Prevenção de acidentes por material perfurocortante no laboratório clínico

Prevenção de acidentes por material perfurocortante no laboratório clínico

Prevenção de acidentes por material perfurocortante no laboratório clínico

No setor de saúde, acidentes provocados por materiais perfurocortantes é a maior causa da transmissão de doenças infecciosas, sendo os acidentes causados por agulhas os de maior risco. Mais de 50% de todos os casos registrados são relativos à equipe de enfermagem, seguidos por médicos e equipe de laboratório. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que dos 35 milhões de profissionais da saúde em todo o mundo, quase 3 milhões passam por exposições percutâneas a patógenos sanguíneos a cada ano. Dois milhões dessas exposições são ao Vírus da Hepatite B (HBV), 0,9 milhões ao Vírus da Hepatite C (HCV) e 170.000 ao Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV). Esses acidentes podem potencialmente resultar em 15.000 infecções por HCV, 70.000 por HBV e 1000 por HIV. Além disso, sabe-se ainda que as punções acidentais por agulha transmitem outros tipos de patógenos sanguíneos, incluindo vírus, bactérias, fungos e outros micro-organismos responsáveis por doenças como difteria, gonorreia, herpes, malária, sífilis, tuberculose, etc.

A OMS observa que a maioria desses acidentes dentro do ambiente de saúde, é passiva de prevenção. A prevenção requer dentre outros a proteção pessoal para a equipe, incluindo dispositivos de segurança na agulha, sendo que no Brasil está de acordo com a Norma Regulamentadora NR32 que tem por finalidade estabelecer as diretrizes básicas para a implementação de medidas de proteção à segurança e à saúde dos trabalhadores dos serviços de saúde, bem como daqueles que exercem atividades de promoção e assistência à saúde em geral e pela PORTARIA N.° 939, DE 18 DE NOVEMBRO DE 2008, que deverá ser assegurado ao profissional de saúde o uso de dispositivos de segurança acoplados nos perfurocortantes pelas instituições a partir de 18 de Novembro de 2010, tento o prazo de 2 anos para adequação a partir da data de publicação desta Portaria.

Os profissionais da saúde não percebem e não acreditam no perigo ocupacional de contrair infecções transmitidas pelo sangue, devido a sua exposição diária a ele e a outros fluídos corporais. O risco de infecção depende do predomínio dessas doenças na população de pacientes com os quais lidam, e ainda, da natureza e frequência das exposições. Punções acidentais por agulhas, em que a pele foi rompida, implicam altos riscos de transmitir infecções.

Pesquisa feita com 75 hospitais no Reino Unido em 2009 revelou em quais momentos o acidente acontece (figura 1), e quais os profissionais que estavam envolvidos no mesmo, observando-se a coleta de sangue como um dos principais procedimentos de risco: Para prevenir acidentes, agulhas, seringas e dispositivos médicos devem ser manuseados com cautela. Agulhas não devem nunca serem re-encapadas, re-utilizadas, entortadas propositalmente, quebradas com a mão, compartilhadas, reesterilizadas, removidas de uma seringa descartável ou mesmo adaptadores para coleta de sangue a vácuo. Depois de usadas, as agulhas devem ser descartadas em descartadores para perfurocortante claramente identificados e resistentes á perfuração, para o transporte aos locais de descarte. A OSHA, Occupational Safety and Health Administration dos Estados Unidos, define “objetos perfurocortantes com dispositivos de segurança que protegem contra acidentes” como: um objeto perfurocortante sem agulha ou um dispositivo com agulha, utilizado para coleta de sangue, acessando uma veia ou artéria, ou administrando medicamentos ou outros fluídos, com um dispositivo de segurança acoplado que reduza efetivamente o risco de um acidente ocupacional. Esta categoria de dispositivos abrange um amplo conjunto de produtos  médicos que incorporam dispositivos de segurança que reduzem a chance de acidentes envolvendo objetos perfurocortantes. Esses recursos de segurança incluem travas ou tampas que protegem os materiais perfurocortantes, superfícies ou pontos retráteis, capas de proteção, tubos capilares plásticos etc.

