por CenterLab | maio 12, 2020 | Informativos
Foto retirada do site da Labtest
Graciane R. S. Fonseca* e Bárbara P. de Morais**
*Pesquisadora do Centro de Desenvolvimento, Inovação, Ciência e Tecnologia (CDICT)
** Especialista de produtos da Labtest
A ciência da Imunologia está presente na humanidade desde séculos antes de Cristo e deriva do conhecimento de que pessoas sobreviviam a doenças infecciosas comuns do passado e, raramente, padeciam da mesma patologia novamente. Atualmente, o estudo das moléculas, células, órgãos e sistemas responsáveis pelo reconhecimento e trato de materiais estranhos ao corpo humano é chamado de Imunologia. O sistema imune tem como função, além de proteger o corpo de agentes infecciosos, reconhecer e responder a antígenos estranhos e defender o organismo contra o desenvolvimento de tumores.
A primeira linha de defesa: pele e mucosas
Mas não é porque o corpo humano possui um sistema altamente preparado para o combate, que a entrada do patógeno invasor será fácil. Para isso, ele precisará romper a primeira linha de defesa do organismo formada pela pele e mucosas. É nessas superfícies, essencialmente, que ocorre o primeiro contato do patógeno com o corpo.
As secreções também são importantes: o muco aderido à região nasofaríngea retém micro-organismos, que podem ser expelidos por tosse ou espirro. Outras secreções, como as produzidas na eliminação dos resíduos líquidos e sólidos (processo urinário e gastrointestinal), também são importantes na remoção física de potenciais patógenos. Além disso, as lágrimas e a saliva possuem a habilidade física para “lavar” potenciais patógenos e contêm substâncias quimicamente capazes de proteger o organismo, como a lisozima (bactericida) e a Imunoglobulina A (IgA).
A segunda linha de defesa: imunidade natural
Caso o patógeno estranho consiga atravessar a primeira linha de defesa, entrará em ação a imunidade inata (natural), caracterizada por mecanismos não específicos celulares (mastócitos, neutrófilos e macrófagos) e humorais (lisozima, interferon e complementos). Apesar da falta de especificidade, os componentes celulares são essenciais, pois são responsáveis pela imunidade natural contra micro-organismos do ambiente. O componente humoral (fluido) em maior quantidade são as proteínas do complemento, que também conta com lisozimas e interferon, às vezes, chamados de antibióticos naturais. Dá-se o nome de interferon a uma família de proteínas produzidas rapidamente por várias células em resposta a uma infecção viral. Sua função é bloquear a replicação do vírus em outras células.
A terceira linha de defesa: imunidade adquirida
A terceira linha de defesa do organismo é chamada imunidade adaptativa ou adquirida. Ela envolve mecanismos que permitem reconhecer, memorizar e responder a um estímulo específico, um antígeno. Tal imunidade conduz à eliminação do micro-organismo e recuperação da doença, frequentemente, conferindo ao indivíduo uma memória imunológica específica. Essa condição permite que o indivíduo responda mais rápida e efetivamente, quando ocorre uma reinfecção com o mesmo micro-organismo. Assim como a imunidade natural, a imunidade adquirida possui componentes celulares e humorais (fluidos). Seu componente celular majoritário são os linfócitos e seu componente humoral majoritário são os anticorpos.
Os componentes humorais da imunidade adquirida irão mediar a imunidade humoral, definida pelo reconhecimento de substâncias estranhas e subsequente produção de anticorpos contra essas substâncias. A imunidade mediada por anticorpos pode ser adquirida se os anticorpos forem formados pelo indivíduo (imunidade ativa) ou recebidos prontos de outra fonte (imunidade passiva).
Os tipos de imunidade adquirida
A imunidade passiva pode ser adquirida naturalmente pelo feto através da transferência de anticorpos maternos, durante os últimos 3 meses de gestação. Após o nascimento, o leite materno (especialmente o colostro) também é responsável por essa transferência. Contudo, a imunidade adquirida passivamente é temporária e, para ter proteção duradoura, a imunidade ativa do indivíduo deve ocorrer. A imunidade passiva artificial é alcançada pela infusão de soro ou plasma contendo altas concentrações de anticorpos ou linfócitos de um indivíduo ativamente imunizado. A imunidade passiva via anticorpos pré-formados no soro de outro fornece proteção imediata, porém temporária, aos micro-organismos.
