Resistência Microbiana e Inovações na Detecção Precoce
A resistência aos antimicrobianos é considerada um dos desafios aos sistemas de saúde atuais. Estima-se que 700 mil mortes sejam causadas anualmente pela resistência aos antimicrobianos. De acordo com essas análises e sem a mudança de abordagem no âmbito geral para conter esse problema, estimasse que até 2050 esse número possa superar as mortes por decorrência do câncer.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) define Resistência aos antimicrobianos como a “capacidade de um microorganismo impedir a atuação de um antimicrobiano”. Tornando o tratamento ineficaz, e as infecções persistentes e até incuráveis. Em 2019 a OMS apontou o tema como a quinta ameaça à saúde global.
Segundo a OMS, para evitar que isso ocorra, precisamos investir em múltiplas frentes, como por exemplo: medidas de prevenções pela lavagem correta das mãos e aplicações de vacinas (quando houver), pesquisa e produção de medicamentos mais eficazes, testes rápidos para identificar o agente infeccioso como forma de impedir prescrições desnecessárias e ainda alertar a população sobre os perigos da automedicação e de interromper o tratamento ao primeiro sinal de melhora.
No Brasil, de acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), aproximadamente 25% das infecções registradas são causadas por microorganimos multirresistentes, ou seja, aqueles que se tornam imunes à ação dos antimicrobianos.
AS BACTÉRIAS:
As bactérias de forma bem simples podem ser descritas como: organismos unicelulares e procarióticos (não possui membrana nuclear), ou seja, o material genético fica disperso no citoplasma sendo composto por DNA de cadeia única e circular em dupla hélice e podem apresentar estruturas como membrana plasmática, cápsulas, esporos, parede celular, flagelos além dos plasmídeos, segue ao lado, figura ilustrativa.
SUPERBACTÉRIAS:
As “Superbactérias” ou bactérias multirresistentes são as bactérias que possuem resistência a vários antibióticos, fato esse que dificulta o tratamento das infecções. Esse mecanismo de resistência bacteriana pode ocorrer por diversas formas os principais são:
– Alteração na permeabilidade da membrana bacteriana;
– Alteração no sitio de atuação do antibiótico;
– Bomba de efluxo: bombeamento ativo do antibiótico para o exterior do citoplasma;
– Produção de enzimas que eliminam os antibióticos, esses mecanismo destaca-se como sendo a estratégia mais frequente observadas nas superbactérias, por esse modo trataremos com destaque esse mecanismo a seguir.
Com frequência bactérias utilizam mais de uma estratégia para evitar a ação dos antimicrobianos; assim, a ação conjunta de múltiplos mecanismos pode produzir um aumento acentuado da resistência aos antimicrobianos.
ANTIBIOTICOS E CLASSIFICAÇÃO:
Os antibióticos podem ser definidos de uma forma bem geral como compostos naturais – quando produzidos por fungos ou bactérias – ou sintéticos que são capazes de interferir no crescimento bacteriano (bacterostáticos) ou causar a morte dos mesmos (bactericidas).
Os antibióticos de origem natural e seus derivados semi-sintéticos compreendem a maioria dos antibióticos de uso clínico e podem ser classificados em β-lactâmicos (penicilinas, cefalosporinas, cabapeninas, oxapeninas e monobactamas), as tetraciclinas, os aminoglicosídeos, macrolídeos, peptídicos cíclicos (glicopeptídeos, lipodepsipeptídeos), estreptograminas, entre outros (lincosaminas, clorafenicol, rifamicinas etc). Os de origem sintética são classificados em sulfonamidas, fluoroquinolonas e oxazolidinonas
MECANISMO RESISTÊNCIA ENZIMÁTICA:
O mecanismo de resistência bacteriano mais importante e frequente é a degradação do antimicrobiano por enzimas. As β- lactamases hidrolisam a ligação amida do anel beta-lactâmico, destruindo, assim o sítio de ligação. São descritas numerosas β- lactamases diferentes. Essas enzimas são codificadas em cromossomos ou sítios extracromossômicos através de plasmídeos ou transposons, podendo ser produzidas de modo constitutivo ou ser induzido.
