Sífilis: Uma doença tabu com aumento de casos no Brasil

Sífilis: Uma doença tabu com aumento de casos no Brasil

sífilis é uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) causada pela bactéria Treponema pallidum. É um problema de saúde pública no Brasil e no mundo, devido ao aumento significativo de casos registrados. As principais formas de transmissão desta IST são via sexual, vertical e transfusão sanguínea, embora essa seja mais rara.

Quando a transmissão ocorre devido às relações sexuais desprotegidas, a sífilis é classificada como sífilis adquirida. Quando ocorre da mãe para a criança (transmissão vertical) durante a gestação ou parto, é denominada sífilis congênita. Outra classificação importante ocorre quando a sífilis é diagnosticada em mulheres durante a gestação e, neste caso, é chamada de sífilis em gestante. Estes três casos devem ser notificados obrigatoriamente ao Ministério da Saúde, conforme portaria vigente.

As ações do dezembro vermelho no combate ao HIV/AIDS também impulsionaram as discussões sobre outras IST´s, incluindo a sífilis. Consideradas doenças tabus, muitas pessoas são desinformadas em relação às IST´s e, quando expostas às situações de suspeita da infecção, não procuram ou demoram muito para buscar ajuda médica para realizar o diagnóstico.

A sífilis é uma IST facilmente tratável quando diagnosticada precocemente. Quando não tratada, pode gerar sequelas irreversíveis em longo prazo, além de facilitar a infecção pelo vírus do HIV. Alguns especialistas afirmam que as chances de um indivíduo com sífilis ser infectado por esse vírus podem aumentar em até 18 vezes. No caso da sífilis congênita, a preocupação ocorre devido à alta taxa de aborto, óbito fetal e morte neonatal, que pode chegar a 40%.

Aumento do número de casos de sífilis no Brasil nos últimos oito anos

De acordo com o boletim epidemiológico do Ministério da Saúde divulgado no final de 2019, o número de casos de sífilis no Brasil é alarmante em decorrência do seu crescimento significativo.

Nos últimos oito anos (2010 – 2018), o país vivenciou um aumento de 4.157% no número de casos. Somente em 2018, foram registrados mais de 246 mil casos, dos quais a sífilis congênita representou uma parcela de 26,3 mil casos, com 241 mortes de bebês.
Gráfico -  Sífilis
Foto retirada do site da Labtest

Os sintomas em adultos podem incluir feridas genitais, manchas no corpo, febre, mal-estar, lesões na pele, ossos, sistema nervoso e cardiovascular, demência e depressão. As lesões em fetos e neonatos são mais graves e podem causar malformações, microcefalia, afetar o sistema nervoso, visão, músculos, coração e fígado, até provocar aborto involuntário ou óbito ao nascer.

Procurar ajuda especializada é o primeiro passo para diagnóstico da sífilis

A partir do momento em que o indivíduo está com suspeita de sífilis, ele deve procurar o serviço do Sistema Único de Saúde (SUS) que disponibiliza todos os testes gratuitamente ou um laboratório clínico para realizar os exames de diagnóstico da infecção.

“Além dos exames realizados para identificação da bactéria Treponema pallidum, denominados como exames diretos, são solicitados testes imunológicos para detectar anticorpos antitreponêmicos presentes na amostra do paciente”, explica Bárbara de Morais, especialista de produtos da Labtest.

“Estes anticorpos surgem em aproximadamente 10 dias, após o aparecimento da lesão primária da sífilis, também chamada de cancro duro, e auxiliam o médico nas demais etapas clínicas, a fim de realizar o diagnóstico e conduzir o paciente para o tratamento adequado”, complementa Bárbara.

Dentro dos testes imunológicos, há uma separação entre aqueles considerados testes treponêmicos e não treponêmicos, tema do próximo tópico deste artigo.

Entenda a diferença entre os testes treponêmicos e não treponêmicos

Os testes treponêmicos detectam anticorpos específicos anti-Treponema pallidum, enquanto os testes não treponêmicos detectam anticorpos anticardiolipina, que surgem devido ao material lipídico liberado da célula que apresenta lesão ou à cardiolipina liberada pelas bactérias.