A imunidade ativa pode ser adquirida pela exposição e resposta natural a uma infecção (imunidade ativa natural) ou pela injeção intencional de um antígeno no organismo (imunidade ativa artificial). Essa última, denominada vacinação, é um método efetivo de estimular a produção de anticorpos de memória, sem contrair a doença. Já abordamos este tema no artigo Dia Nacional da Vacinação e o perigo das fake news.
O imunógeno utilizado na imunização pode consistir de suspensões de células ou vírus vivos enfraquecidos ou atenuados, células ou vírus mortos, ou substâncias extraídas deles. O material selecionado precisa estimular a produção de anticorpos, sem causar sintomas clínicos da doença, e resultar em uma memória antigênica permanente.

Figura 1. Tabela de comparação entre os tipos de imunidade adquirida
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Os antígenos e as classes de imunoglobulinas (Ig´s)
Substâncias estranhas podem ser antigênicas, quando sua membrana ou componentes moleculares contém estruturas reconhecidas como estranhas pelo sistema imune. Essas estruturas são chamadas determinantes antigênicos ou epítopos.
Um epítopo, como parte de um antígeno, reage especificamente com um anticorpo ou um receptor do linfócito T. Quimicamente, antígenos ou imunógenos são moléculas orgânicas grandes, geralmente proteínas ou polissacarídeos, raramente lipídeos, ou combinações de outras classes bioquímicas (glicoproteínas, por exemplo).
Os fatores importantes para que uma molécula funcione como antígeno são: baixa degradabilidade, alto peso molecular, estabilidade estrutural, complexidade elevada e, principalmente, ser reconhecida como estranha pelo organismo. Proteínas são excelentes antígenos, devido ao seu elevado peso molecular e a sua complexidade estrutural. Já os lipídeos não são tão bons, pois são relativamente simples e sua estrutura é pouco estável. Contudo, quando ligados a proteínas ou polissacarídeos, podem funcionar como antígenos. Ácidos nucleicos também não são bons antígenos, devido a sua simplicidade, flexibilidade molecular e rápida degradação. Os carboidratos (polissacarídeos) são muito pequenos para funcionar como antígenos.
Já os anticorpos são proteínas específicas classificadas como imunoglobulinas (Ig). Podem ser encontrados no plasma sanguíneo e em vários outros fluidos do corpo (lágrimas, saliva, colostro). Sua função primária na defesa do organismo é se ligar ao antígeno, o que pode ser suficiente para neutralizar toxinas bacterianas e algumas viroses. No caso de antígenos muito grandes (por exemplo, uma bactéria), o anticorpo precisa interagir com outro agente efetivo (por exemplo, complementos), para que a resposta seja ativa.
Nos mamíferos, cinco classes de imunoglobulinas estão presentes: IgM, IgG, IgA, IgD e IgE. A Imunoglobulina M corresponde a 10% do total de Ig’s e é altamente confinada ao espaço intracelular, por ser muito grande. É uma molécula que possui cinco cadeias pesadas individuais, de 65 kDa cada. Seu peso molecular total chega a 900 kDa. Esse anticorpo é produzido prematuramente em uma resposta imunológica, na fase aguda da doença, e está confinado ao sangue. Em humanos, a IgM é encontrada em menores concentrações que a IgG ou a IgA. Sua concentração aparece aumentada em doenças infecciosas, desordens do colágeno ou desordens hematológicas.
A imunoglobulina que está em maior quantidade no soro é a IgG, entre 70 e 75% do total de Ig’s. A IgG se difunde facilmente para o espaço extravascular, neutralizando toxinas e se ligando a micro-organismos nesses espaços. A IgG é produzida mais tardiamente na resposta imunológica, na fase convalescente ou crônica da doença. Quando esses complexos são formados, o sistema complementar é ativado. Além disso, a IgG tem a capacidade de atravessar a placenta. Seu peso molecular é de cerca de 150 kDa e sua concentração aumenta em doenças infecciosas, desordens do colágeno ou desordens hematológicas.
A Imunoglobulina A representa de 15 a 20% do total de Ig’s circulantes. É predominante nas secreções, como lágrimas, saliva, leite e fluidos intestinais e, por isso, tem papel crucial na proteção de superfícies do corpo contra micro-organismos invasores. Além das condições acima, a IgA também pode estar aumentada em doenças do fígado.
