Profilaxia pós-exposição (PEP) com materiais perfurocortantes

Profilaxia pós-exposição (PEP) com materiais perfurocortantes

De acordo com a Portaria nº 1.748/2011, os materiais perfurocortantes “são aqueles utilizados na assistência à saúde, que têm ponta ou gume, ou que possam perfurar ou cortar”, como por exemplo, agulhas e lâminas de bisturi. Um acidente com perfurocortante provoca uma exposição percutânea (ou seja, atravessa a pele), podendo expor o acidentado a um material biológico (como o sangue), que apresenta capacidade de carregar consigo vários tipos de patógenos. Os três mais envolvidos nesse tipo de acidente são HIV, hepatite B (HBV) e hepatite C (HCV).

No setor de saúde, acidentes provocados por materiais perfurocortantes é a maior causa da transmissão de doenças infecciosas, sendo os acidentes causados por agulhas os de maior risco. Mais de 50% de todos os casos registrados são relativos à equipe de enfermagem, seguidos por médicos e equipe de laboratório. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que dos 35 milhões de profissionais da saúde em todo o mundo, quase 3 milhões passam por exposições percutâneas a patógenos sanguíneos a cada ano. Dois milhões dessas exposições são ao Vírus da Hepatite B (HBV), 0,9 milhões ao Vírus da Hepatite C (HCV) e 170.000 ao Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV). Esses acidentes podem potencialmente resultar em 15.000 infecções por HCV, 70.000 por HBV e 1000 por HIV. Além disso, sabe-se ainda que as punções acidentais por agulha transmitem outros tipos de patógenos sanguíneos, incluindo vírus, bactérias, fungos e outros micro-organismos responsáveis por doenças como difteria, gonorreia, herpes, malária, sífilis, tuberculose, etc.

Além disso, o risco ocupacional após exposições a materiais biológicos é variável e depende do tipo de acidente e de outros fatores, como gravidade, tamanho da lesão, presença e volume de sangue envolvido, além das condições clínicas do paciente-fonte e uso correto da profilaxia pós-exposição. O risco de infecção por HIV pós-exposição ocupacional percutânea com sangue contaminado é de aproximadamente 0,3%, após exposição de mucosa, aproximadamente 0,09%. No caso de exposição ocupacional ao vírus da hepatite B (HBV), o risco de infecção varia de seis a 30%, podendo chegar até a 60%, dependendo do estado do paciente-fonte, entre outros fatores. Quanto ao vírus da hepatite C (HCV), o risco de transmissão ocupacional após um acidente percutâneo com paciente-fonte HCV positivo é de aproximadamente 1,8% (variando de 0 a 7%). Apesar de todos estes riscos, a falta de registro e notificação destes acidentes é um fato concreto. Alguns trabalhos demonstram aproximadamente 50% de sub-notificação das exposições de um conjunto estimado em aproximadamente 600 mil a 800 mil exposições ocupacionais, anualmente, nos Estados Unidos, por exemplo. Mais recentemente, esta estimativa foi reavaliada e se mostrou ser da ordem aproximada de 385 mil acidentes percutâneos por ano. No Brasil, de acordo com dados publicados em anais de congressos, o cenário dos acidentes ocupacionais envolvendo material biológico é semelhante aos observados em outros países, quando comparamos a incidência de acidentes e de subnotificação.

Após, devemos avaliar o acidente quanto ao potencial de transmissão de HIV, HBV e HCV. Isso é visto através do tipo de exposição, volume/tipo de material biológico, status sorológico da fonte (se possível) e status sorológico/susceptibilidade do exposto. A profilaxia dependerá do conjunto dessas informações, além do tempo transcorrido desde a exposição. Além disso, o acidente com perfurocortante já se enquadra como um tipo de exposição com potencial de transmissão. O volume/tipo de material biológico deve ser avaliado em cada caso. Se o material biológico não tiver risco potencial de transmissão dessas doenças, realizam-se apenas os cuidados locais da ferida. O tempo transcorrido após a exposição deve sempre ser perguntado, pois é um dos determinantes para início da profilaxia, sendo de até 72 horas para iniciar a profilaxia do HIV com antirretrovirais (ARV) e até 7 dias para da HBV (com vacina da Imunoglobulina Hiperimune contra Hepatite B (IGHAB) em caso de exposição percutânea). Para avaliação do status sorológico, é realizado teste rápido de HIV (detecta o anti-HIV), HCV (detecta o anti-HCV) e HBV (detecta o HBsAg) na pessoa exposta, além de verificar o status vacinal para HBV, necessitando da comprovação de imunidade através do anti HBs.

Se possível, a pessoa-fonte também deve realizar os mesmo testes rápidos, sem condicionar ou retardar o atendimento do acidentado à presença da fonte. Quanto à hepatite C, não há profilaxia. Deve-se realizar o acompanhamento, para que, caso venha a ocorrer o desenvolvimento da doença, seja feito um diagnóstico oportuno. O tratamento antiviral é muito eficaz e, quando realizado no início da doença, evita complicações mais graves.

