Garantir a saúde e o bem-estar dos animais de estimação é uma preocupação para boa parte dos brasileiros, por isso, os exames laboratoriais estão ganhando cada vez mais importância dentro da medicina veterinária
Os animais de estimação muitas vezes são considerados membros da família e, por isso, aqueles que cuidam dos bichinhos não poupam na hora de garantir a saúde e bem-estar de seus pets. Prova disso é que o mercado pet, no Brasil, encontra-se em franca expansão. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), esse segmento faturou mais de R$ 18 bilhões no país, em 2017, tornando-se o terceiro mercado no mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos e Reino Unido.
Neste contexto, como forma de garantir a saúde dos animais e mais precisão nos diagnósticos, as análises laboratoriais acabaram se tornando uma das grandes aliadas na clínica médica e cirúrgica, seja para animais de pequeno ou de grande porte. Segundo o farmacêutico bioquímico Márcio Pacheco de Andrade, diagnosticar doenças em animais pode ser um desafio para os médicos veterinários, uma vez que é mais difícil detectar seus sintomas. Por isso, para garantir um diagnóstico seguro, a realização de exames é importante para que o médico veterinário confirme suas suspeitas.
Treinamento necessário
O laboratório de análises clínicas veterinárias é semelhante ao laboratório utilizado para os exames realizados em humanos. Os profissionais que atuam na área também não são diferentes daqueles encontrados nos laboratórios convencionais. São biomédicos, biólogos, bioquímicos e médicos veterinários, entre outros. Entretanto, é necessário que este profissional tenha um conhecimento específico. Principalmente porque as amostras que chegam a esses laboratórios são de várias espécies (cães, gatos, aves etc.), cada uma com sua particularidade.
“Um laboratório convencional já tem toda a infraestrutura necessária para a realização das análises clínicas veterinárias. Entretanto, o profissional deve estar preparado. Para que as demandas destes novos clientes sejam atendidas, é necessário um investimento mínimo, mas que vai gerar um retorno maior. O profissional precisa estudar, sair da zona de conforto e estar em diálogo constante com o veterinário“, alerta Márcio Andrade.
O farmacêutico bioquímico também explica que, para que um laboratório passe a realizar exames em animais, é preciso seguir as condições legais determinadas pela Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE). Além disso, o laboratório deve se ater às normas vigentes do Estado que determinam onde as coletas podem ser feitas dentro do laboratório (alguns Estados exigem que as coletas sejam realizadas em salas separadas, por exemplo).
Clínica humana X clínica veterinária
Assim como nos exames realizados em humanos, os exames em animais também são realizados a partir do pedido de um médico, no caso, o veterinário. Normalmente, os exames mais solicitados são aqueles de rotina, como hemograma, dermatológico, bioquímica, uroanálise e parasitologia.
A metodologia também não é diferente. Segundo Márcio Andrade, o que pode mudar são os valores de referência. “Há muitos mitos a respeito dos exames em animais. Um deles é o de que os aparelhos de hemograma podem entupir ou estragar, caso a amostra seja de animais. Mas isso não é verdade. A realidade é que as análises clínicas humanas e veterinárias são bem parecidas, mas é preciso ter cuidado com as regras e normas de funcionamento dos laboratórios, e o profissional precisa estudar muito para estar preparado para executar esses exames”, ressalta.
Um problema comum são as reclamações vindas das clínicas sobre os resultados entregues pelo laboratório. O que acontece é que boa parte desses erros se concentram na fase de coleta, manuseio e transporte de material.
Fonte: Labtest