A Imunoglobulina D está presente em quantidades muito pequenas no plasma, correspondendo a menos de 1% do total de Ig’s. A IgD é extremamente suscetível a proteólise e é primariamente encontrada na superfície dos linfócitos B em associação com a IgM.
Por fim, a Imunoglobulina E é encontrada em quantidades traço no plasma de indivíduos que não estão sendo parasitados. Seu peso molecular é de 188 kDa. A IgE tem papel crucial na mediação de alguns tipos de reações de hipersensibilidade (alergias) e é geralmente responsável pela imunidade do indivíduo contra parasitas invasores.
Figura 2. Esquema representativo da estrutura das Imunoglobulinas
Os anticorpos IgG, IgD e IgE ocorrem somente na forma de monômeros. O IgA ocorre tanto na forma monomérica como dimérica e o IgM é encontrado na forma de um pentâmero de cinco subunidades ligadas entre si. As diferenças observadas entre as diferentes classes de anticorpos indicam que eles podem executar diferentes funções. Contudo, a função primária de qualquer anticorpo é se ligar ao seu antígeno específico e assim proteger o organismo.
Referências
– TURGEON M.L. Immunology & Serology in Laboratory Medicine. Elsevier. 2014, 5 edição
– CRUVINEL, Wilson de Melo et al . Sistema imunitário: Parte I. Fundamentos da imunidade inata com ênfase nos mecanismos moleculares e celulares da resposta inflamatória. Rev. Bras. Reumatol., São Paulo , v. 50, n. 4, p. 434-447, Aug. 2010 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0482-50042010000400008&lng=en&nrm=iso>. accessado em 30 de Abril. 2020. https://doi.org/10.1590/S0482-50042010000400008.
– MESQUITA JUNIOR, Danilo et al . Sistema imunitário – parte II: fundamentos da resposta imunológica mediada por linfócitos T e B. Rev. Bras. Reumatol., São Paulo , v. 50, n. 5, p. 552-580, Oct. 2010 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0482-50042010000500008&lng=en&nrm=iso>. accessado em 30 de Abril. 2020. https://doi.org/10.1590/S0482-50042010000500008.
– SOUZA, Alexandre Wagner Silva de et al . Sistema imunitário: parte III. O delicado equilíbrio do sistema imunológico entre os pólos de tolerância e autoimunidade. Rev. Bras. Reumatol., São Paulo , v. 50, n. 6, p. 665-679, Dec. 2010 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0482-50042010000600007&lng=en&nrm=iso>. accessado em 30 de Abril. 2020. https://doi.org/10.1590/S0482-50042010000600007.
– ABBAS, Abul K.; LICHTMAN, Andrew H.; PILLAI, Shiv.. Imunologia celular e molecular. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015.
Fonte: Labtest
por CenterLab | fev 28, 2020 | Informativos
Já passa de 361 o número de mortos por coronavírus na China, com mais de 17,2 mil casos confirmados naquele país. No Brasil, cresce o temor de uma epidemia e já há 16 casos suspeitos sendo avaliados, em 6 estados. Os números mudam a cada instante. Este novo vírus pertence a uma cepa desconhecida do coronavírus, uma família de patógenos que abrange desde simples resfriados até a Sars (síndrome respiratória aguda grave), que causou centenas de mortes na China entre 2002 e 2003.
O contágio ocorre pelo ar e os sintomas incluem infecções das vias aéreas superiores, semelhantes ao resfriado (coriza, febre e dificuldade respiratória), até pneumonia e insuficiência respiratória grave. Enquanto não há casos confirmados no Brasil, cresce a importância de tomar os cuidados para evitar a transmissão e, sobretudo, de obter o diagnóstico rápido, imprescindível para diminuir a letalidade das doenças, especialmente neste caso, em que o vírus pode causar quadros muito graves. Nesse sentido, os testes moleculares de diagnóstico rápido, que indicam o resultado em até uma hora, são um trunfo para a equipe médica tomar as melhores decisões para o paciente.