Gráfico

 

Hoje as agulhas hipodérmicas devem possuir dispositivos de segurança (figura 2a) para evitar acidentes com o profissional de saúde. Etambém, novas recomendações do CLSI onde seringa e agulha são usadas para coletar sangue, preconizam o uso de um dispositivo de transferência (Figura 2b). Trata-se de um adaptador de coleta de sangue a vácuo, com agulha distal acoplada para a transferência do sangue da seringa diretamente  para o tubo (figura 2c), sem a necessidade de manuseio do sangue e abertura do tubo (NCCLS/CLSI H3- A6, Vol.27 No26, Procedures for the Collection of Diagnostic Blood Specimens by Venipuncture; Approved Standard – Sixth edition, 2007). Existem ainda seringas com dispositivos de segurança acoplados que, além de prevenir o acidente perfurocortante, também evita a reutilização da seringa com a quebra do êmbolo, após o procedimento técnico (figura 2d).

 

Figura 2

 

Dispositivos de segurança em coleta de sangue a vácuo (figura 3): O dispositivo de segurança deve ser parte integral da agulha; Fornecer uma cobertura/tampa/superfície rígida que permita que as mãos permaneçam atrás do elemento perfurante ou cortante.

 

Figura 3

 

Procedimento de coleta usando agulha para coleta de sangue a vácuo (figura 4), com dispositivo de segurança: Nos casos de pacientes com acessos difíceis, deve-se utilizar escalpes, por possuírem agulhas mais compactas que proporcionam maior mobilidade e facilidade no manuseio pelo flebotomista e os mesmos também devem conter estes dispositivos de segurança:

 

Figura 4

 

Abaixo (figura 5 e 6) dois exemplos de dispositivos acoplados em escalpes:

 

Figura 5

 

Figura 6

 

Lancetas para punção digital e de calcanhar têm dispositivos de segurança que podem ser passivos (figura7) ou ativos (figura 8):

 

Figura 7

Figura 8

 

Escalpes com Trava de Segurança VACUETTE® – A trava de segurança com mecanismo manual permite total controle no momento da retirada do dispositivo, pois a agulha desliza delicadamente junto a cânula de proteção e um clique audível confirma que a trava foi acionada. O escalpe possui uma antecâmara pela qual é possível visualizar o fluxo sanguíneo assim que a punção é realizada. O resultado é mais segurança para o profissional e paciente cada vez mais satisfeito.

 

Produtos

 

REFERENCIAS
SOCIEDADE BRASILEIRA DE FARMÁCIA HOSPITALAR E SERVIÇOS DE SAÚDE. Prevenção de Acidentes por Material Perfurocortante. Gestão da Fase Analítica: Recomendações da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/ Medicina Laboratorial. Disponível em: http://www.sbrafh.org.br/site/public/temp/4f7baaa733121.pdf. Acesso em: 12/01/2022.

GREINER BIO-ONE. Disponível em: https://www.gbo.com/pt-br/. Acesso em 12/01/2022

Prevenção e combate à Hipertensão Arterial

Prevenção e combate à Hipertensão Arterial

Celebrado anualmente em 26 de abril, o Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial é uma iniciativa das entidades representativas de cardiologia, para conscientizar e informar a população sobre a importância dos cuidados com o coração.

A hipertensão arterial, também conhecida como pressão alta, é uma doença cardiovascular que atinge 35% da população brasileira, segundo o Dr. Celso Amoedo, cardiologista do Hospital do Coração (HCor). Trata-se de uma doença crônica caracterizada pela elevação da pressão sanguínea nas artérias, com valores iguais ou que ultrapassam os 140/90 mmHg (ou 14 por 9), obrigando o coração a fazer mais esforço para distribuir o sangue pelo corpo.

Responsável por 80% das ocorrências de derrame cerebral e 60% dos casos de ataques cardíacos registrados no país, a taxa de mortalidade dos problemas cardiovasculares é responsável por aproximadamente 400 mil óbitos por ano no Brasil, de acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).

Ações governamentais no combate à hipertensão arterial

O consumo excessivo de sódio, que também está presente no sal de cozinha, é um dos principais influenciadores no desenvolvimento da hipertensão arterial e de outras doenças crônicas como as cardiovasculares e renais. De acordo com o Ministério da Saúde, o consumo de sal do brasileiro excede em quase duas vezes o limite máximo recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), de cinco gramas por dia. A média nacional é de 9,3 gramas.

Entre as iniciativas governamentais para ajudar a população a ter uma alimentação mais equilibrada e controlar a hipertensão arterial, o Ministério da Saúde mantém desde 2017 a plataforma Saúde Brasil, a fim de divulgar informações para a população brasileira sobre a adoção de práticas para a promoção da saúde. Todos os conteúdos e serviços são firmados em quatro pilares: EU QUERO Parar de fumar, EU QUERO Ter peso saudável, EU QUERO Me alimentar melhor e EU QUERO Me exercitar.

