Desafios de gestão no “novo normal”

Desafios de gestão no “novo normal”

Depois de oito meses do primeiro caso de coronavírus registrado no país, a maioria dos Estados brasileiros já está flexibilizando suas políticas de enfrentamento do SARS-CoV-2, causador da COVID-19. Mesmo com o relaxamento, muitas empresas tiveram que adaptar a sua gestão no novo normal, para superar a crise e as mudanças desencadeadas pela pandemia.

A expressão “novo normal” vem sendo empregada para explicar as mudanças de comportamento na sociedade. O mundo será dividido entre dois momentos: antes e pós-pandemia, o que envolve a continuidade de alguns comportamentos. É inevitável citar exemplos que citam o home office e os cuidados higiênicos e a sanitização, o que será desdobrado nos próximos tópicos.

Home office é desafio de gestão no novo normal

A adoção do trabalho remoto está entre as medidas recomendadas pelos órgãos competentes para achatar a curva de proliferação do vírus. O home office já era uma prática moderada, mas, com a pandemia, alavancou o número de pessoas trabalhando fora dos “escritórios”. Segundo o último levantamento do PNAD COVID19 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre 20 e 26 de setembro, havia 7,9 milhões trabalhando remotamente, se tornando um dos desafios de gestão no novo normal.

Inúmeras pesquisas indicam que os colaboradores querem continuar atuando neste regime. Exemplo disso é uma pesquisa conduzida pela Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA-USP) e Fundação do Instituto de Administração (FIA). Entre 1.566 profissionais trabalhando a distância, 70%  disseram que gostariam de continuar atuando remotamente depois da pandemia.

Entre os desafios enfrentados está em como administrar essa vontade e demonstrar a importância de trabalhar “in loco”. Para equilibrar essa situação entre vontade e necessidade, as empresas já estão retomando as atividades parcialmente e fazendo um revezamento entre os colaboradores.

Cuidados higiênicos e sanitização

A pandemia gerada pelo Sars-CoV-2 gerou uma maior conscientização sobre a importância de cuidados higiênicos e sanitização. O hábito de lavar as mãos e limpar as áreas comuns, por exemplo, aumentou durante esse período. Uma pesquisa do Datafolha feita em julho aponta esse novo hábito. Segundo o instituto de pesquisa, 36% dos paulistanos aumentaram o consumo de produtos de higiene durante a quarentena.

Mesmo considerando somente a capital paulista, esse indicador serve para outras capitais, pois esse comportamento deve permanecer na rotina da sociedade. No entanto, a população tende a esquecer dos cuidados de higienização e limpeza, se configurando como um dos desafios de gestão no novo normal.

Ponderado esse ponto de relaxamento, cabe às entidades representativas e companhias privadas continuar reforçando a importância dos cuidados por meio de campanhas e realizando ações importantes: disponibilidade de álcool gel e máscaras, limpeza de superfícies e distanciamento entre as pessoas.

Replanejamento do negócio 

A retomada da economia e dos negócios é fundamental, porém deve ser feita com cautela e prevenindo a saúde dos seus colaboradores. Antes de qualquer ação, elabore estratégias para a equipe continuar produzindo, mas sem se expor a riscos.

Fazer um replanejamento do negócio é crucial para manter a operação. Basta imaginar que a maioria dos planos são desenvolvidos, normalmente, no final ou início do ano. No entanto, nenhum gestor contava com o imprevisto da pandemia e, consequentemente, o plano acaba sendo reelaborado ou derrubado.

Fonte: Labtest

O papel do líder na gestão de pessoas, bem como de sua própria carreira

O papel do líder na gestão de pessoas, bem como de sua própria carreira

Recorremos ao dicionário português para encontrar a melhor definição que se encaixasse para explicar o papel do líder na gestão de pessoas. Entre inúmeras descrições, uma delas diz que o líder é a “pessoa que, por seu prestígio e influência, comanda, orienta e incentiva outras em suas atividades”.

O líder é o profissional responsável por administrar pessoas e equipes com as mais diversas personalidades e perfis. Sua função é gerenciar, mobilizar e se comunicar com os colaboradores, mostrando o seu valor e habilidades, para convencê-los de que são capazes e importantes para a empresa.

Quando restringimos para o gestor de saúde, podemos dizer que o líder dessa área é a pessoa que gerencia o volume e cobertura de serviços (planejamento, implementação e avaliação), recursos (pessoas, orçamentos, medicamentos e equipamentos) e relações externas e parceiros, incluindo usuários de serviços de saúde. A complexidade do setor exige um conhecimento que está além das habilidades e técnicas ensinadas nas instituições de ensino, sendo necessária uma abordagem cada vez mais “humana”. Nesta publicação, separamos algumas dicas para auxiliar gestores e líderes da área da Saúde, assim como de qualquer outra área no seu dia a dia em uma clínica, hospital ou laboratório.