Como devo conduzir um paciente que sofreu um acidente com material perfurocortante?
Quando ocorre um acidente com perfurocortante, a profilaxia pós-exposição (PEP) é a primeira coisa que pensamos, mas não podemos esquecer que a conduta imediata é o cuidado com a área exposta. Deve-se realizar uma lavagem exaustiva do local, com água e sabão, sendo o uso de soluções antissépticas degermantes uma opção adicional ao sabão. Não há evidência de que a expressão local reduza o risco de transmissão. Está contra-indicado procedimentos que aumentem a área exposta (como cortes e injeções locais) e o uso de soluções irritantes (como éter e hipoclorito de sódio).


A Centerlab possui em seu portfólio testes rápidos imunocromatográficos (HIV, HBV e HCV) que utilizam antígenos ou anticorpos como moléculas de captura e detecção com alta sensibilidade e especificidade. Muito práticos e rápidos, são realizados em uma única etapa, assegurando resultados mais precisos.

Ensaio imunocromatográfico para detecção qualitativa de anticorpos específicos de todos os isotipos (1, 2 e grupo O) do vírus HIV:
– Sensibilidade: 100% (166/166);
– Especificidade: 100% (715/715);
– Armazenamento: 2 a 30ºC;
– Amostra: soro, plasma e sangue total;
– Volume de Amostra: 20μL (Sangue total) e 10μL (Soro e plasma);
– Tempo do Teste: 10 minutos (não ler após 20 minutos);
– Validade: 24 meses.

Kit para determinação qualitativa do antígeno de superfície do vírus da hepatite B (HBsAg), por método imunocromatográfico, usando anticorpos mono e policlonais imobilizados na membrana para identificação seletiva de HBsAg em amostras de soro:
– Sensibilidade: 100%;
– Especificidade: 99%;
– Armazenamento: 2 a 30ºC;
– Amostra: soro;
– Volume de Amostra: 100μL (Soro);
– Tempo do Teste: 10 a 20 minutos (não ler após 20 minutos).

Ensaio imunocromatográfico para detecção qualitativa dos anticorpos IgG, IgM, IgA antivirus da Hepatite C
– Sensibilidade: 100%;
– Especificidade: 99,7%;
– Armazenamento: 2 a 30°C;
– Amostra: sangue total, soro ou plasma;
– Volume de Amostra: 20uL (sangue total) e 10uL de soro/plasma;
– Tempo do Teste: 5 minutos (não ler após 20 minutos);
– Validade: 24 meses.

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REFERÊNCIAS:
– https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/protocolo_expos_mat_biologicos.pdf Acesso em: 18/03/2024;
– https://www.medway.com.br/conteudos/acidente-com-material-perfurocortante-como-e-o-protocolo/ Acesso em: 18/03/2024;
– https://aps-repo.bvs.br/aps/quais-acoes-devem-ser-realizadas-apos-um-acidente-com-perfurocortantes/ Acesso em: 18/03/2024;
– https://goldanalisa.com.br/produtos/10/228/hiv/#. Acesso em: 18/03/2024;
– https://www.wamadiagnostica.com.br/bulas/imuno-rapido/hbsag-1.pdf. Acesso em: 18/03/2024;
– https://ecodiagnostica.com.br/diagnostico-rapido/hiv-4-line-eco-teste/.Acesso em: 18/03/2024;
– https://ecodiagnostica.com.br/diagnostico-rapido/hcv-ab-eco-teste/. Acesso em: 18/03/2024.

Leucemia

Leucemia

No corpo humano todas as células apresentam um ciclo natural, elas são originadas, diferenciam-se, proliferam e morrem. Entretanto, algumas células saem desse ciclo, evadindo-se dos mecanismos de controle celular, geralmente em decorrência de mutações. Consequentemente, essas células dão origem a outras células com as mesmas imperfeições transformando-se em um tumor. Os tumores apresentam duas características principais que os diferenciam, sendo, ritmo de crescimento (divisão celular) e sua capacidade de infiltração para outros tecidos. A palavra câncer é oriunda do latim, no qual o significado é caranguejo, devido sua capacidade invasiva. O termo já sugere seu caráter maligno, devido seu crescimento exacerbado e capacidade de migração. Este processo facilita a entrada dessas células em outros tecidos do corpo, podendo inclusive utilizar a corrente sanguínea ou sistema linfático como mecanismo de transporte, gerando assim, um tumor secundário ou metástase.

A leucemia, que vem do Grego LEUKOS, “branco”, mais HAIMA, “sangue”, são consideradas doenças malignas do sangue, ou seja, um tipo de câncer inicialmente originário na medula óssea, com consequências fisiológicas graves, podendo levar o indivíduo à morte. Nela ocorre a proliferação neoplásica generalizada ou acúmulo de células hematopoiéticas, com ou sem envolvimento do sangue periférico. Na maioria dos casos, as células leucêmicas (figura 1) extravasam para o sangue, onde podem ser vistas em grande número. Essas células também podem infiltrar o fígado, baço, linfonodos e outros tecidos. As leucemias podem ser agrupadas com base na velocidade em que a doença evolui e torna-se grave. Sob esse aspecto, a doença pode ser do tipo:

– Crônica (Caracterizada pelo aumento de células maduras, mas anormais). Nesse grupo, o câncer afeta majoritariamente as células que já passaram por certo processo de amadurecimento dentro da medula óssea e que já são mais desenvolvidas, de certa forma. No início da doença, as células leucêmicas ainda conseguem fazer algum trabalho dos glóbulos brancos normais. Geralmente descobrem se a doença durante exame de sangue de rotina. Lentamente, a leucemia crônica se agrava. À medida que o número de células leucêmicas aumenta, aparecem inchaço nos linfonodos (ínguas) ou infecções. Quando surgem, os sintomas são brandos, agravando-se gradualmente.
– Já a leucemia Aguda (caracterizam-se pela proliferação clonal acompanhada de bloqueio maturativo (anaplasia) variável. As células leucêmicas não podem fazer nenhum trabalho das células sanguíneas normais. O número de células leucêmicas cresce de maneira rápida e a doença agrava-se num curto intervalo de tempo.

