Em tempos de Coronavírus, Brasil entra em alerta com novo surto de dengue

Em tempos de Coronavírus, Brasil entra em alerta com novo surto de dengue

Mesmo com a atenção de todo o planeta voltada para o novo Coronavírus, o Brasil ainda luta contra um antigo inimigo, registrando novamente números preocupantes de dengue. Segundo o Boletim Epidemiológico divulgado neste mês de março pelo Ministério da Saúde, o país retornou à zona endêmica, registrando mais de 131 mil novos casos prováveis em 2020, entre eles dezenas de óbitos.

Causada pelo arbovírus, a dengue é uma doença viral transmitida por mosquitos fêmea das espécies Aedes aegypti e Aedes albopictus. Com período médio de incubação de 5 a 6 dias. As manifestações clínicas da doença são caracterizadas por febre alta (39°C a 40°C), de início abrupto, seguido de sintomas como cefaleia, mialgia, prostração náuseas, vômitos e prurido cutâneo. A doença se manifesta ainda nas formas hemorrágicas, as mais graves, capazes de causar: gengivorragia, petéquias e equimoses, gastroenterorragia, choque e, até mesmo, a morte.

Neste contexto, diversos testes e metodologias foram empregados para auxiliar na precisão do diagnóstico clínico e no tratamento dos pacientes. O Diagnósticos do Brasil (DB), principal laboratório exclusivo de apoio do país, dispõe de três metodologias para a identificação da enfermidade. “O diagnóstico mais rápido é o NS1, considerado atualmente como um marcador de infecção aguda pelo vírus da dengue antes do aparecimento dos anticorpos das classes IgM e IgG, permitindo detecção precoce do vírus, 24 horas após o início dos sintomas, além de ser encontrado nas infecções primárias e secundárias”, explica

Deivis Paludo, gerente de relacionamento do DB. Outra metodologia utilizada pelo laboratório funciona por meio da detecção de anticorpos IgG e IgM sorologia, com o Método Enzyme-Linked Immunosorbent Assay (ELISA). “Atualmente, os testes captam os quatro sorotipos, e devem ser solicitados a partir do sexto dia do início dos sintomas. A detecção desses anticorpos pode ser útil na diferenciação entre infecções primárias e secundárias”, conta Deivis.

Fechando o diagnóstico dispomos do uso de métodos moleculares que são uma das principais ferramentas para o diagnóstico da dengue no Brasil. Devido a sua alta sensibilidade e especificidade, a técnica diminui o risco de resultados falso-positivos ou falso-negativos, além de contribuir muito, por sua importância nos estudos epidemiológicos, para o entendimento da distribuição da infecção dentro das populações. “Disponibilizamos ainda a detecção específica do vírus da Dengue por PCR, (Reação de Polimerase em Cadeia, biologia molecular), que pode ser realizada de forma precoce, identificando diretamente as partículas virais circulantes.

Hoje temos dois exames por essa metodologia, um para fazer a Detecção do vírus e outro que além da detectar consegueespecificar qual dos 4 tipos de vírus da Dengue (DEN- 1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4) está infectando o paciente em questão”, completa Deivis Paludo. Cada uma das metodologias usadas é primordial no decorrer da evolução da doença (Infecção inicial, fase aguda, cicatriz sorológica e reinfecção), assim conseguimos fornecer suporte total para que o médico consiga fechar rapidamente a diagnóstico, alinhado a dados clínicos, e com melhora no suporte e tratamento de seus pacientes.

Fonte: Labornews

Ministério da Saúde diz que 11 estados poderão ter surto de dengue em 2020

Ministério da Saúde diz que 11 estados poderão ter surto de dengue em 2020

Fêmea do Aedes aegypti é responsável pela transmissão da febre amarela, dengue, chikungunya e zika vírus — Foto: Pixabay/Divulgação

Todo o Nordeste, assim como Espírito Santo e Rio de Janeiro, estão sendo monitorados, afirmou o porta-voz da pasta ao G1. O surto é esperado a partir de março.

Os estados do Nordeste, assim como Espírito Santo e Rio de Janeiro, poderão ter um surto de dengue a partir de março de 2020, afirma o Ministério da Saúde.

“A dengue é uma doença sazonal e o quadro é dinâmico e pode mudar em pouco tempo, mas, no momento, os nove estados do Nordeste e as regiões do Sudeste com grande contingente populacional pouco afetadas em 2019 estão no nosso alerta”, afirmou ao G1 coordenador-geral de vigilância em arbovirose do Ministério da Saúde, Rodrigo Said.

O Brasil registrou 1.544.987 casos de dengue no ano passado, com 782 mortes, segundo dados da pasta, um aumento de 488% em relação a 2018, um ano considerado atípico pelo Ministério.

Previsão de surto de dengue em 2020

Mapa mostra estados do país que poderão ter surto de dengue em 2020 — Foto: Fernanda Garrafiel/G1

Dengue em 2019

Infográfico mostra os casos registrados de dengue e estados com maior número de registros — Foto: Fernanda Garrafiel/G1

Variações de ano a ano

Segundo Said, 2017 e 2018 foram anos com poucos casos de dengue quando comparados a 2015 e 2016.

“Isso aconteceu porque circulou, em todos esses anos, o mesmo sorotipo do vírus da dengue. E quando uma pessoa é infectada pela dengue, ela estará imune aquele determinado sorotipo pra sempre, mas não aos outros sorotipos da doença”, afirma.

A dengue é transmitida por quatro sorotipos do vírus: o sorotipo 1, 2, 3 e 4, todos em circulação no Brasil.

A intensidade de circulação desses sorotipos se alterna pelo país de tempos em tempos. Os surtos de dengue costumam ocorrer, segundo Said, quando há mudança na circulação do tipo de vírus.

Foi o que ocorreu no final de 2018, quando começou a circular no Sudeste e Centro-Oeste um tipo diferente dos anos anteriores, o sorotipo 2. “As pessoas não estavam imunes ao sorotipo 2, que não circulava no país desde 2008. Por isso ele veio tão forte, porque encontrou novas pessoas para infectar”, explica o porta-voz.

A recente circulação do sorotipo 2 aconteceu somente em algumas partes do Sudeste e Centro-Oeste, o que ajuda a entender porque 77% de todos os registros de dengue no país, assim como 67% das mortes, ocorreram em apenas três estados em 2019: São Paulo, Minas Gerais e Goiás.

Zika e Chikunguya 2019

Infográfico mostra número de casos de Zika e Chikungunya em 2019 — Foto: Fernanda Garrafiel/G1

Fonte: G1