O papel dos testes rápidos na saúde de pets idosos: como identificar problemas antes que eles se agravem

O papel dos testes rápidos na saúde de pets idosos: como identificar problemas antes que eles se agravem

Cuidar de um pet idoso é uma tarefa que exige atenção e carinho redobrados. Assim como nós, os animais envelhecem e ficam mais propensos a desenvolver doenças crônicas. Diagnosticar esses problemas precocemente é essencial para oferecer qualidade de vida e evitar complicações graves. 

Os testes rápidos estão se tornando aliados poderosos. Com tecnologias acessíveis e precisas, eles ajudam tutores e veterinários a identificar sinais de alerta antes que os sintomas se agravem. Aqui, vamos abordar o papel desses testes no cuidado de pets idosos e como eles podem transformar a saúde animal. 

Por que os pets idosos precisam de cuidados especiais? 

Os animais de estimação envelhecem mais rapidamente que os humanos. Dependendo da espécie e raça, um pet pode ser considerado idoso a partir dos 7 anos de idade. Com o avanço da idade, o corpo passa por mudanças que afetam a saúde, como: 

  • Diminuição da capacidade renal. 
  • Alterações no metabolismo da glicose. 
  • Desgaste das articulações e músculos. 

Essas mudanças aumentam o risco de doenças crônicas, como insuficiência renal, diabetes e artrite. No entanto, muitos desses problemas podem ser tratados, especialmente quando detectados precocemente. 

O que são testes rápidos para pets? 

Os testes rápidos são ferramentas diagnósticas que fornecem resultados em minutos. Eles detectam marcadores de doenças no sangue, urina ou saliva do animal, auxiliando o veterinário na tomada de decisão rápida. 

Ao contrário de exames laboratoriais que podem demorar dias, os testes rápidos permitem intervenções imediatas, muitas vezes no mesmo momento da consulta. 

 Doenças comuns em pets idosos e como os testes rápidos ajudam 

  1. Insuficiência renal

A insuficiência renal é uma das principais causas de mortalidade em cães e gatos idosos. Ela ocorre quando os rins não conseguem filtrar as toxinas do organismo de forma eficiente. 

Sinais de alerta: 

  • Aumento da sede. 
  • Perda de apetite. 
  • Urina mais frequente ou em menor volume. 

Como os testes rápidos ajudam:
Testes de creatinina e ureia podem detectar alterações nos rins em estágio inicial. Isso permite ajustar a dieta do pet e iniciar tratamentos antes que o quadro se torne irreversível. 

  1. Diabetes

Assim como em humanos, a diabetes é comum em pets idosos, especialmente em gatos obesos e cães de raças predispostas. 

Sinais de alerta: 

  • Sede excessiva. 
  • Perda de peso repentina. 
  • Urinar em locais incomuns. 

Como os testes rápidos ajudam:
Testes de glicemia realizados no consultório identificam níveis elevados de açúcar no sangue. Com isso, o veterinário pode recomendar mudanças alimentares e, se necessário, o uso de insulina. 

  1. Artrite

A artrite é uma condição dolorosa que afeta as articulações, reduzindo a mobilidade e o bem-estar do pet. 

Sinais de alerta: 

  • Dificuldade para subir escadas ou caminhar. 
  • Rigidez ao se levantar. 
  • Redução na vontade de brincar. 

Como os testes rápidos ajudam:
Testes que detectam marcadores inflamatórios indicam se há inflamação nas articulações. Isso permite iniciar terapias com medicamentos ou suplementos antes que o animal sofra limitações severas. 

 Benefícios dos testes rápidos no cuidado de pets idosos 

Os testes rápidos oferecem vantagens que tornam o diagnóstico precoce mais acessível e eficiente. Entre os principais benefícios estão: 

  • Rapidez nos resultados: o diagnóstico pode ser feito na própria consulta, sem a necessidade de espera. 
  • Menos estresse para o pet: por serem simples e rápidos, esses testes reduzem o desconforto e a ansiedade dos animais. 
  • Prevenção de complicações: identificar doenças no início aumenta as chances de sucesso no tratamento. 
  • Redução de custos: tratar doenças precocemente é mais econômico do que lidar com complicações avançadas. 