 

Figura 1

 

As leucemias também podem ser agrupadas baseando-se nos tipos de glóbulos brancos que elas afetam: linfoides ou mieloides. As que afetam as células linfoides são chamadas de linfoide, linfocítica ou linfoblástica. A leucemia que afeta as células mieloides são chamadas Mieloide ou mieloblástica. Combinando as duas classificações, existem quatro tipos mais comuns de leucemia:

– Leucemia Linfoide Aguda (LLA) – é o câncer mais comum na infância causado por uma mutação nos linfócitos na medula óssea por algum erro no DNA. Esse dano gera um linfoblasto que não amadurece e, por isso, não se transforma em uma célula sanguínea funcional.
– Leucemia Mieloide Aguda (LMA) – é o tipo mais comum e mais agressivo da doença. A LMA progride rapidamente, e as células mieloides interferem na produção normal de glóbulos brancos e vermelhos e de plaquetas. Tem predominância em adultos mais velhos (acima de 60 anos de idade), com mais de 50% dos casos. É mais comum no sexo masculino do que no feminino, representa cerca de 15% a 20% das LA da infância e 80% das dos adultos e apresenta um prognóstico ruim, especialmente em pacientes idosos.
– Leucemia Linfoide crônica (LLC) – é caracterizada pelo acúmulo progressivo de linfócitos B malignos fenotipicamente maduros.Os locais primários da doença incluem sangue periférico, medula óssea, baço e linfonodos. Ela progride lentamente e costuma afetar idosos e é o tipo mais comum de leucemia no mundo ocidental.
– Leucemia Mieloide Crônica (LMC) – nesse tipo de leucemia, o corpo produz um grande número de células anormais da série Mieloide. Essas contagens vão aumentando de forma progressiva. É causada por uma mutação de cromossomos que ocorre espontaneamente. É comum ocorrer o aumento do baço associado, chamado de esplenomegalia.

Para o ano 2030, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estimou 75 milhões de pessoas vivas com câncer, sendo 21 milhões de casos novos da doença e 13 milhões de mortes em todo mundo. Atualmente, a estimativa é de 14 milhões de casos novos e 8 milhões de mortes por câncer. O Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima que, para cada ano do triênio 2020/2022, sejam diagnosticados no Brasil 5.920 casos novos de leucemia em homens e 4.890 em mulheres.

As causas da leucemia ainda não estão definidas, mas, suspeita-se da associação entre determinados fatores com o risco aumentado de desenvolver alguns tipos específicos da doença como: tabagismo, Síndrome de Down e outras doenças hereditárias, Síndrome mielodisplásica e outras doença sanguíneas, benzeno, radiação ionizante (raios X e gama), quimioterapia (algumas classes de medicamentos usados no tratamento do câncer e doenças auto-imunes), formaldeído, produção de borracha, história familiar, idade, exposição a agrotóxicos, solventes, diesel, poeiras, infecção por vírus de hepatite B e C.

Sintomas:
Os primeiros sinais geralmente aparecem quando a medula óssea deixa de produzir células sanguíneas normais. Tendo com principais sintomas palidez, cansaços, palpitações, gânglios aumentados, infecções persistentes ou recorrentes, hematomas, manchas avermelhadas pelo corpo, sangramentos incomuns, aumento do baço e do fígado, anemia, fraqueza, febre ou suores noturnos; perda de peso sem motivo aparente, dores nos ossos e nas articulações, dores de cabeça, náuseas, vômitos, visão dupla e desorientação.

Tratamento:
O tratamento vai desde quimioterápico ou medicamentos direcionados que eliminam especificamente as células cancerígenas até transplante de medula óssea.

Diagnóstico:
Diante da suspeita de um quadro de leucemia, um dos principais exames de sangue para confirmação é o hemograma. Em caso positivo, o hemograma estará alterado, mostrando na maioria das vezes um aumento do número de leucócitos (na minoria das vezes o número estará diminuído), associado ou não à diminuição das hemácias e plaquetas. Outras análises laboratoriais devem ser realizadas, como exames de bioquímica e da coagulação, e poderão estar alterados.

A confirmação diagnóstica é feita com o exame da medula óssea (mielograma). Entretanto o hemograma de uma pessoa com leucemia que apresenta alteração pode auxiliar no diagnóstico. É possível que elas apareçam em um curto intervalo de tempo e ajudem a identificar, precocemente, esse tipo de câncer. No caso das leucemias agudas, ou seja, a leucemia mieloide aguda (LMA) e leucemia linfoide aguda(LLA) há três principais elementos que devem ser analisados. A hemoglobina, as plaquetas e se há presença dos blastos. Caso o resultado do hemograma indique que o nível de hemoglobina está baixo (menor que 12g/dl), plaquetas baixas (menor que 100.000/mm³) e mais de 20% de blastos, há uma grande probabilidade de ser uma leucemia aguda. Já o hemograma de uma pessoa com leucemia crônica será diferente, dependendo do tipo de leucemia. Isso acontece porque cada subtipo apresenta um conjunto de alterações no exame de sangue. Na LMC, o nível de leucócitos é alto com aparecimento de leucócitos jovens. Sendo que há uma maior quantidade de elementos jovens em comparação com os mais velhos, chamado de desvio escalonado. Enquanto que na LLC, há um aumento de 40% dos linfócitos em comparação com o hemograma de uma pessoa saudável. Nesta situação o aumento dos linfócitos indica a presença de anomalia nestas células. A confirmação é feita pela imunofenotipagem e marcadores moleculares.