O livro “Alimentos Regionais Brasileiros” elaborado pela Secretaria de Atenção à Saúde do MS, em sua 2º edição de 2015, destaca a imensa variedade de alimentos no país, orienta práticas culinárias e estimula a valorização da cultura alimentar brasileira. Também o “Guia Alimentar para a População Brasileira”, de mesma autoria, traz orientações sobre os cuidados e caminhos para alcançar uma alimentação saudável e balanceada.

Em 2011, o Ministério da Saúde, em conjunto com as diferentes associações que representam os produtores de alimentos industrializados, assinou um termo de compromisso intitulado de “Plano de Redução de Sódio em Alimentos Processados“, cujo objetivo envolve a redução da quantidade de sódio consumida diariamente pela população brasileira.

O plano estabelece a assinatura de acordos voluntários entre as indústrias e traça metas bianuais para a redução gradual do teor de sódio em diversas categorias de alimentos. A meta é que até este ano (2020) sejam retirados cerca de 28,5 mil toneladas de sal dos alimentos industrializados. De acordo com o último resultado parcial divulgado pelas entidades em 2017, somente entre 2012 e 2016, foram mais de 17.254 toneladas retiradas.

A ABIA (Associação Brasileira da Indústria de Alimento) reforça o comprometimento do setor no plano de redução de sódio, como também em ações que envolvem a redução de gorduras trans e açúcar.

 

Sintomas e causas da hipertensão arterial

A doença pode acometer crianças, adolescentes, adultos e idosos de ambos os sexos, mas a maioria dos problemas é herdada pelo histórico familiar em 90% dos casos, de acordo com o Ministério da Saúde.

No entanto, além da genética, há diversos fatores ambientais e comportamentais de vida que podem desencadear o desenvolvimento da pressão alta, como: tabagismo, alcoolismo, obesidade, estresse, consumo elevado de sal, altos níveis de colesterol e sedentarismo.

Geralmente, a hipertensão arterial é silenciosa, fazendo com que a manifestação dos sintomas apareça somente quando há uma elevação significativa da pressão. Entre os sintomas da doença, estão:

– Dores no peito;
– Dor de cabeça;
– Tontura;
– Zumbido no ouvido;
– Fraqueza;
– Visão embaçada;
– Sangramento nasal;
– Tontura;
– Falta de ar.

Apesar da doença atingir a todos, a incidência de pressão alta é maior em pessoas negras, em diabéticos e com idade avançada, por isso é importante monitorar regularmente a pressão arterial.

Dicas de prevenção para evitar a pressão alta

A hipertensão arterial não tem cura, mas pode ser controlada por meio de hábitos alimentares mais saudáveis, assim como a prática de atividades físicas regulares. É o que revelam as conclusões dos mais recentes estudos e diretrizes nacionais e internacionais avaliadas pela Sociedade Brasileira de Cardiologia.

De acordo com a entidade, o tratamento da pressão alta e o controle dos principais fatores de risco para o coração, como controlar os níveis de colesterol, evitar o estresse, praticar exercícios e ter uma alimentação mais saudável, reduzem as doenças cardiovasculares em até 80%.

Além dos medicamentos disponibilizados gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e no programa Farmácia Popular, sob prescrição médica e apresentação de documento de identidade e CPF, a pessoa hipertensa pode adotar um estilo de vida mais saudável:

– Manter o peso adequado, se necessário, mudando hábitos alimentares;
– Não abusar do sal, utilizando outros temperos que ressaltam o sabor dos alimentos;
– Praticar atividade física regular;
– Aproveitar momentos de lazer;
– Abandonar o tabagismo;
– Moderar o consumo de álcool;
– Evitar alimentos gordurosos;
– Controlar a diabetes.

Os hipertensos, assim como os demais portadores de doenças crônicas, pertencem ao grupo de risco suscetível a complicações se acometidos com a COVID-19. Para esclarecer dúvidas sobre hipertensão durante a pandemia, a SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO (SBH) mantém um canal exclusivo de comunicação: [email protected]

Neste Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial, ressaltamos, mais uma vez, que o cuidado com a VIDA é o nosso bem maior e os profissionais e organizações de saúde são os responsáveis por conduzir o tratamento adequado para melhorar a qualidade de vida dos pacientes, assim como disseminar as boas práticas de cuidado com a saúde e a alimentação.

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Fonte: Labtest