Gasometria: Importância na Avaliação de Pacientes Críticos

Gasometria: Importância na Avaliação de Pacientes Críticos

A gasometria é um exame que tem a finalidade de detectar distúrbios de ordem metabólica ou respiratória através da avaliação do pH e das pressões parciais de O₂ e CO₂ em uma amostra de sangue. Geralmente, quando se está interessado em uma avaliação da função pulmonar (nível de oxigenação dos tecidos, trocas gasosas) utiliza-se o sangue arterial; se o objetivo for avaliar a parte metabólica, realiza-se uma gasometria venosa.

 O QUE É?

A gasometria deve ser pedida para ajudar a diagnosticar e monitorar doenças pulmonares, metabólicas ou renais que possam causar desequilíbrio ácido-base ou dificuldades respiratórias. A gasometria arterial por si só não fornece informações suficientes para diagnosticar uma doença, mas ajuda a determinar se um paciente tem ou não necessidade de suplementação de oxigênio.

O exame se refere à determinação de quatro parâmetros principais em amostras de sangue total arterial ou venoso: pH – potencial hidrogeniônico, pO₂ – pressão parcial de oxigênio, pCO₂ – pressão parcial de gás carbônico e HCO₃- – concentração do ânion bicarbonato. O pH é o logaritmo negativo da concentração de íons hidrônio (H₃O+); a pO₂ é a quantidade de moléculas de oxigênio dissolvidas no sangue e a pCO₂ é a quantidade de moléculas de gás carbônico dissolvidas no sangue, estas duas últimas expressas na forma de pressão parcial.

PARÂMETROS

Para entender como os parâmetros se comportam é necessário saber como funciona o sistema de tamponamento sanguíneo e como ele é regulado. O sangue é um sistema tamponado, o que significa que o seu pH é menos suscetível a mudanças. O tampão que constitui o sangue é o tampão bicarbonato. Trata-se de um sistema aberto regulado através do processo de respiração.

A produção de energia pelas células do corpo consome oxigênio e produz dióxido de carbono. O oxigênio é absorvido nos pulmões e transportado pelo sangue ligado à hemoglobina nas hemácias para todo o corpo. O dióxido de carbono produzido é transportado e dissolvido no plasma para os pulmões, onde é eliminado. Parte do dióxido de carbono dissolvido no plasma se combina com a água, formando ácido carbônico (H₂CO₃), que se dissocia e permanece em equilíbrio com bicarbonato de sódio. O ácido carbônico e o bicarbonato de sódio formam o principal tampão do corpo, um sistema químico que atenua as variações de pH, evitando a acidose ou a alcalose.

• Acidose: ocorre quando o pH sanguíneo é menor que o valor inferior do intervalo de referência.

• Alcalose: ocorre quando o pH sanguíneo é maior que o valor superior do intervalo de referência.

A manutenção do pH dos líquidos orgânicos depende do equilíbrio entre a quantidade de ácidos e bases produzidos. Essa regulação depende da ação conjunta dos sistemas tampões, dos pulmões e dos rins. O mau funcionamento de qualquer um desses sistemas de regulação pode produzir ou agravar as alterações do equilíbrio ácido-base do organismo.

Para determinar qual é a origem destas desordens é necessário avaliar dois parâmetros, pCO₂ e HCO₃-:

• Origem metabólica: quando a alteração do pH está relacionada a mudanças no HCO-

• Origem respiratória: quando a alteração no pH está associada a mudanças no pCO

tabela Kasvi

(Tabela site Kasvi)

Parâmetros normais da Gasometria:

• pH = 7,35 – 7,45
• pCO₂ = 35 – 45 mmHg
• HCO₃ = 22 – 26 mEq/L
• AG * = 6 – 12 mEq/L

*O Ânion Gap (AG) representa os ânions não quantificáveis no sangue, como o lactato. Os ânions quantificáveis são: HCO₃- e Cl-.

GASOMETRIA EM PACIENTES COM COVID-19

Um recurso que tem se mostrado fundamental para avaliação da condição e para o tratamento dos pacientes com Covid-19, é o exame de gasometria.

Muito usado em situações críticas de insuficiência respiratória, é uma solução importante para análise e para o gerenciamento dessa condição.

A fase inicial da infecção é de viremia, em que o vírus se dissemina pelo organismo, causando uma série de sintomas clínicos – como temperatura acima de 37,5, tosse seca, diarreia e dor de cabeça.

No segundo estágio, a fase pulmonar, se inicia em uma resposta inflamatória marcada por dispneia, respiração curta e hipoxemia caracterizada por dessaturação na oximetria de pulso. Perante gasometria arterial, pode ser observado que a relação entre pO₂ (pressão parcial arterial do gás) e FiO₂ (fração inspirada de oxigênio) cai para menos de 300.

Nessas situações, se instala o quadro denominado Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo (SDRA), que pode se associar também a um quadro inflamatório sistêmico. Em algumas situações, o quadro pode evoluir para falência cardíaca e instabilidade hemodinâmica.