O progresso das tecnologias médicas recentes é notável. Em hematologia, muitos resultados da medição são processados automaticamente em sistemas de alto rendimento. A Centerlab, comprometida em oferecer o melhor em automação laboratorial, juntamente com a Nihon Kohden, empresa Japonesa com 40 anos de experiência na fabricação de analisadores hematológicos, apresenta sua linha equipamentos. Máquinas robustas fabricadas em aço inoxidável, de fácil operação pelo usuário, toda linha de equipamentos possui um sistema de filtros e limpeza automática para retenção e remoção de coágulos. Tudo isso além de tecnologias exclusivas da Nihon Khoden que trazem maior rapidez, segurança e qualidade no diagnóstico de doenças hematológicas.

Tecnologias Exclusivas Nihon Kohden:
A tecnologia ótica ”DynaScatter Laser” (presentes no Celltac ES e Celltac G) analisa e diferencia as células WBC em seu estado “quase-nativo” com muita precisão. O inovador sistema de detecção de espalhamento de laser de 3 ângulos provê uma melhor diferenciação dos Leucócitos realizando uma medição precisa. A tecnologia chamada “DynaHelix Flow” (presente no Celltac G) alinha perfeitamente as células Leucócitos, Hemácias e Plaquetas para uma contagem de alta impedância com precisão usando um fluxo hidrodinâmico focado antes de passar pela abertura. Somado a isso, o fluxo contínuo após a contagem previne totalmente contra o risco de a mesma célula ser contada duas vezes (retorno).

Figura 2

 

Celltac α 6550
– Tecnologia Japonesa, velocidade de60 amostras/hora e volume de amostra: 30 microL;
– 19 Parâmetros: WBC, RBC, HGB, HCT, MCV, MCH, MCHC, RDW-CV, RDW-SD, PLT, PCT, MPV, PDW;
– Diferencial de Leucócitos em 3 partes (LY, LY%, MO, MO%, e GR, GR%)*;
– Verificação diária automática e livre de manutenção, gerenciamento da utilização dos reagentes, análise em tubo aberto e fechado,eliminando contato com sangue (biosegurança) e impressora térmica integrada;
– Remoção automática de coágulos, filtros de retenção de coágulos, compacto, durável, robusto todo em aço inox.

Celltac Alfa

Celltac ES
– Tecnologia Japonesa, velocidade de60 amostras/hora e volume de amostra: 55μl;
– 25 Parâmetros: WBC, RBC, HGB, HCT, MCV, MCH, MCHC, RDW-CV, RDW-SD, PLT, PCT, MPV, PDW;
– Diferencial de Leucócitos 6 partes: LY, LY%, MO, MO%, NE, NE%, EO, EO%,BA, BA%, IG, IG%;
– Verificação diária automática e livre de manutenção, gerenciamento da utilização dos reagentes e análise em tubo aberto e fechado, eliminando contato com sangue (biosegurança);
– Contagem avançada de PLT e WBC para valores baixo automaticamente e impressora térmica integrada;
– Remoção automática de coágulos, filtros de retenção de coágulos e compacto, durável, robusto todo em aço inox.

 

Celltac ES

Celltac G 9100
– Tecnologia Japonesa, velocidade de 90 amostras/hora e volume de amostra: 40 microL;
– 33 Parâmetros: WBC, RBC, HGB, HCT, MCV, MCH, MCHC, RDW-CV, RDW-SD, PLT, PCT, MPV, PDW, P-LCR, PLCC, Índice Mentzer e RDW-I;
– Diferencial de Leucócitos 7 partes: LY, LY%, MO, MO%, NE, NE%, EO, EO%,BA, BA%, Band, Band%, IG, IG%, Seg% e Seg;
– Verificação automática e livre de manutenções diárias, extremamente fácil operação, valores de controles adicionados automaticamente por cód. de barras, Carregamento continuo de amostras com capacidade para 7 racks de 10 tubos e jomogeneização e análise automática das amostras (tubo fechado);
– Gerenciamento e rastreabilidade dos reagentes;
– Remoção automática de coágulos, filtros de retenção de coágulos, compacto, durável, robusto todo em aço inox;
– Os recém adicionados RDWI e Índice Mentzer adicionam valiosas informações clínicas para que se possa diferenciar beta-talassemia de uma possível anemia ferropriva nos casos de anemia microcítica.

 

Celltac G

 

Importante: Esse boletim tem o caráter informativo e não deve ser utilizado para interpretação de resultados e manejo clínico.