 Como monitorar a saúde de pets idosos regularmente? 

Além dos testes rápidos, é importante adotar uma rotina de cuidados preventivos. Aqui estão algumas dicas para manter o bem-estar do seu pet idoso: 

  1. Consultas regulares ao veterinário: o ideal é levar seu pet para um check-up a cada seis meses. 
  1. Dieta adequada: alimentos específicos para pets idosos ajudam a prevenir problemas de saúde. 
  1. Atividade física moderada: exercícios leves mantêm as articulações saudáveis e evitam o ganho de peso. 
  1. Monitoramento em casa: fique atento a mudanças de comportamento, apetite e hábitos do pet. 

 O futuro dos testes rápidos na saúde veterinária 

A tecnologia continua avançando, e os testes rápidos estão se tornando cada vez mais acessíveis e precisos. No futuro, podemos esperar: 

  • Integração com dispositivos móveis: resultados de testes poderão ser enviados diretamente para aplicativos, facilitando o monitoramento. 
  • Automação: equipamentos modernos reduzirão ainda mais o tempo necessário para análises. 
  • Maior diversidade de doenças testadas: novos marcadores permitirão diagnosticar uma gama ainda maior de condições em pets. 

 Diagnósticos rápidos, vidas mais longas 

Os testes rápidos estão transformando a saúde de pets idosos. Com eles, é possível identificar problemas como insuficiência renal, diabetes e artrite antes que se agravem, garantindo mais qualidade de vida aos nossos amigos de quatro patas. 

Cuidar de um pet idoso é um ato de amor. Com a ajuda da tecnologia e da atenção dos tutores, esses animais podem envelhecer com saúde e conforto.

Referencia:
– Blog da Celer

Resistência Antimicrobiana: Patógenos que Afetam a Saúde Animal

Resistência Antimicrobiana: Patógenos que Afetam a Saúde Animal

Resistência Antimicrobiana: Patógenos que Afetam a Saúde Animal

A resistência antimicrobiana ocorre quando microrganismos como bactérias e fungos desenvolvem a capacidade de derrotar as drogas destinadas a matá-los, os antibióticos, e continuam a se desenvolver. Muito debatida na saúde humana, a resistência antimicrobiana de alguns patógenos também pode afetar a saúde dos animais e, consequentemente, das pessoas e até mesmo do ambiente (solo e água).

ONE HEALTH: CONCEITO DE SAÚDE ÚNICA

One Health é uma abordagem que reconhece que a saúde das pessoas está intimamente ligada à saúde dos animais e ao nosso ambiente compartilhado. O termo trata de questões ligadas à saúde, epidemiologia e adoção de políticas públicas efetivas para prevenção e controle de enfermidades, trabalhando nos níveis local, regional, nacional e global. One Health não é novo, mas se tornou mais importante nos últimos anos. Isso ocorre porque muitos fatores mudaram as interações entre pessoas, animais, plantas e nosso meio ambiente.

À medida que o mundo de hoje se torna cada vez mais conectado, a necessidade de aplicar efetivamente o conceito One Health só aumenta. Não só para proteger pessoas e animais de doenças, mas também para impedir rupturas econômicas que podem acompanhar esses surtos de doenças. Isso significa realizar vigilância, planejar atividades de resposta a surtos e criar estratégias de prevenção de doenças para reduzir a contaminação e mortes em pessoas e animais.