Desafios de líderes na gestão de pessoas

Um dos desafios inerentes de qualquer pessoa que assume o cargo de líder é conquistar o respeito dos liderados, não pela sua posição estratégica na organização, mas por sua sensibilidade e senso de justiça. No dia a dia, entre os seus inúmeros papéis, um deles está fortemente ligado em guiar a equipe no cumprimento de prazos, ser eficaz, motivá-la, acompanhá-la e ajudá-la a atingir os objetivos.

Aquele perfil autoritário que impõe medo, oprime os colegas de profissão e somente delega funções cedeu espaço, para um profissional que agrega, motiva e trabalha em equipe com seu time rumo ao sucesso da empresa. No entanto, o guia de qualquer empresa precisa ter um olhar aguçado para identificar talentos, reconhecendo seus pontos fracos e fortes, para se tornarem pessoas mais qualificadas em seus cargos. Ao mesmo tempo, esse olhar serve para detectar problemas a serem resolvidos.

Exercer a liderança não se limita somente para quem foi nomeado para essa função. Independentemente do cargo ocupado, qualquer colaborador pode inspirar outras pessoas que fazem parte do seu círculo, por meio da sua postura, motivação e capacidade de fazer com que os demais colegas se ajudem para atingir o mesmo objetivo.

Características de um bom líder para a gestão de pessoas

O líder tem aspectos marcantes que o destacam frente aos demais. Entre as suas principais características para ajudar na gestão de pessoas está a sensibilidade de reconhecer os limites pessoais dos integrantes e não ser invasivo em sua privacidade. O segundo aspecto está associado em fornecer feedback das atividades desempenhadas e do desenvolvimento de cada um dos profissionais dentro da empresa. Reconhecendo os méritos de determinado funcionário, isso serve para mantê-lo motivado e alinhado com o ritmo de produção.

Além de identificar talentos e solucionar gargalos, os líderes devem ser tomadores de decisões e geradores de novas ideias. Sabendo que nem sempre terão resposta para tudo, junto a sua equipe, é possível chegar nas melhores soluções dos casos. Isso não significa demonstração de fraqueza, mas de humanidade e sinaliza que ele precisa da ajuda dos seus liderados. O líder deve acompanhar de perto o que acontece na sua área de atuação, para compreender quais são os novos desafios e soluções que podem beneficiar a sua organização.

Mais do que estar antenado com as novidades do mercado, líderes precisam ser exemplos aos seus colaboradores, o que envolve assumir responsabilidades para solucionar desafios, abrindo novas possibilidades e facilitando e agilizando o trabalho do seu time. O último aspecto está relacionado com o fato do líder não apenas observar, mas de participar e tomar atitudes que incentivem a sua equipe, para que sejam capazes de melhorar os resultados para todos.

Como um líder pode gerenciar a própria carreira?

Se tornar um líder exemplar envolve tempo e preparo para solucionar situações diferentes, mas é um aperfeiçoamento constante para conseguir gerenciar a própria carreira. Portanto, é importante adotar algumas mudanças no seu comportamento e atitudes:

  • Aperfeiçoando a sua comunicação.
  • Aumentando a sua motivação e autoconfiança.
  • Investindo em senso de humor no trabalho.
  • Adotando uma postura positiva e criativa.
  • Assumindo compromissos.
  • Sendo proativo nas suas funções diárias.

Os próprios líderes precisam de mentores para auxiliar no autoconhecimento, desenvolver habilidades e traçar metas, visando grandes conquistas para a sua carreira e para a empresa em que presta serviço.

Fonte:  Labtest

Má gestão e ingerência política comprometem todo o setor da saúde, pública e privada, do país

Má gestão e ingerência política comprometem todo o setor da saúde, pública e privada, do país

Especialista aponta que defasagem antiga em tabelas de remuneração de serviços na área de saúde pública e ainda a falta de coordenação e gerenciamento obrigam a que se reduza o atendimento ao SUS por questão de sobrevivência. Roberto Madid é Diretor Executivo no Setor de Saúde com 32 anos de atuação no segmento, com passagens por banco de sangue, hospitais públicos e privados, santas casas, medicina diagnóstica, operadoras de saúde e cooperativas médicas. Atualmente participa de vários conselhos de administração e está à frente do projeto Unique Medical Center em Maringá/PR. Para ele, o futuro depende de gerenciamento competente e coordenado e foco na Atenção Primária.