Referencias:
– http://www.oncoguia.org.br/conteudo/sinais-e-sintomas-da-leucemia-mieloide-aguda-lma/1598/332/
– https://www.rededorsaoluiz.com.br/clinica/cehon/sobre-o-cancer/neoplasias-hemat/leucemia-cronica
– https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/hematologia-e-oncologia/leucemia/leucemia-linfoc%C3%ADtica-cr%C3%B4nica-llc
– https://www.scielosp.org/article/csc/2017.v22n10/3321-3332/
– https://portal.unisepe.com.br/unifia/wp-content/uploads/sites/10001/2019/02/022_LEUCEMIA-MIELOIDE-AGUDA-E-CR%C3%94NICA-DIAGN%C3%93STICOS-E-POSS%C3%8DVEIS-TRATAMENTOS.pdf
– https://www.scielo.br/j/jbpml/a/C6NQ7KQYbZNsdpp7TGW7vpk/?format=pdf&lang=pt
– https://www.inca.gov.br/tipos-de-cancer/leucemia
– https://revista.abrale.org.br/hemograma-e-diagnostico-de-leucemia/
– https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/inca/Avaliacao_epidemiologica_das_leucemias_linfoblasticas_em._pa.pdf
– https://www.einstein.br/especialidades/oncologia/tipos-cancer/leucemia

Resistência Antimicrobiana: Patógenos que Afetam a Saúde Animal

Resistência Antimicrobiana: Patógenos que Afetam a Saúde Animal

Resistência Antimicrobiana: Patógenos que Afetam a Saúde Animal

A resistência antimicrobiana ocorre quando microrganismos como bactérias e fungos desenvolvem a capacidade de derrotar as drogas destinadas a matá-los, os antibióticos, e continuam a se desenvolver. Muito debatida na saúde humana, a resistência antimicrobiana de alguns patógenos também pode afetar a saúde dos animais e, consequentemente, das pessoas e até mesmo do ambiente (solo e água).

ONE HEALTH: CONCEITO DE SAÚDE ÚNICA

One Health é uma abordagem que reconhece que a saúde das pessoas está intimamente ligada à saúde dos animais e ao nosso ambiente compartilhado. O termo trata de questões ligadas à saúde, epidemiologia e adoção de políticas públicas efetivas para prevenção e controle de enfermidades, trabalhando nos níveis local, regional, nacional e global. One Health não é novo, mas se tornou mais importante nos últimos anos. Isso ocorre porque muitos fatores mudaram as interações entre pessoas, animais, plantas e nosso meio ambiente.

À medida que o mundo de hoje se torna cada vez mais conectado, a necessidade de aplicar efetivamente o conceito One Health só aumenta. Não só para proteger pessoas e animais de doenças, mas também para impedir rupturas econômicas que podem acompanhar esses surtos de doenças. Isso significa realizar vigilância, planejar atividades de resposta a surtos e criar estratégias de prevenção de doenças para reduzir a contaminação e mortes em pessoas e animais.

ANTIBIÓTICOS COMO PROMOTORES DE CRESCIMENTO DA RESISTÊNCIA ANTIMICROBIANA

Antimicrobianos passaram a ser significativamente usados na criação de animais para consumo na década de 50. Em 1951, o Food and Drug Administration (FDA) dos EUA liberou a sua administração na dieta animal sem receita veterinária. Desde então, além de serem aplicados no tratamento de infecções, os fármacos têm sido usados como promotores de crescimento nesses animais.

Hoje, na criação animal, há basicamente três tipos de uso de antimicrobianos. O primeiro é o terapêutico, como ocorre com o ser humano. A segunda maneira é a preventiva, como no desmame dos suínos — esse animal provavelmente vai passar por estresse, vai ter uma imunossupressão, que pode levar à infecção por várias bactérias, então se faz preventivamente o tratamento. A terceira maneira é a mais polêmica e a mais discutida na ciência, que é a administração de antimicrobianos como melhorador de desempenho. Nesse caso, o animal não tem nenhuma doença, provavelmente não vai ficar doente, e a droga é empregada com a finalidade de promover o crescimento.

As medicações antibióticas reduzem o tamanho e o peso do trato digestório, o que torna as vilosidades e as paredes intestinais mais finas, aumentando a absorção dos nutrientes. Além de manter a qualidade da flora gastrointestinal dos animais, pois controlam a flora patogênica e, assim, diminuem a disputa por nutrientes, além de reduzirem a produção de metabólitos depressores do crescimento dos animais. Esses produtos indicados com função de aditivo alimentar são chamados de antibióticos promotores de crescimento (APC), ou antibióticos melhoradores do desempenho animal.

Em 2016, cerca de 8,4 milhões de kg de antibióticos considerados importantes para uso humano foram vendidos para uso na pecuária

RESISTÊNCIA ANTIMICROBIANA E MAIOR CONTROLE DOS ANTIBIÓTICOS

A União Europeia proibiu o uso de antibióticos como promotores do crescimento em 2005 e, em 2018, proibiu o uso rotineiro de profilaxia em massa usando rações com antibióticos. Os EUA também têm implementado uma melhor regulamentação de antimicrobianos em animais de corte. Desde janeiro de 2017, a FDA tem desautorizado o uso de antimicrobianos clinicamente importantes na promoção do crescimento em animais de corte, e suas regulamentações sobre as diretrizes de alimentação veterinária têm limitado antibióticos clinicamente importantes da venda livre para criadores, para exigir controle veterinário. Alguns estados possuem regras ainda mais rígidas sobre antibióticos para animais de corte, mas nenhum se aproximou da proibição direta.