Nas bactérias Gram-negativas, o papel das β-lactamases na resistência é complexo e extenso. Verifica-se a presença de quantidades abundantes de enzimas; muitas delas inativam vários antimicrobianos β-lactâmicos, e os genes que codificam essas β- lactamases estão sujeitos a mutações que expandem a atividade enzimática e que são transferidos de modo relativamente fácil. Além disso, as β-lactamases de bactérias Gram-negativas são secretadas no espaço periplasmático, aonde atuam em conjunto com a barreira de permeabilidade da parede celular externa, produzindo resistências clinicamente significativas a antimicrobianos.
– β-lactamases de espectro estendio (ESBLs):
São enzimas que hidrolisam a maioria dos β-lactâmicos poupando apenas as cefaminas (como cefoxitina) e carbapenêmicos. A epidemiologia de ESBLs entre Enterobacteriaceae mudou recentemente com a disseminação difundida de enzimas do tipo CTX-Ms nas espécies de Escherichia coli. Em qualquer lugar do mundo, a CTX-Ms representa a maioria das ESBLs, a ponto de sua difusão ser qualificada como pandêmica. Eles estão igualmente isolados em ambientes comunitários e hospitalares e parecem ser endêmicos em instituição de cuidados de longo prazo. A crescente prevalência de ESBLs no ambiente da comunidade cria um problema sem precedentes.
– Carbapenemases:
São enzimas capazes de hidrolisar todos os β-lactâmicos (penicilinas, cefalosporinas, aztreonam, carbapenêmicos), classe de antimicrobianos mais diversificada e largamente utilizada. Ressaltando ainda, que nestes casos, aminoglicosídeos e fluoroquinolonas apresentam, muitas vezes, sensibilidade diminuída, deixando a antibioticoterapia bastante reduzida.
Dentre essas carbapenemases, a β-lactamases KPC (classe A) espalhou-se pelo mundo na década de 2000. Depois disto, também se tem observado a expansão das metalo-β-lactamases (MBL) do tipo IMP, VIM e NDM (Classe B), bem como das OXA-48 (Classe D). Estas são principalmente detectadas em ambientes hospitalares e são responsáveis pela maior parte das infeções nasocomiais e causam um grande problema em termos de saúde global, especialmente pelo fato da sua presença ser difícil de detectar. Lembrando que a identificação dessa enzima interfere diretamente no tratamento do paciente.
Em decorrência desse grande problema de saúde publica e preocupação com os pacientes a Laborclin em parceria com a Centerlab tem a satisfação de apresentar a todos nossos clientes, parceiros e profissionais de saúde uma grande inovação no diagnóstico dessas enzimas através dos testes NG-CARBA 5, MCR e CTX-M.
Tratam-se de testes Imunogromatográficos com detecção dessas enzimas a partir da colônia bactéria ou hemoculturas com resultados em 15 minutos e com excelente correlação ao PCR (Reação de Polimerase em Cadeia), com pouca necessidade de treinamento, não sendo necessária a utilização de equipamentos e eliminando custos de manutenção. Além disso os kits estáveis à temperatura ambiente.
Nosso intuito com esse informativo é alertar aos profissionais de saúde e hospitais apresentando inovações e tecnologias disponíveis para um diagnóstico preciso, rápido e eficaz auxiliando assim o tratamento dos pacientes. Para se aprofundar nos estudos recomendamos uma leitura mais ampla e completa dos tópicos em questão.
Referências:
– https://www.laborclin.com.br/wp-content/uploads/2019/10/646001-NG-TEST-CARBA-5-KIT-20T.pdf
– https://www.laborclin.com.br/wp-content/uploads/2019/12/646005-%E2%80%93-NG-TEST-CTX-M-%E2%80%93-KIT-20T.pdf
– https://www.laborclin.com.br/wp-content/uploads/2019/12/646002-NG-TEST-CTX-M-MULTI-KIT-20T.pdf
– https://www.laborclin.com.br/wp-content/uploads/2019/09/NG_CARBA.pdf
– https://www.youtube.com/watch?v=oicMSk4dmsk
– https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2018/outubro/22/18_Tatiana_Estrela.pdf
– https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=5664:folha-informativa-resistencia-aos-antibioticos&Itemid=812
– http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-40422010000300035
– https://pt.wikipedia.org/wiki/Bact%C3%A9rias
– http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/UuBDHbHjev9rGKV_2013-6-21-11-52-49.pdf
– http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/rede_rm/cursos/rm_controle/opas_web/modulo3/mec_enzimatico.htm
– http://www.ciencianews.com.br/arquivos/ACET/IMAGENS/Noticias_ACET/noticia_1_carbapenemases.pdf