Os anticorpos anticardiolipina são produzidos no organismo devido a outras situações clínicas. Sendo assim, os testes não treponêmicos não são específicos para os antígenos do Treponema pallidum. Cabe ainda ressaltar que os testes não treponêmicos, apesar de não específicos, tem grande relevância para o diagnóstico e monitoramento do tratamento da sífilis, como será mostrado a seguir neste artigo.

Entre os testes treponêmicos, os testes rápidos, ELISA (Enzyme-Linked Immunosorbent Assay) e FTA-ABS (Fluorescent Treponemal Antibody Absorption Test) são enquadrados nesta categoria. Para os testes não treponêmicos, podemos mencionar os testes com as metodologias VDRL (Venereal Disease Research Laboratory) e RPR (Rapid Plasmatic Reagin).

Saiba porque os testes não treponêmicos são indicados para acompanhar o tratamento da sífilis

“Os testes não treponêmicos utilizam a metodologia de floculação, ocorrendo a aglutinação em amostras reagentes, que pode ser observada a olho nu ou por meio de microscópio, dependendo das recomendações do produto utilizado”, diz Bárbara.

Os testes não treponêmicos podem ser qualitativos e/ou semiquantitativos. Quando utilizados de maneira semiquantitativa, é possível dosar o título da amostra, o que auxilia a determinação da fase da infecção: primária, secundária ou terciária.

Esse tipo de teste também é recomendado para acompanhamento da resposta ao tratamento. “O título da amostra deve diminuir se o tratamento for efetivo”, destaca Bárbara.

Os testes treponêmicos não podem ser utilizados para acompanhamento do tratamento, uma vez que permanecerão apresentando resultado reagente ao longo de toda vida do paciente infectado pela bactéria, impedindo saber se o tratamento foi eficaz.

De acordo com o Manual Técnico para Diagnóstico da Sífilis do Ministério da Saúde, os testes não treponêmicos podem ser utilizados como triagem e, em seguida, devem ser confirmados com o teste treponêmico ou utilizados na sequência dos testes treponêmicos, explica a especialista.

Fonte: Labtest

Doença inflamatória intestinal

Doença inflamatória intestinal

Doença inflamatória intestinal (DII), que inclui doença de Crohn e colite ulcerativa, é uma condição recidivante caracterizada por inflamação crônica em vários locais do trato GI, que resulta em diarreia e dor abdominal.

A inflamação resulta de resposta imunitária celular na mucosa gastrointestinal. A etiologia precisa é desconhecida, mas evidências sugerem que a flora intestinal normal desencadeia uma reação imune anormal em pacientes com predisposição genética multifatorial (talvez envolvendo barreiras epiteliais anormais e defesas imunes da mucosa). Não se identificou qualquer fator dietético, ambiental ou infeccioso. A reação imune envolve a liberação dos mediadores inflamatórios, incluindo citocinas, interleucinas e FNT.

Embora a doença de Crohn e a colite ulcerativa sejam similares, elas podem ser diferenciadas em muitos casos ( Diferenciação entre doença de Crohn e colite ulcerativa). Cerca de 10% dos casos de colite não são inicialmente distinguíveis e são denominados não classificados; se um espécime patológico cirúrgico não pode ser classificado, ele é chamado de colite indeterminada. O termo colite se aplica somente às doenças inflamatórias do cólon (p. ex., colite ulcerativa, granulomatosa, isquêmica, por radiação e infecciosa). A colite espástica (mucosa) é um termo inadequado aplicado a uma doença funcional, síndrome do intestino irritável.

A doença intestinal inflamatória afeta pessoas de todas as idades, mas em geral começa antes dos 30 anos, com pico de incidência dos 14 aos 24 anos. A DII pode apresentar outro pico menor aos 50 e 70 anos de idade; entretanto, esse pico tardio pode incluir alguns casos de colite isquêmica.