Diagnóstico rápido salva vidas ? Seguindo este conceito, a bioMérieux, líder mundial em diagnóstico in vitro, disponibiliza no Brasil a tecnologia do Diagnóstico Sindrômico com FilmArray, sistema exclusivo capaz de detectar, em apenas uma hora, dezenas de microrganismos, vírus, bactérias, fungos e protozoários, entre eles os causadores da Sepse, do H1N1 e de diversas doenças respiratórias e gastrointestinais, além de sepse, meningite e encefalite.
O FilmArray Respiratory Panel, por exemplo, abrange 20 vírus e bactérias respiratórias. Isso significa que, ao fazer uma varredura nesses patógenos, que normalmente infectam o trato respiratório superior, o sistema irá indicar se a infecção investigada é causada por algum deles. Neste caso, uma coinfecção com o novo coronavírus seria muito improvável, o que já indica, por exclusão, alternativas de tratamento para a equipe médica.
Na hipótese de o resultado ser negativo para qualquer um deles, se o paciente apresenta sintomas de infecção do trato respiratório, aí a probabilidade de coronavírus aumenta consideravelmente. Neste momento de alto estresse e ansiedade com o risco do novo coronavírus, a utilização de testes sindrômicos, que podem identificar até mais do que 20 patógenos dentre os mais comuns causadores das ITRs é uma importante aliada, mesmo sem o poder de identificar especificamente o novo coronavírus.
A tecnologia, que já está sendo utilizada no País, foi desenvolvida pela BioFire, empresa do grupo bioMérieux. O equipamento tem aprovação dos órgãos competentes – ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), no Brasil, e FDA (Food and Drug Administration), nos Estados Unidos. A abordagem sindrômica com a tecnologia FilmArray é um agrupamento amplo, baseado em sintomas, de prováveis patógenos em um único teste molecular rápido que maximiza a chance de obtenção da resposta correta em um período de tempo clinicamente relevante. A disponibilidade dos testes FilmArray levam a resultados mais rápidos, melhorando a administração de antimicrobianos e antivirais, detecção e rastreabilidade de surtos e investigação de patógenos desconhecidos.
Fonte: Labornews
Publicado em: 05/02/2020
por CenterLab | jan 13, 2020 | Informativos
A situação da sífilis no Brasil não é diferente da de outros países. O número de casos da infecção é preocupante e precisa ser controlada.
A taxa de detecção aumentou de 59,1 casos por 100.000 habitantes, de 2017, para 75,8 casos em 2018. Ano passado, a taxa de detecção de sífilis em gestantes foi de 21,4/1.000 nascidos vivos, a taxa de incidência de sífilis congênita foi de 9,0/1.000 nascidos vivos a e taxa de mortalidade por sífilis congênita foi de 8,2/100.000 nascidos vivos.
Foto Site da Eco Diagnóstica
Como é possível o aumento de uma doença tão antiga, de diagnóstico tão fácil e tratamento barato? Como é possível que uma infecção facilmente detectável, cujo tratamento é simples atingir um número grande de pessoas e crianças no Brasil?
Em 2018, foram notificados 158.051 casos de sífilis adquirida, 62.599 casos de sífilis em gestantes, 26.219 casos de sífilis congênita com 241 óbitos por sífilis congênita.
De 2017 para 2018, houve aumento de 5,2% no número de notificações de sífilis congênita no Brasil. Em 2018, houve 25.889 (98,4%) casos de sífilis congênita em neonatos (até 28 dias de vida), dos quais 25.456 (96,8%) foram diagnosticados na primeira semana de vida.
É possível detectar a doença com um teste rápido de sangue. No caso de mulheres grávidas, se o tratamento for seguido no início, as chances de infecção do bebê são mínimas.
Um obstáculo ao tratamento adequado da sífilis é a resistência dos homens em relação ao tema, negando-se a comparecer às consultas para receber tanto o diagnóstico quanto o tratamento adequado. Para que a doença seja erradicada com sucesso, mesmo em gestantes, precisam ser medicados tanto a mulher quanto todos os seus parceiros sexuais.
Outros dois entraves significativos: o primeiro é que se houver atrasos longos nas doses do tratamento ele se torna ineficaz. O segundo é que, se a mulher voltar a praticar sexo inseguro com um parceiro infectado, voltará a contrair a sífilis.