Por: Regina Prado

Labornews – Nos últimos cinco anos, 3 milhões de pessoas perderam seus planos de saúde no Brasil. Em grande parte devido ao desemprego, já que 70% dos planos são empresariais, e em outros casos por opção, devido ao aumento das anuidades, bem acima da inflação, e ainda pela novidade da coparticipação nos custos do tratamento. Sem uma perspectiva concreta de mudanças a médio prazo no volume de desempregados no país, por exemplo, como o setor de saúde deveria se organizar para receber esta nova demanda no SUS?

Madid – A saúde pública nunca foi priorizada como deveria em nenhum dos últimos governos no Brasil. A divisão em hospitais federalizados, estaduais e municipais é muito prejudicial para organização do sistema atual. A divisão de verbas, que já é escassa, fica injusta e desigual. A atuação não é ordenada e priorizada. Falta gestão em todos os níveis da administração pública de saúde do país. Governança e compliance zero. A preocupação sempre foi direcionada para parte técnica e médica de atuação e muito pouco na estratégia de organização, gestão e administração do modelo de saúde. Com a retomada da economia que se vislumbra com a nova gestão do país, com os indicadores econômicos apontando crescimento, o número de beneficiários na saúde suplementar deve crescer na mesma medida pois é diretamente proporcional ao volume de empregados. Acredito que devemos fechar 2020 com acréscimo entre 750 mil a 1 milhão de novos beneficiários, mesmo porque as operadoras estão modelando e oferecendo produtos mais acessíveis.
Lab – Segundo especialistas, a segmentação entre setores público e privado (24% da população ainda é coberta por planos de saúde), sem uma coordenação estabelecida, pode comprometer a qualidade do atendimento em saúde no país. A parceria com as Organizações Sociais de Saúde (OSS) é uma boa alternativa para o SUS? Segundo a legislação, elas podem “quarteirizar” o serviço prestado. Como pode ser avaliada a qualidade deste trabalho?

Madid – Por que existe a quarteirização? Exatamente pela ineficiência da gestão pública. Gastar mais para contratar empresas para que façam o que o ente público não faz. É um círculo vicioso e que abre margens para má aplicação do recurso público. A tendência é aumentar a abrangência do setor de saúde suplementar pela ineficiência do setor público. Não sou contra OSS, mas não é isso que vai resolver o problema. Se fizermos uma peneira fina nas centenas que existem, acredito que poucas realmente tem expertise, experiência e capacidade técnica comprovada. Muitas foram criadas para fins e “objetivos específicos”.

Lab – Como foi sua experiência na superintendência da Santa Casa de Campo Grande (MS)? Já há alguns anos vemos as enormes dificuldades econômicas de hospitais filantrópicos em todo o país. Por que é difícil equilibrar estas finanças?

Madid – Fomos contratados para um projeto de “turnaround” no intuito de equilibrar as contas da entidade. Fizemos. O problema é que o ente público não cumpre o acordado. Não paga em dia, ou simplesmente não paga. Em Campo Grande/MS veja o histórico político: estiveram presos governador e dois prefeitos, fora vários deputados federais e estaduais denunciados e respondendo a processos, e isso apenas nos últimos cinco anos. As Santas Casas são essenciais para manter de pé o atendimento à população carente no país. Apesar disso, são muito mal remuneradas pelos serviços de complexidade que prestam. A conta não fecha. Os valores não são reajustados há mais de quinze anos! Na sua grande maioria estão em situação financeira desesperadora. Não adianta novas linhas de crédito como faz o governo atual. É necessário remunerar condizentemente pelos serviços prestados.

Lab – Segundo recente artigo de Leandro Fonseca da Silva, Diretor-Presidente da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), “mais de 50% do total despendido no país com saúde é feito por entes privados, sendo que 52,8% dos gastos privados realizados por meio de operadoras de planos de saúde. Esse padrão é diferente dos países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), por exemplo, nos quais a despesa pública com saúde, em média, é de 73,4%”. Com estes dados em mãos, o que o Brasil deve reformular para otimizar os gastos aplicados na saúde?

Madid – O Brasil gasta pouco com saúde e gasta mal. A proporção reflete a pouca abrangência que o serviço público tem. O setor suplementar vem crescendo cada vez mais e continuará assim. O nosso atual modelo de saúde pública é reativo e não proativo e preventivo.

Lab – Como o senhor avalia as demandas do setor de análises clínicas, que tem a remuneração pelo SUS defasada em mais de duas décadas de prestação de serviços?

Madid – A remuneração do SUS não sustenta nenhum dos players do segmento. A remuneração está defasada não apenas para análises clínicas, mas para tudo. Quem depende ser remunerado pelo sistema SUS não consegue sobreviver. Na maioria dos casos reduz o atendimento ao SUS para menor proporção possível e passa a atender convênios e particulares para poder equilibrar suas contas.

Fonte: Labornews
05 DE FEVEREIRO DE 2020