No Brasil, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) garante que o país está correndo atrás para ter um sistema de vigilância, por meio do Plano de Ação Nacional de Prevenção e Controle da Resistência aos Antimicrobianos no âmbito da Agropecuária (PAN-BR AGRO), cujo prazo previsto para implementação vai de 2018 a 2022.

Em dezembro de 2018, a Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA), ligada ao MAPA, por meio da Portaria Nº 171, informou sobre a intenção de proibição de alguns antimicrobianos com a finalidade de aditivos melhoradores de desempenho, abrindo prazo para manifestação dos setores envolvidos. Dentro os antimicrobianos utilizados estariam os que contém bacitracina, lincomicina, tiamulina, tilosina e virginiamicina em todo o território nacional. Essa decisão segue as recomendações de órgãos internacionais, como a Organização Mundial da Saúde (OMS), e as práticas adotadas por demais países, como os EUA, que proibiram a administração de qualquer antibiótico de importância para a medicina humana na produção de animais, mesmo na forma terapêutica.

CONSEQUÊNCIAS DO USO EXCESSIVO DE ANTIBIÓTICOS NA PRODUÇÃO ANIMAL

O uso contínuo dos APCs na produção animal diminuiu gradativamente os efeitos dos medicamentos, aumentando a resistência antimicrobiana, o que levou à necessidade de doses mais altas e à total dependência do uso desses medicamentos em algumas cadeias produtivas, especialmente as de suínos e aves.

Esse fato culminou no aparecimento de bactérias resistentes aos antibióticos, o que se torna um problema quando é preciso utilizá-los para o tratamento de infecções e doenças nos plantéis (animais de reprodução). Mas não é só isso. O assunto também afeta a saúde pública, motivo pelo qual se tem buscado a redução ou a eliminação de APCs na nutrição animal.

Há alguns anos, pesquisadores descobriram o gene resistente mcr-1 em plasmídeo de Escherichia coli de suínos e muitos estudos indicam a possibilidade de esse gene ser transferido para a flora gastrointestinal de humanos que consomem produtos de origem animal. Por causa disso, desde 2016 foi proibido o uso de Colistina (Poliximina E) assim como outros da classe dos macrolídeos e da penicilina como APC, pois são amplamente usados e criticamente importantes para a saúde humana.

Uma análise feita entre 2004 e 2006 pela Anvisa em amostras de frangos congelados vendidos em 14 estados brasileiros, detectou bactérias Salmonella e Enterococcus resistentes a vários antimicrobianos. Das 250 cepas de Salmonella analisadas, por exemplo, 77% foram consideradas multirresistentes.

MAS COMO ESSE MATERIAL GENÉTICO RESISTENTE PASSA DOS ANIMAIS PARA OS HUMANOS?

O caminho de “transmissão” de microrganismos resistentes ainda é desconhecido e muito estudado. Primariamente, acredita-se na transmissão fecal-oral. Microrganismos intestinais podem contaminar, diretamente, carne ou outros produtos animais quando o processamento dos alimentos fica aquém dos padrões ótimos. Também é importante lembrar que muitos desses antibióticos são excretados na urina e nas fezes e chegam ao meio ambiente contaminando água a ser ingerida por humanos que bebem água não tratada ou comem vegetais crus irrigados com essa água. Outra hipótese é que esses antibióticos excretados podem causar resistência a microrganismos do meio ambiente que não são parte da flora intestinal do animal. E, devido à capacidade de transferir genes localizados em elementos genéticos móveis, esses organismos portando, esses genes móveis, podem transferir resistência a organismos completamente diferentes os quais são patógenos humanos. Outra possibilidade é que pessoas que trabalham em contato direto com animais sejam, possivelmente, colonizadas por microrganismos resistentes.

Em uma tese de mestrado, realizada na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), pesquisadores buscaram bactérias resistentes em amostras de queijo minas frescal. Todos os exemplares estudados apresentaram algum conjunto de bactérias resistentes — em 13% a resistência antimicrobiana foi constatada para todos os antibióticos testados, e em 80%, para 8 a 10 diferentes antibióticos. Foi constatada ainda resistência antimicrobiana em 87% dos queijos aos carbapanêmicos, tipo de antibiótico potente que é considerado uma das últimas alternativas na luta contra microrganismos muito resistentes.

O uso de antibióticos na nutrição animal deve ser racional e cauteloso, tendo em vista as graves consequências que o abuso pode causar tanto na saúde animal como na humana. A restrição e a proibição de diversos antimicrobianos na agropecuária direcionam os produtores a estabelecerem planos estratégicos para atingirem seus objetivos produtivos, sendo que o foco em nutrição se mostra o mais efetivo. É mais provável que medidas preventivas ajudem em curto prazo, incluindo coisas como:

  • Novas vacinas;
  • A criação seletiva de animais com maior resistência a doenças;
  • Métodos de processamento de alimentos que eliminem mais patógenos antes do ponto de venda;
  • Melhores métodos de testes, como exames por PCR multiplex, capazes de diagnosticar patógenos específicos e, assim, ajudar a distinguir a infecção viral da bacteriana e também identificar animais infectados rapidamente, para que possam ser isolados e tratados sem ter que tratar toda a manada ou grupo de animais;
  • Usar probióticos e ácidos orgânicos para a promoção do crescimento.