Nos últimos dez anos, no Brasil, o coeficiente de mortalidade infantil por sífilis passou de 1,9/100.000 nascidos vivos em 2008 para 8,2 em 2018. Em 2017, o coeficiente de mortalidade foi de 7,6/100.000 nascidos vivos, o que representa um aumento de 8,5% em relação a 2018.
A sífilis pode ser transmitida ao bebê a partir da 9ª semana de gravidez, embora a transmissão seja mais frequente entre a 16ª e a 28ª semanas.
Os efeitos em bebês são ainda mais catastróficos: malformações, microcefalia, comprometimento do sistema nervoso, sequelas na visão, nos músculos, coração e fígado, até aborto ou morte ao nascer.
Nas orientações para a prevenção, a recomendação é que no caso de mulheres grávidas, o exame para sífilis seja realizado antes de engravidar, como parte das consultas de rotina. Assim como o pré-natal do parceiro.
Fonte: Eco Diagnóstica
por CenterLab | ago 20, 2019 | Informativos
As meningites bacterianas são infecções agudas responsáveis por muitas mortes e sequelas neurológicas. A bactéria Neisseria meningitidis, também chamada de meningococo, possui grande importância epidemiológica, porque apresentam risco constante de epidemias e elevados índices de morbimortalidade. Contudo, com os avanços terapêuticos e as medidas de suporte avançado reduziram a letalidade, que varia hoje de 5 a 20%. Portanto, é de fundamental importância o diagnóstico e o tratamento precoce.
OS DESAFIOS DO DIAGNÓSTICO CLÍNICO
Meningite significa inflamação das meninges, que são as camadas protetoras que envolvem o cérebro e a medula espinhal. Pode ser causada por vírus, bactérias, fungos, ou por processos não-infecciosos, como lesões e tumores. No entanto, as formas mais frequentes são a meningite viral e bacteriana, que concentram também os casos mais graves e com maior taxa de mortalidade. Por isso ambas são consideradas uma importante questão de saúde pública, devido à sua capacidade de ocasionar surtos.
Os sintomas das duas formas são muito parecidos: síndrome febril com sinais neurológicos, muitas vezes confundidas com uma gripe. No caso da doença meningocócica, os pacientes podem desenvolver síndrome febril hemorrágica, e serem confundidos, por exemplo, com um quadro de dengue.
Nos casos virais os sintomas se desenvolvem mais lentamente e sem tanta severidade, e não há um tratamento específico, já que a doença costuma desaparecer sozinha após algumas semanas, assim como acontece com outras viroses. Por outro lado, a bacteriana progride muito rápido e pode ser fatal se não for tratada rapidamente. Por isso o tratamento tardio pode resultar em sequelas como danos cerebrais, perda da audição e visão e até mesmo a amputação de membros.
No controle da doença bacteriana, a medida mais eficaz não está relacionada a terapêutica, mas à prevenção, o uso das vacinas, especificamente contra o Haemophilus influenzae B. A eficácia é inquestionável. Além disso, sabe-se que qualquer bactéria pode causar meningite num indivíduo susceptível. Mas Haemophilus influenzae tipo B, Neisseria meningitidis e Streptococcus pneumoniae(pneumococo) são os agentes responsáveis por aproximadamente 95% dos casos.
A IMPORTÂNCIA DA DIFERENCIAÇÃO DO AGENTE CAUSADOR
As medidas de tratamento são diferentes para cada tipo da meningite, por isso saber se a causa é bacteriana é muito importante, uma vez que determina a gravidade da doença assim como o tratamento adequado.
O diagnóstico laboratorial da meningite bacteriana é realizado através do estudo do líquido cefalorraquidiano LCR (líquor), sangue, bem como raspado de lesões petequiais, característica na doença meningocócica.
O aspecto do líquor, embora não considerado um exame, funciona como um indicativo. O líquor normal é límpido e incolor. No entanto, nos processos infecciosos, ocorre o aumento de elementos figurados (células), causando turvação, cuja intensidade varia de acordo com a quantidade e o tipo desses elementos.