ANTIBIÓTICOS COMO PROMOTORES DE CRESCIMENTO DA RESISTÊNCIA ANTIMICROBIANA

Antimicrobianos passaram a ser significativamente usados na criação de animais para consumo na década de 50. Em 1951, o Food and Drug Administration (FDA) dos EUA liberou a sua administração na dieta animal sem receita veterinária. Desde então, além de serem aplicados no tratamento de infecções, os fármacos têm sido usados como promotores de crescimento nesses animais.

Hoje, na criação animal, há basicamente três tipos de uso de antimicrobianos. O primeiro é o terapêutico, como ocorre com o ser humano. A segunda maneira é a preventiva, como no desmame dos suínos — esse animal provavelmente vai passar por estresse, vai ter uma imunossupressão, que pode levar à infecção por várias bactérias, então se faz preventivamente o tratamento. A terceira maneira é a mais polêmica e a mais discutida na ciência, que é a administração de antimicrobianos como melhorador de desempenho. Nesse caso, o animal não tem nenhuma doença, provavelmente não vai ficar doente, e a droga é empregada com a finalidade de promover o crescimento.

As medicações antibióticas reduzem o tamanho e o peso do trato digestório, o que torna as vilosidades e as paredes intestinais mais finas, aumentando a absorção dos nutrientes. Além de manter a qualidade da flora gastrointestinal dos animais, pois controlam a flora patogênica e, assim, diminuem a disputa por nutrientes, além de reduzirem a produção de metabólitos depressores do crescimento dos animais. Esses produtos indicados com função de aditivo alimentar são chamados de antibióticos promotores de crescimento (APC), ou antibióticos melhoradores do desempenho animal.

Em 2016, cerca de 8,4 milhões de kg de antibióticos considerados importantes para uso humano foram vendidos para uso na pecuária

RESISTÊNCIA ANTIMICROBIANA E MAIOR CONTROLE DOS ANTIBIÓTICOS

A União Europeia proibiu o uso de antibióticos como promotores do crescimento em 2005 e, em 2018, proibiu o uso rotineiro de profilaxia em massa usando rações com antibióticos. Os EUA também têm implementado uma melhor regulamentação de antimicrobianos em animais de corte. Desde janeiro de 2017, a FDA tem desautorizado o uso de antimicrobianos clinicamente importantes na promoção do crescimento em animais de corte, e suas regulamentações sobre as diretrizes de alimentação veterinária têm limitado antibióticos clinicamente importantes da venda livre para criadores, para exigir controle veterinário. Alguns estados possuem regras ainda mais rígidas sobre antibióticos para animais de corte, mas nenhum se aproximou da proibição direta.

No Brasil, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) garante que o país está correndo atrás para ter um sistema de vigilância, por meio do Plano de Ação Nacional de Prevenção e Controle da Resistência aos Antimicrobianos no âmbito da Agropecuária (PAN-BR AGRO), cujo prazo previsto para implementação vai de 2018 a 2022.

Em dezembro de 2018, a Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA), ligada ao MAPA, por meio da Portaria Nº 171, informou sobre a intenção de proibição de alguns antimicrobianos com a finalidade de aditivos melhoradores de desempenho, abrindo prazo para manifestação dos setores envolvidos. Dentro os antimicrobianos utilizados estariam os que contém bacitracina, lincomicina, tiamulina, tilosina e virginiamicina em todo o território nacional. Essa decisão segue as recomendações de órgãos internacionais, como a Organização Mundial da Saúde (OMS), e as práticas adotadas por demais países, como os EUA, que proibiram a administração de qualquer antibiótico de importância para a medicina humana na produção de animais, mesmo na forma terapêutica.

CONSEQUÊNCIAS DO USO EXCESSIVO DE ANTIBIÓTICOS NA PRODUÇÃO ANIMAL

O uso contínuo dos APCs na produção animal diminuiu gradativamente os efeitos dos medicamentos, aumentando a resistência antimicrobiana, o que levou à necessidade de doses mais altas e à total dependência do uso desses medicamentos em algumas cadeias produtivas, especialmente as de suínos e aves.