Fonte: Kasvi

Na volta do feriado, paulistanos enfrentam fila em postos de saúde para descobrir se têm Covid ou influenza

Na volta do feriado, paulistanos enfrentam fila em postos de saúde para descobrir se têm Covid ou influenza

Na volta do feriado, paulistanos enfrentam fila em postos de saúde para descobrir se têm Covid ou influenza

Na primeira segunda-feira do ano, muita gente em vez de ir ao trabalho foi ao posto de saúde em busca de testes para gripe ou Covid. Com sintomas parecidos, a população tenta descobrir que doença tem após o período de festas num país onde faltam testes.

Há quatro dias a média móvel de casos de Covid está 100% maior que o cálculo de 14 dias atrás, o que demonstra forte tendência de alta. Enquanto isso, o surto de influenza avança pelo Brasil.

Em São Paulo, Unidades Básicas de Saúde têm cerca de três horas de espera para quem busca fazer o teste e receber algum tipo de tratamento. As filas de pessoas com tosse, dores no corpo, dor de garganta e febre são longas.

A jornalista Cristiane Sinatura, 32 anos, passou alguns dias da semana passada no Rio. Voltou para São Paulo com tosse leve, comum às suas crises de rinite e, por isso, seguiu com a programação de folga e viajou para um sítio com amigos. Foi lá que começou a sentir febre, dor de garganta e dores pelo corpo. Passou a virada de ano isolada em um quarto. Achava que estava com gripe, até quando, na manhã de segunda, não sentiu o gosto do café.

Tentou uma consulta por telemedicina, mas não havia previsão de atendimento devido ao excesso de chamadas. Então foi à farmácia e fez um teste rápido, que deu negativo para Covid. Mesmo assim, não se sentiu segura e foi ao posto de saúde na Vila Madalena, zona Oeste de São Paulo, mas desistiu ao saber que teria que ficar 2h30 esperando atendimento.

— Não quero ficar doente na fila, então vou para casa esperar a janela para fazer mais um teste de farmácia, que parece detectar qual dos dois vírus tenho. Vou ter que pagar. Confio na vacina, tomei três doses, então não me preocupo tanto com a evolução, mas fico tensa por não saber o que eu tenho. Preciso descobrir até para entender quanto tempo devo ficar em isolamento — afirma Sinatura.

Preocupada com o futuro também está Elisângela Chable, empresária de 27 anos. Com febre de 39 graus e calafrios, foi à farmácia tomar uma injeção, acreditando estar gripada. Com o passar dos dias, surgiu a tosse, dor no corpo, especialmente no peito e nos olhos, e muito cansaço. Diante disso, decidiu encarar a espera de mais de três horas em uma UBS na Lapa.

—Como eu sabia que ia ser demorado, decidi tratar em casa mesmo. Mas preciso saber o que tenho para seguir a vida. Não posso parar de trabalhar — conta ela, que não sabe como se contaminou. — Pode ter sido no Natal, mas todos estão bem em casa. Pode ter sido na rua, no metrô, não sei.

Fonte: O Globo
Constança Tatsch
03/01/2022 – 13:38 / Atualizado em 03/01/2022 – 13:44

Crescem os casos de pessoas e profissionais de saúde com depressão na pandemia

Crescem os casos de pessoas e profissionais de saúde com depressão na pandemia

Casos de pessoas com depressão na pandemia foram intensificados e aumentaram no país, conforme veremos ao longo deste artigo. Mas é importante esclarecer: antes da crise de saúde pública que estamos passando, o Brasil já estava entre os países com os maiores índices desta enfermidade.

A doença é um transtorno mental ocasionado por uma combinação de fatores genéticos, biológicos, ambientais e psicológicos, que afetam o cotidiano das pessoas no trabalho, estudo, alimentação, descanso e lazer. Estima-se que mais de 300 milhões de pessoas, de todas as idades, sofram com essa doença, como podemos visualizar na página da Organização Mundial da Saúde (OMS).

A própria Organização Mundial da Saúde (OMS) já havia declarado o Brasil como o país com mais deprimidos na América Latina, com 5,8% da população atingida pela doença. Dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2019, mostra que o percentual de brasileiros que declaram ter recebido diagnóstico de depressão por profissional de saúde mental aumentou 34,2% em seis anos, totalizando 16,9 milhões de pessoas.

Variáveis para o aumento de casos de depressão na pandemia

O isolamento social fez com que familiares e amigos se afastassem uns dos outros, para evitar a proliferação do vírus e o aumento de casos. Este distanciamento contribuiu para que as pessoas se sentissem sozinhas e se preocupassem mais com os familiares que estavam longe e aqueles que precisam de cuidados especiais, durante o período de quarentena.

Além dessa separação, não podemos esquecer das famílias afetadas financeiramente pelo fechamento de empreendimentos, estabelecimentos comerciais e outros tipos de negócio. O desemprego e a falta de renda contribuem para o surgimento de sintomas depressivos, devido à incerteza de não conseguir cumprir com as responsabilidades mensais e as necessidades dos familiares.

A terceira circunstância é o medo de ser infectado pelo vírus SARS-CoV-2, sofrer com os sintomas e colocar os grupos mais vulneráveis em risco. Este sentimento de alerta é dobrado quando se trata daqueles que precisam sair de suas residências diariamente para trabalhar. Por fim, mas não menos importante, os amigos e familiares que convivem com o luto estão entre os mais suscetíveis a desenvolver a doença em razão da dor da perda.