Os principais exames para o esclarecimento diagnóstico de casos suspeitos de meningite são:
- Exame quimiocitológico do líquor
- Bacterioscopia direta(líquor e outro fluídos)
- Cultura (líquor, sangue, petéquias)
- Contra-imuneletroforese cruzada – CIE (líquor e soro)
- Aglutinação pelo látex (líquor e soro)
As metodologias mais utilizadas para a diferenciação do agente etiológico são os exames bacterioscópico direto (método de Gram) e o crescimento em meio de cultura, sendo essa considerada padrão ouro. Entretanto, a dificuldade reside na sensibilidade de ambos os métodos, a qual pode variar de 60 a 85% no exame direto e de 70 a 85% na cultura. Além da visualização direta da bactéria, pode-se pesquisar a presença de antígenos bacterianos mais comuns através de prova do látex. Este método, alia ao mesmo tempo rapidez e grande sensibilidade, utiliza partículas de látex marcadas com anticorpos bacterianos específicos, que ao contato com uma amostra de LCR contendo antígeno bacteriano reage com aglutinação visível a olho nu.

Tabela: Guia de vigilância epidemiológica / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica. – 7. ed. – Brasília : Ministério da Saúde, 2009.
O PRÓXIMO PASSO: DIAGNÓSTICO MOLECULAR PARA MENINGITE
Hoje sabemos que, com o avanço da medicina, os novos conhecimentos sobre fisiopatologia, o surgimento de novos antibióticos e a crescente resistência bacteriana têm como resultado mudanças no diagnóstico e tratamento de várias doenças.
Assim, neste cenário, os exames laboratoriais por biologia molecular são importantes aliados do tratamento médico: por meio da técnica de PCR (Reação em cadeia da Polimerase), identificam por meio do material genético os agentes causadores da meningite e outras doenças infecciosas, oferecendo resultados mais rápidos e com alta sensibilidade e especificidade. Além disso, os painéis multiplex ainda possibilitam a detecção de diversos patógenos simultaneamente em um único teste, com uma única amostra.
Fonte: Kasvi
por CenterLab | fev 19, 2019 | Informativos
Os eletrólitos têm um papel importante na manutenção da homeostase no organismo. Nos mamíferos, os líquidos e eletrólitos estão distribuídos nos compartimentos intra e extracelular, cuja manutenção de volume e composição, é essencial para processos metabólicos fundamentais à vida, como a distribuição normal de água e a pressão osmótica das células.
Os eletrólitos sódio (Na+) e potássio (K+):
Considerando os fluídos corporais, o sódio (Na+) é o principal cátion extracelular, o potássio (K+) é o principal cátion intracelular. Ambos têm papel fundamental na manutenção da homeostase e equilíbrio eletrolítico no organismo.
As concentrações de Na+ e K+ são mantidas pela bomba Na-K ATPase das membranas plasmáticas, a qual transporta de forma ativa o Na+ para o exterior das células e K+ para o interior. As diferenças na composição entre o líquido intra e o extracelular são mantidas ativamente pela membrana celular, que é semipermeável (totalmente permeável à água e seletiva para outras substâncias como os íons). Como a água se difunde livremente através da barreira celular, seu movimento é determinado pelas alterações na concentração dos eletrólitos osmoticamente ativos (principalmente o sódio e o potássio) de cada lado da membrana. Pequenas variações na concentração destes íons podem provocar graves danos à saúde.
Neste contexto, a determinação dos eletrólitos é uma das mais importantes na clínica laboratorial, pois é através do controle de seus níveis que são mantidos a distribuição normal de água e pressão osmótica das células. A medição destes parâmetros, associados ao quadro clínico do paciente, auxilia o médico no diagnóstico e tratamento de diversas condições. São demandados em exames de rotina hospitalar e emergências.
Métodos utilizados na determinação:
Fotômetro de chama: princípio baseia-se na espectrometria atômica. Consiste na diluição da amostra com solução específica e utiliza-se equipamento dedicado, no qual são aspiradas as amostras e exposta à chama, promovendo a liberação de energia que são medidas em comprimentos de onda específicos ao eletrólito mensurado.
Eletrodos Íons Seletivos (ISE): princípio baseia-se na potenciometria. Consiste em equipamento ou módulo dedicado com uso de eletrodos específicos aos eletrólitos, por onde as amostras passam e são medidas as diferenças de potenciais.
Enzimático: princípio baseia-se na reação enzimática. Consiste na medição realizada nos analisadores bioquímicos (fotometria), os quais disponibilizem comprimento de onda específico, com controle da temperatura de reação e tempo (monitoramento da cinética).
Fonte: Labtest