Esse fato culminou no aparecimento de bactérias resistentes aos antibióticos, o que se torna um problema quando é preciso utilizá-los para o tratamento de infecções e doenças nos plantéis (animais de reprodução). Mas não é só isso. O assunto também afeta a saúde pública, motivo pelo qual se tem buscado a redução ou a eliminação de APCs na nutrição animal.

Há alguns anos, pesquisadores descobriram o gene resistente mcr-1 em plasmídeo de Escherichia coli de suínos e muitos estudos indicam a possibilidade de esse gene ser transferido para a flora gastrointestinal de humanos que consomem produtos de origem animal. Por causa disso, desde 2016 foi proibido o uso de Colistina (Poliximina E) assim como outros da classe dos macrolídeos e da penicilina como APC, pois são amplamente usados e criticamente importantes para a saúde humana.

Uma análise feita entre 2004 e 2006 pela Anvisa em amostras de frangos congelados vendidos em 14 estados brasileiros, detectou bactérias Salmonella e Enterococcus resistentes a vários antimicrobianos. Das 250 cepas de Salmonella analisadas, por exemplo, 77% foram consideradas multirresistentes.

MAS COMO ESSE MATERIAL GENÉTICO RESISTENTE PASSA DOS ANIMAIS PARA OS HUMANOS?

O caminho de “transmissão” de microrganismos resistentes ainda é desconhecido e muito estudado. Primariamente, acredita-se na transmissão fecal-oral. Microrganismos intestinais podem contaminar, diretamente, carne ou outros produtos animais quando o processamento dos alimentos fica aquém dos padrões ótimos. Também é importante lembrar que muitos desses antibióticos são excretados na urina e nas fezes e chegam ao meio ambiente contaminando água a ser ingerida por humanos que bebem água não tratada ou comem vegetais crus irrigados com essa água. Outra hipótese é que esses antibióticos excretados podem causar resistência a microrganismos do meio ambiente que não são parte da flora intestinal do animal. E, devido à capacidade de transferir genes localizados em elementos genéticos móveis, esses organismos portando, esses genes móveis, podem transferir resistência a organismos completamente diferentes os quais são patógenos humanos. Outra possibilidade é que pessoas que trabalham em contato direto com animais sejam, possivelmente, colonizadas por microrganismos resistentes.

Em uma tese de mestrado, realizada na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), pesquisadores buscaram bactérias resistentes em amostras de queijo minas frescal. Todos os exemplares estudados apresentaram algum conjunto de bactérias resistentes — em 13% a resistência antimicrobiana foi constatada para todos os antibióticos testados, e em 80%, para 8 a 10 diferentes antibióticos. Foi constatada ainda resistência antimicrobiana em 87% dos queijos aos carbapanêmicos, tipo de antibiótico potente que é considerado uma das últimas alternativas na luta contra microrganismos muito resistentes.

O uso de antibióticos na nutrição animal deve ser racional e cauteloso, tendo em vista as graves consequências que o abuso pode causar tanto na saúde animal como na humana. A restrição e a proibição de diversos antimicrobianos na agropecuária direcionam os produtores a estabelecerem planos estratégicos para atingirem seus objetivos produtivos, sendo que o foco em nutrição se mostra o mais efetivo. É mais provável que medidas preventivas ajudem em curto prazo, incluindo coisas como:

  • Novas vacinas;
  • A criação seletiva de animais com maior resistência a doenças;
  • Métodos de processamento de alimentos que eliminem mais patógenos antes do ponto de venda;
  • Melhores métodos de testes, como exames por PCR multiplex, capazes de diagnosticar patógenos específicos e, assim, ajudar a distinguir a infecção viral da bacteriana e também identificar animais infectados rapidamente, para que possam ser isolados e tratados sem ter que tratar toda a manada ou grupo de animais;
  • Usar probióticos e ácidos orgânicos para a promoção do crescimento.

Fonte: Kasvi