Comportamentos correlacionados com o aumento de casos de depressão na pandemia

Uma pesquisa do Instituto de Psicologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) aponta que os casos de depressão saltaram de 4,2% para 8,0% entre março e abril de 2020, pico da pandemia. Outro estudo da mesma instituição, cujo artigo foi publicado na revista The Lancet, mostra que os casos de depressão aumentaram 90%.

Todas as mudanças de convivência e os impactos econômicos provocados pela pandemia são catalisadores para desenvolver comportamentos que indicam quadros depressivos, como aumento de consumo de cigarros, bebidas alcoólicas, comidas ultraprocessadas, internet e televisão. Em contrapartida, observa-se menos atividades físicas, horas de sono e alimentação saudável.

A pesquisa ConVid Comportamentos, com participações diretas de três das maiores instituições brasileiras da área de pesquisa (Fiocruz, Unicamp e UFMG), aponta que, dos 45.161 brasileiros entrevistados, 40,4% alegaram ter sentimentos de tristeza ou depressão. Veja alguns números de comportamentos que estão correlacionados com este quadro:

  • 34% dos fumantes aumentaram o número de cigarros consumidos por dia.
  • 17,6% das pessoas aumentaram o consumo de álcool.
  • O índice de pessoas que praticavam exercícios físicos semanais caiu de 30,4% para 12,6%.
  • Aumento médio diário de 1h45 de consumo de TV e 1h30 de consumo de computador e tablet.

Profissionais de saúde apresentam sintomas depressivos

Os profissionais de saúde estão na linha de frente no combate e na contenção do vírus. Com alguns estados novamente na fase crítica, alguns especialistas acreditam que a “segunda onda” da doença complicará ainda mais as condições de trabalho desses profissionais, que estão mais vulneráveis a desenvolver a síndrome de burnout.

Na 4ª edição da pesquisa “Os médicos e a pandemia de Covid-19”, da Associação Paulista de Medicina (APM), em conjunto com a Associação Médica Brasileira (AMB) e apoio da FGV EAESP, mostra que de 3.882 médicos ouvidos, 80,8% acreditam que a segunda onda da pandemia da COVID-19 é tão ou mais grave do que a primeira, 91,5% indicaram que há um aumento de casos e 69,1% disseram ser possível observar o crescimento de óbitos motivados pela doença.

No artigo “Segurança e Saúde no trabalho: síndrome de burnout”, explicamos que este distúrbio emocional e psíquico é mais comum em profissionais da área da saúde, que atuam sob pressão e com responsabilidades constantes em que o contato humano é contínuo, semelhante ao momento que estamos passando.

A responsabilidade de salvar vidas, somada ao cansaço, estresse, superlotação do sistema de saúde, falta de leitos e insumos, além da sobrecarga de serviços (haja vista que alguns profissionais também foram acometidos ou estão deixando os postos de trabalho em razão da pressão), são determinantes para desenvolver quadros depressivos. Segundo a APM, mais de 80% dos médicos indicam haver uma ocupação maior do que o habitual e 17,7% relatam superlotação.

Este cenário médico atual é propício para quem está na contenção do vírus desenvolver a síndrome de Burnout ou quadros depressivos, em razão das variáveis mencionadas no segundo tópico e que são intensificadas quando se deparam com os casos no local de trabalho. De acordo com a APM, 92,1% dos entrevistados apontaram que há, onde trabalham, médicos com algum sintoma mental ou físico que pode indicar quadros mais graves de exaustão e sobrecarga. Veja por quais situações os médicos estão passando:

  • Ansiedade (64%).
  • Estresse (62%).
  • Sensação de sobrecarga (58%).
  • Exaustão física e emocional (54,1%).
  • Mudanças bruscas de humor (34,4%).
  • Dificuldade de concentração (27%).

Interrupção de serviços essenciais de saúde mental e principais reclamações

É importante que os gestores da área acompanhem sua equipe, para afastar e tratar os profissionais que estejam apresentando os sintomas da síndrome de Burnout ou quadros depressivos. A pesquisa da OMS “O impacto da COVID-19 nos serviços mentais, neurológicos e de uso de substâncias”, realizada em 130 nações entre junho e agosto de 2020, mostra que a pandemia interrompeu os serviços essenciais de saúde mental em 93% dos países, 67% confirmaram o impacto no atendimento psicoterapêutico e 60% reportaram interrupções nos serviços de atendimento à saúde mental para a população mais vulnerável, incluindo crianças e adolescentes (72%) e idosos (70%).

A falta de estrutura e insumos inibem o trabalho desses profissionais nas unidades de saúde. Entre as principais reclamações dos médicos, segundo a pesquisa da APM, estão a falta de profissionais de saúde (32,5%), seguido por diretrizes, orientação ou programa para atendimento (27,2%), leitos de internação nas unidades ou em UTI (20,3%), materiais hospitalares diversos (16,7%), medicamentos (11%) e respiradores (5,9%).

Pessoas com sintomas depressivos podem procurar tratamento na atenção primária, nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) ou em ambulatórios especializados. Além do atendimento psicoterápico, o médico avaliará qual antidepressivo receitar, com base nos antecedentes pessoais e familiares e em doenças clínicas.

Fonte: Labtest