A ventilação mecânica é a base do tratamento intensivo da SDRA causada pelo SARS-CoV-2. Embora seja vital para dar suporte à função respiratória, este tratamento pode também promover danos aos pulmões (Lesão Pulmonar induzida pela Ventilação Mecânica). Por isso, o controle de pH, pO₂ e pCO₂ e Saturação de Oxigênio (SO₂) dos pacientes auxiliam os profissionais de saúde a realizarem as configurações e ajustes adequados aos ventiladores mecânicos para avaliar a eficácia do tratamento.

PRONAÇÃO PARA TRATAMENTO DA COVID-19

A pronação ou posição de prona é uma manobra utilizada para combater a hipoxemia nos pacientes com SDRA. O procedimento é utilizado em unidades de terapia intensiva (UTI) desde os anos 1970. Em março de 2020 foi recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para tratamento de casos da Covid-19 em Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Desde então, pacientes de bruços nos leitos de enfermarias e UTI dos Hospitais do Brasil e do mundo se tornaram comuns.

A técnica consiste em posicionar o paciente em decúbito ventral (bruços), que resulta em uma distribuição mais uniforme do estresse e da tensão pulmonar, pois melhora a relação ventilação/perfusão que fazem parte da mecânica pulmonar. Assim, contribui para a redução da duração da ventilação mecânica e da taxa de mortalidade avaliada de 28 a 90 dias.

Na posição prona há melhora dos parâmetros respiratórios, facilitando a abertura de alvéolos pulmonares que não participavam da respiração em posição supina (dorso), proporcionando melhores trocas gasosas. A posição deve ser utilizada precocemente, preferencialmente nas primeiras 48 horas em pacientes com SDRA, e quando adotada, deve ser mantida por pelo menos 16 horas, antes de retornar o paciente para a posição supina (ventral ou de barriga voltada para cima).

A gasometria deve ser realizada após 1 hora em posição prona para avaliar se o paciente responde ou não a esta estratégia. Caso seja considerado como respondedor (aumento de 20 mmHg na relação PaO₂/FiO₂ ou de 10 mmHg na PaO₂), o posicionamento deve ser mantido. Enquanto o paciente estiver em pronação as análises de gasometria devem ser realizadas a cada 4 ou no máximo 6 horas para monitorar e efetividade do tratamento.

Para a realização da manobra para a posição prona é preciso ter uma equipe de assistência treinada e capacitada para realizar com exatidão todos os procedimentos necessários e avaliação constante dos resultados de troca gasosa do paciente.

Análise laboratorial da Hemostasia

Análise laboratorial da Hemostasia

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Análise laboratorial da Hemostasia

O TAP (RNI) e o TTPA são exames que se destacam entre os inúmeros testes laboratoriais para análise da hemostasia, pois através deles é possível avaliar as vias extrínseca e intrínseca da coagulação.

O coagulograma (grupo de exames para análise da hemostasia) é solicitado principalmente antes de cirurgias, para que seja avaliado o risco do paciente sofrer hemorragias durante o procedimento. No entanto, também pode ser solicitado pelo médico em outras situações, como: Risco de trombose, picada de animais peçonhentos e no acompanhamento de pessoas que fazem uso de anticoagulantes como Heparina e Varfarina.

Embora alguns dos exames para análise da hemostasia possam ser realizados manualmente ou com uso de aparelhos semiautomáticos, a automação total nessa área vem se tornando cada vez mais importante. Além de melhorar a qualidade, no que se diz respeito à precisão e velocidade dos resultados, outros pontos vêm se tornando cada vez mais essenciais na rotina laboratorial, tais como: aumento da capacidade operacional, menor volume de amostra a ser coletada, eliminação de atividades desnecessárias e a combinação das atividades em processos únicos. Todas essas melhorias contribuem muito para simplificação e padronização dos processos laboratoriais.

Existem condições do paciente que podem interferir tecnicamente na realização dos testes de hemostasia bem como na interpretação dos resultados, dentre elas pode-se citar a dieta alimentar, atividade física, influência hormonal, variação circadiana, medicamentos e estresse mental.

Ainda sobre condições que podem interferir nos resultados dos exames de hemostasia, é importante elucidar sobre influências pré-analíticas tais como: uso inadequado do material de coleta, proporção sangue/anticoagulante não respeitada, homogeneização da amostra, lipemia, icterícia, hemólise entre outras.

Coleta da amostra
O anticoagulante apropriado para a maioria dos testes de hemostasia é o citrato de sódio dihidratado 3,2% ou 0.109M na proporção de 1:9 (anticoagulante:sangue). Observar o volume correto de sangue nos tubos após a coleta, a maioria dos tubos tem marcas indicado o volume mínimo e máximo de sangue.

