A tuberculose é uma doença infecciosa transmissível, que afeta principalmente os pulmões, causada pelo Mycobacterium tuberculosis, também conhecido como bacilo de Koch. A doença pode afetar outros órgãos que não o pulmão, sendo mais comum esta forma em pacientes HIV positivos.
A tuberculose no mundo
A doença é um importante problema de saúde no mundo. Com os desafios do fornecimento e acesso aos serviços essenciais devido à pandemia do Covid-19, ocorreu um regresso no combate à tuberculose: houve subnotificação de novos casos, e o número de mortes aumentou pela primeira vez em mais de uma década.
Em 2020 o número de casos diagnosticados e notificados da doença caiu de 7,1 milhões para 5,8 milhões, enquanto as mortes chegaram ao total de 1,5 milhão de pessoas.
As projeções da OMS sugerem que em 2021 e 2022 ocorram ainda mais mortes por tuberculose que em 2020.
Como ocorre a transmissão da tuberculose?
A transmissão ocorre principalmente através de partículas infectantes (gotículas de saliva contendo o patógeno) suspensas no ar, que foram espalhadas através da tosse, espirro e fala de um paciente contaminado com tuberculose pulmonar.
Através da respiração, os bacilos chegam aos alvéolos pulmonares, onde cerca de 10 a 20% das pessoas desenvolvem a doença.
Quais são os sintomas da tuberculose
A tosse com expectoração por mais de 3 semanas é o principal sintoma da tuberculose, e pode ser acompanhada de demais sinais clínicos como febre, suor noturno, falta de apetite, cansaço, falta de ar e emagrecimento rápido. O escarro pode ser sanguinolento caso a lesão pulmonar atinja vasos sanguíneos.
Fatores de risco
Além de fatores relacionados ao sistema imunológico, condições sociais também estão entre fatores ligados ao adoecimento pela tuberculose.
Para o grupo de risco, é recomendado que toda pessoa que apresente tosse (independente do tempo) e/ou radiografia que sugira tuberculose, realize exames investigativos para a doença.
Para o diagnóstico da tuberculose, primeiramente é realizada análise do quadro clínico. Algumas indicações apontam como certo o resultado, como tosse por mais de 2-3 semanas associada a outros sintomas, fatores de risco associados aos sintomas, infecção por HIV e tosse e febre sem razão aparente, fator de risco associado a diagnóstico de pneumonia sem melhora após sete dias do início do tratamento.
Para a confirmação do diagnóstico, o médico deve solicitar exames, como:
- Radiografia do tórax, para verificar possíveis alterações;
- Baciloscopia (BAAR), para identificar a presença de bacilos álcool-ácido-resistentes, característicos do bacilo de Koch;
- Cultura para micobactéria;
- Teste molecular para confirmação do patógeno e identificação de possíveis resistências a antibióticos.
A radiografia, junto a baciloscopia e teste de cultura, ou teste molecular, costumam ser realizadas em todos os casos suspeitos de tuberculose pulmonar.
A baciloscopia é um exame de microscopia, com esfregaço em lâmina de amostra de escarro. É considerado obrigatório no diagnóstico da tuberculose pulmonar, pois além de ser um método simples, rápido e de baixo custo, identifica a presença dos bacilos, que são fonte principal da transmissão da doença. Segundo estimativas do Ministério da Saúde, em torno de 70% dos pacientes com tuberculose pulmonar apresentam níveis altíssimos de bacilos no escarro.
Como a baciloscopia somente identifica a presença de bacilos, e não confirma o patógeno como bacilo de Koch, é importante a realização de outro exame que confirme o bacilo presente como sendo o M. tuberculosis. Para isso, é possível realizar exame de cultura de micobactéria, ou exame de identificação molecular.
O exame de cultura de micobactéria é considerado padrão ouro no diagnóstico de tuberculose até o momento, tendo como vantagem o baixo custo, porém como desvantagem está a demora no resultado, que pode variar de poucos dias até oito semanas.
O exame molecular vem complementando o exame de cultura ao longo do tempo. É considerado um teste rápido, por apresentar o resultado em poucas horas, sensível e específico. É realizado através de técnica de reação da cadeia em polimerase (PCR), a qual por meio de extração, amplificação e detecção do material genético da amostra vai identificar ou não a presença do M. tuberculosis. Pode também, além de identificar o patógeno, identificar mutações características de resistência aos principais fármacos, de primeira e segunda linha, utilizados no tratamento da tuberculose.
Tratamento
O tratamento para tuberculose está disponível pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e tem duração mínima de seis meses. Idealmente o tratamento é realizado em regime de Tratamento Diretamente Observado (TDO), em que um profissional da saúde acompanha o paciente durante o tratamento.
Geralmente são utilizados quatro fármacos no tratamento da tuberculose: rifampicina, isoniazida, pirazinamida e etambutol. Caso seja identificada alguma resistência aos medicamentos, cabe ao médico indicar fármacos mais adequados a cada situação.
Como prevenir?
Existem algumas formas de prevenir a tuberculose, como o tratamento de infecção latente, a qual previne o desenvolvimento da infecção ativa, o controle da infecção, para evitar possíveis contágios, e a principal, a vacina BCG.
A vacina BCG está disponível pelo SUS e deve ser dada em crianças ao nascer, ou antes de completar 5 anos. A BCG protege a criança contra as formas mais graves da doença, como meningite tuberculosa e tuberculose miliar.
Fonte: Kasvi