A DII é mais comum na população do norte da Europa e de origem anglo-saxônica e é 2 a 4 vezes mais comum em judeus asquenazes do que não judeus brancos. A incidência é baixa na Europa central e do sul e ainda mais baixa na América do Sul, Ásia e África. Entretanto, a incidência vem aumentando em negros e latino-americanos que vivem na América do Norte. Ambos os sexos são igualmente afetados. Parentes de primeiro grau dos pacientes com DII têm um risco 4 a 20 vezes maior; seu risco absoluto pode chegar a 7%. A tendência familiar é muito maior na doença de Crohn do que na colite ulcerativa. Várias mutações gênicas conferem um risco maior da doença de Crohn (e algumas possivelmente relacionadas à colite ulcerativa) foram identificadas.

O tabagismo parece contribuir para o desenvolvimento e a exacerbação da doença de Crohn, mas diminui o risco de colite ulcerativa. A apendicectomia realizada para tratar a apendicite também parece diminuir o risco de colite ulcerativa. Os AINE podem exacerbar a DII. Contraceptivos orais podem aumentar o risco de doença de Crohn. Alguns dados sugerem que a doença perinatal e a utilização de antibióticos na infância podem estar associados a um maior risco de DII.
Por razões pouco claras, as pessoas com melhor nível socioeconômico podem ter um maior risco de doença de Crohn.

Dicas e conselhos

Manifestações extraintestinais
Doença de Crohn e colite ulcerativa afetam outros órgãos além do intestino. A maioria das manifestações extraintestinais é mais comum na colite ulcerativa e colite de Crohn do que nos casos de doença de Crohn limitada ao intestino delgado. As manifestações extraintestinais da DII são caracterizadas de três maneiras:

1. Doenças que em geral acompanham (i.e., vêm e vão) surtos de DII: essas doenças incluem artrite periférica, episclerite, estomatite aftosa e eritema nodoso. A artrite tende a envolver grandes articulações e ser migratória e intermitente. Uma ou mais doenças concomitantes aparecem em mais de um terço dos pacientes hospitalizados com DII.

2. Doenças que claramente estão associadas com DII, mas aparecem de modo independente da atividade da DII: essas doenças incluem espondilite anquilosante, sacroileíte, uveítepioderma gangrenoso e colangite esclerosante primária. A espondilite anquilosante é mais comum nos pacientes com DII com antígeno HLA-B27. A maioria dos pacientes com envolvimento da coluna ou do sacroilíaco tem evidência de uveíte e vice-versa. A colangite esclerosante primária, que é um fator de risco de câncer do trato biliar, está fortemente associada à colite ulcerativa ou colite de Crohn. A colangite pode aparecer antes ou concomitantemente com doença intestinal ou mesmo 20 anos depois da colectomia. A doença hepática (p. ex., esteatose hepática, hepatite autoimune, pericolangite e cirrose) aparece em 3 a 5% dos pacientes, embora alterações mínimas da função hepática sejam mais comuns. Algumas dessas condições (p. ex., colangite esclerosante primária) podem preceder a DII em muitos anos e, quando diagnosticadas, devem ser seguidas de investigação imediata para eventual DII associada.

3. Doenças que são consequências da fisiologia intestinal rompida: essas doenças ocorrem principalmente na doença de Crohn grave do intestino delgado. A má absorção pode ser secundária a ressecções ileais extensas, causando deficiências de vitaminas solúveis em gordura, vitamina B12 ou minerais, resultando em anemia, hipocalcemia, hipomagnesemia, distúrbios de coagulação e desmineralização óssea. Em crianças, má absorção retarda o crescimento e desenvolvimento. Outras alterações incluem cálculos urinários secundários ao excesso de absorção do oxalato da dieta, hidroureter e hidronefrose secundários à compressão pelo processo inflamatório intestinal, cálculos biliares secundários à falha de reabsorção de sais biliares pelo íleo inflamado e amiloidose secundária ao longo processo inflamatório e supurativo.

Fonte: Eco Diagnóstica