, recursos eusabilidade, além das mesmas verificações pré-analíticas automatizadas para desempenho e flexibilidade superiores em todo o processo de teste.

Completamente padronizado para automação e qualidade avançadas

Ideal para laboratórios de médio e grande volumes, incluindo sistemas de automação laboratoriais integrados – ensaios de rotina e de testes especiais.

ACL TOP ACL TOPACL Top 350

 

Referências:
– Laboratório de Hemostasia – Gestão da fase pré-analítica: Minimizando erros – Ministério da Saúde.
– Recomendações da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial para coleta de sangue venoso – 2. ed. Barueri, SP : Editora Manole, 2010
– Exames Laboratoriais para Análise da Hemostasia
– Portal educação. Disponível em: <https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/enfermagem/exames-laboratoriais-para-analise-da-hemostasia/11334> acesso em 22/07/2019.
– Folder ACL Top –Família série 50. Werfen Medical.
– Avaliação laboratorial da hemostasia. Dayse Maria Lourenço. Tratado de hematologia. Cap. 60. Pág 583-590.
– Automação Laboratorial em Coagulação. Centerlab News – informativo técnico-científico. Nº 109. Setembro 2018.
– https://newslab.com.br/conheca-o-que-ha-de-mais-novo-e-eficiente-no-segmento-pre-analitico/ (Acesso 22/10).