Ordem da coleta
Estudos demonstram que os resultados do tempo de protrombina (TAP), International Normalized Ratio (RNI), e o tempo de tromboplastina parcial ativado (TTPA) não sofrem interferência se avaliados no primeiro tubo coletado, sem a necessidade da coleta prévia de um tubo de descarte. Esses estudos não comprovaram a hipótese de que amostras para os ensaios rotineiros de coagulação deveriam ser obtidas após a coleta do tubo de descarte. No entanto, se na solicitação houver fatores de necessário a coleta de um tubo de descarte antes do tubo de citrato, se este for o primeiro tubo, para evitar interferências da tromboplastina tecidual.

Coleta da amostra

Ao realizar a coleta com sistema de escalpe, sendo o tubo para testes de coagulação o primeiro a ser coletado, deve-se utilizar o tubo de descarte. O uso do tubo de descarte tem por finalidade preencher o esp aço “morto” do escalpe, para garantir a proporção adequada do anticoagulante em relação ao sangue total. Para fins de descarte, utilize um tubo para coagulação ou sem qualquer aditivo.

Sequência de coleta para tubos plásticos pela CLSI H3-A6
1. Frascos para hemocultura;
2. Tubos com citrato de sódio (tampa azul);
3. Tubos para soro com ativador de coágulo, com ou sem gel separador para obtenção de soro (tampa amarela e/ou vermelha);
4. Tubos com heparina (tampa verde);
5. Tubos com EDTA (tampa roxa);
6. Tubos com fluoreto/EDTA (tampa cinza).

Diante desse cenário, a Centerlab em parceria com a Werfen apresenta uma revolução nos testes de hemostasia. Os sistemas ACL TOP Family Série 50 oferecem o gerenciamento de automação e qualidade mais avançado em testes de hemostase. Ideal para testes de hemostasia de rotina e especialidade, incluindo ensaios de coagulação, cromogênicos e imunológicos em laboratórios clínicos de médio a alto volume.

Automação do analisador
– Reagentes com código de barras;
– Monitoramento onboard contínuo de estabilidade dos reagentes;
– Execução automática de frequência QC.
– Capacidade de repetição e de testes reflexivos;
– Relatório totalmente automatizado de ensaios de fatores com paralelismo;
– Auto-verificação e upload dos resultados;
– Trabalha com tubo fechado perfurando a tampa (modelos CTS).

Operação Contínua
– Carregamento e descarregamento contínuos de amostras e reagentes através de racks sem interrupção de sistema;
– Carregamento de cuveta e eliminação de resíduos ininterruptos.

Manutenção Simples
– Manutenção diária, solicitada pelo sistema, em menos de 5 minutos;
– Notificação de “manutenção em atraso” para alertar o usuário;
– Solução de problemas e diagnósticos de instrumento remotos via web em tempo real (opcional).

Parada programada rápida
– Até 360 TP/h;
– Resultados de TP em standby dentro de aproximadamente 3 minutos;
– Amostras carregadas em qualquer rack, em qualquer posição, a qualquer momento, incluindo STAT.

Verificação automatizada pré-analítica de integridade de amostra
– Detecta interferência de Hemólise, Icterícia e Lipemia (HIL);
– Valores que ultrapassam o limite específico do ensaio são sinalizados;
– Pré-configurado para limites pré-validados com personalização opcional;
– Detecta problemas com volume de amostra do tubo;
– Sinaliza aspiração anormal de amostra, solicitando ao usuário que verifique a curva de formação de coágulos.

Ferramentas avançadas de suporte para acreditação e qualidade
– O conjunto mais abrangente de ferramentas de rastreamento de auditoria disponível;
– Informação disponível de hora, data e operador para todas as funções e atividades do analisador;
– Manutenção, controle de qualidade, calibração e relatório de temperatura;
– Relatórios de auditoria abrangentes e seguros com um clique.

Verdadeira Padronização
Todos os modelos oferecem resultados de mesma qualidade, portfólio de reagentes abrangente, software intuitivo, recursos eusabilidade, além das mesmas verificações pré-analíticas automatizadas para desempenho e flexibilidade superiores em todo o processo de teste.

Completamente padronizado para automação e qualidade avançadas

Ideal para laboratórios de médio e grande volumes, incluindo sistemas de automação laboratoriais integrados – ensaios de rotina e de testes especiais.

ACL TOP ACL TOPACL Top 350

 

Referências:
– Laboratório de Hemostasia – Gestão da fase pré-analítica: Minimizando erros – Ministério da Saúde.
– Recomendações da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial para coleta de sangue venoso – 2. ed. Barueri, SP : Editora Manole, 2010
– Exames Laboratoriais para Análise da Hemostasia
– Portal educação. Disponível em: <https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/enfermagem/exames-laboratoriais-para-analise-da-hemostasia/11334> acesso em 22/07/2019.
– Folder ACL Top –Família série 50. Werfen Medical.
– Avaliação laboratorial da hemostasia. Dayse Maria Lourenço. Tratado de hematologia. Cap. 60. Pág 583-590.
– Automação Laboratorial em Coagulação. Centerlab News – informativo técnico-científico. Nº 109. Setembro 2018.
– https://newslab.com.br/conheca-o-que-ha-de-mais-novo-e-eficiente-no-segmento-pre-analitico/ (Acesso 22/10).